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[Relato] O Terceiro Anel

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O TERCEIRO ANEL

Nome: Susana
Local da Ocorrência: Portugal, na escola no terceiro anel
Data da Ocorrência: 2004
Pessoas envolvidas: Susana


"Eu sou a Susana, sou portuguesa e tenho 28 anos. O relato que venho contar reporta-se ao tempo em que estava a tirar o curso. Não posso afirmar que seja altamente assustador como muitos que li aqui mas foi assustador o suficiente para mim e para quem estava comigo.

Encontrava-me a estudar Design Têxtil, no último ano, no ano civil de 2004. Este ano foi particularmente difícil em termos de exigência. As aulas iam das 9 horas da manhã até ás 17 e depois vinham as longas horas extra para ter os trabalhos prontos a tempo e horas.

Era recorrente ficarem alunos a trabalhar naquela que se denominava "a sala dos computadores", pois muitos vinham de longe, estavam hospedados em quartos ou pequenos apartamentos, longe de casa e do seu computador pessoal. Por isso, usavam os da escola após as aulas.

Eu e a minha colega e amiga Isolina (Iso, para os amigos), apesar de vivermos nas nossas casas e termos os nossos computadores, também frequentávamos a sala dos computadores à noite porque precisávamos de utilizar material pertencente à escola, como Cadernos de Tendências e revistas de Moda, que não podíamos levar para casa. E ali ficávamos nós as duas, muitas vezes sozinhas, a trabalhar até ás 21, 22 horas da noite. E foi numa dessas noites em que ficamos sozinhas que se deram uns acontecimentos estranhos.

Eu tinha a certeza que só estávamos as duas lá porque havia poucos alunos no curso de Design e as entradas e saídas eram controladas. O último a sair da sala de aula tinha de trancar a porta e entregar ao porteiro na saída. Bem como o último a sair da sala dos computadores. Quando uma aluna do Segundo ano me entregou a chave daquela sala e se despediu, eu soube que estávamos só as duas naquele piso, que os alunos dos outros cursos estavam no Terceiro anel. E não demorei a perceber que no superior também não se encontrava ninguém. Já não havia ninguém no gabinete de direcção e até as empregadas de limpeza já tinham concluído as suas tarefas.

Lá estávamos eu e a Iso a trabalhar, cada uma no seu computador. Em duas filas de cinco computadores, eu estava no primeiro a contar da frente na fila da esquerda e ela no último da fila da direita, a contar do fundo. Senti sede e disse à minha amiga que ia à nossa sala, ao lado dessa, fazer um chá (tínhamos uma máquina de café onde também podíamos aquecer água). Ela, absorvidíssima no trabalho, balbuciou um "sim, sim..." e eu saí.

Quando regressei, poucos minutos depois, ela estava com uma ar admirado. Perguntou-me se tinha chamado por ela. Eu disse que não. Ela disse que tinha ouvido alguém chamar "Isolina" num tom algo melodioso e parecia ouvi-lo perto de si. Eu disse-lhe que não tinha sido eu porque estava na outra sala e, embora fosse ao lado, jamais soaria ao chamar suave que ela descreveu pois teria de gritar. Ela ainda me disse que estava a brincar com ela, que tinha sido eu a chamar. Então eu chamei-lhe à atenção que eu jamais a chamaria pelo seu nome pois para mim ela nunca era Isolina nem tão pouco Iso, para mim era a "i".

Foi então que ela se apercebeu que, de facto, não seria eu. Rimos um pouco da situação, um riso algo nervoso, mas rapidamente regressamos ao trabalho. Uma meia hora depois, a i reclamou que tinha fome. E, para quem tinha almoçado ás 12.30h, já eram horas de comer qualquer coisa. Ofereci-me para ir lá a baixo a uma máquina que tinha sandwiches, bolos, bolachas, biscoitos, chocolates, sumos, leite e outras coisas que nos enganavam a fome. Levantei-me e pousei na mesa de trás uma pasta com papéis que tinha em cima das pernas. E lá fui eu...

O edifício daquela escola era estranho, tinha uma arquitectura esquisita. Muitos corredores frios, mármore do chão ao tecto e uma parte que mais parecia um armazém. Sabíamos que tinha sido outrora uma fábrica têxtil que ficou decadente, ardeu e muito mais tarde, a Associação de Empresários Têxteis de Portugal, construiu nesse terreno uma escola especializada na área têxtil.

Mas se o edifício já era frio e estranho de dia, à noite tornava-se assustador. Não me agradava nada a ideia de lá ir a baixo sozinha mas meti-me ao caminho. Quando fui, tudo bem... atravessei um corredor comprido e iluminado, desci umas escadas e a máquina ficava logo à esquerda. Retirei dois bolinhos e regressei, desta vez por baixo, por outro corredor, em direcção a outras escadas. Era mais escuro este caminho e não escondo que caminhava apreensiva. Quase a chegar às escadas ouvi um murmúrio. Pensei "são aulas dos cursos nocturnos ". Sabia que numa das salas de baixo, a "sala de malhas", havia cursos pós-laborais de técnicos de teares de malha.

Qual é o meu espanto quando dobro a esquina e me deparo com a porta da sala trancada e nem vestígios de alunos ou professores, nem nessa nem nas outras salas. O meu coração disparou quando me apercebo que na parte do edifício em que estava não se encontrava mesmo mais ninguém. Nisto, o meu cérebro parece que se esvaziou de pensamentos e voltei a ouvir o murmúrio imperceptível. Parecia que alguém falava mas em surdina, não dava para perceber uma só palavra.

A esta altura já estava suficientemente apavorada e apressei o passo, subindo quase a correr as escadas de mármore que pareciam não terminar nunca. Chegada ao topo, tive a sensação estranha de não estar só. E senti os meus cabelos levantar... Uma corrente de ar não poderia fazer aquilo porque os meus cabelos são muito compridos e pesados, quanto muito, oscilariam. E não havia janelas abertas... Eles levantaram mesmo, como se de uma carícia invisível se tratasse.

Corri os poucos metros que faltavam para a sala dos computadores, entrei de rompante. Tentei disfarçar o meu estado de nervos e resolvi não contar o ocorrido. Entrego o bolo à minha amiga e vou sentar-me em frente ao computador. Quando olho para a mesa de trás, não vejo a pasta que lá tinha colocado anteriormente. Pergunto à minha amiga por ela e ela diz que não mexeu. Nem viu. Olho lá para o fundo e vejo a minha pasta na última mesa da fila. Fico com a garganta seca... pergunto mais uma vez se foi ela que mexeu e ela diz que não. Vou buscar a pasta para voltar ao trabalho e neste processo, olho lá para fora...

A parede do fundo tinha janelas a todo o comprimentos com vidro fosco. Não se via perfeitamente mas dava para perceber o movimento no corredor lá fora. E eu vejo que alguém passava naquele momento. Senti-me um pouquinho mais aliviada por não estarmos completamente sozinhas naquela área da escola. Seria um aluno de um curso de Moda, talvez... Teria ficado a fazer horas extra como nós e ia para a sala dele lá em cima.

Terminado o trabalho naquele dia, arrumamos tudo, saímos, trancamos a porta e fomos embora. As sensações estranhas já se tinham dissipado e ia para casa, finalmente, descansar.

Ao chegar à portaria, como sempre, fomos assinar a nossa saída: nome, turma, ano e hora de saída. O porteiro, simpático como de costume, brincou: "Isto é que foi, hein?... São quase onze da noite. Deviam receber um prémio por serem tão aplicadas!" Nós sorrimos e eu perguntei: "Somos as últimas a sair?". E o meu coração quase caiu aos pés quando ele me responde: "São. É sexta-feira, já foi tudo embora há muito tempo. Não há viv'alma no Terceiro anel.". Quando olho para a assinatura anterior à minha e para a hora de saída, leio "19.15h"... foi a rapariga que me entregou a chave dos computadores.

O porteiro tinha razão... não havia viva alma naquele espaço. Já morta...
Depois disso, voltamos a ter sensações estranhas quando lá ficávamos e eu cheguei a ver um vulto a vaguear nos corredores lá de cima. Mas nunca mais andei sozinha por lá à noite.
Uma vez ouvi umas funcionárias a comentar que morreu gente no incêndio da fábrica que existia naquele lugar. Eu penso que espíritos desassossegados ainda frequentam a escola durante a noite..."


Observações: Caso natural de quando se diz existirem espiritos em algum local, mas tambem caso normal quando uma pessoa tem medo de estar sozinho...



Fonte: Experiencias Directas Com Factos Paranormais - O Terceiro Anel
 
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