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'Sócrates e ex-diretor da Lusa contrataram directamente cobertura das eleições'

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'Sócrates e ex-diretor da Lusa contrataram directamente cobertura das eleições'


O antigo director do Público José Manuel Fernandes acusou hoje o anterior Governo de «contratar directamente com o ex-director da Lusa» meios para «garantir a cobertura eleitoral - designadamente das actividades próximas do governo» das eleições de 2009.

Em declarações na comissão parlamentar para a Ética, a Cidadania e a Comunicação, o antigo director do jornal Público indicou que «durante as audições deste grupo de trabalho [nomeado em Agosto último pelo actual Governo para estudar e fazer uma proposta de reforma do serviço público de comunicação social] ficámos a saber, por exemplo, que o anterior poder político contratava directamente com o antigo director da agência de informação [Lusa] a cobertura e a contratação, inclusivamente de jornalistas, para garantir a cobertura eleitoral durante o período das eleições de 2009».

«Isso era feito - acrescentou José Manuel Fernandes - inclusivamente à revelia do ministério da tutela.

São coisas que nós ficámos a saber.

Talvez um dia este Parlamento se interesse por investigar melhor as coisas que se passam nas empresas públicas.

Porque muitas coisas desse género se passaram nas empresas públicas na anterior legislatura e, infelizmente, a entidade reguladora [para a Comunicação Social, ERC] encarregou-se de branquear muitas delas», acusou o jornalista.

Em declarações aos jornalistas após o encerramento dos trabalhos, José Manuel Fernandes precisou algumas das declarações anteriores, afirmando que o período a que se tinha referido «tinha a ver com as eleições de 2009, mas foi bastante antes», e que o grupo de trabalho tinha sabido durante o processo de audições que "havia uma relação directa entre o primeiro-ministro [José Sócrates] e o director da Lusa [Luís Miguel Viana], que inclusivamente passava por cima do ministro da tutela da altura, que era Augusto Santos Silva».

«Isso traduziu-se numa estratégia de contratação de meios, não sei realmente se jornalistas se não, mas meios no território português e num investimento fora de Portugal», acrescentou.

Instado a precisar se tinha havido contratação de jornalistas para o propósito específico das eleições de 2009, como antes afirmara, José Manuel Fernandes acrescentou desta feita:

«Não sei quantos jornalistas foram, tinha que ver as notas, não sei se foram jornalistas, se foram correspondentes, se foi abertura de delegações, tinha que ver as minhas notas».

O ponto, reafirmou, é que «houve uma estratégia de investimento em recursos no território nacional, que inclusivamente prejudicou investimentos fora do país», acusou.

«Investimentos em recursos humanos e técnicos para acompanhar e garantir a cobertura noticiosa, designadamente das actividades próximas do governo no período antes das eleições de 2009.

Isso foi ouvido nas audições, foi-nos contado por pessoas que foram à comissão.

Ouvimos isto», garantiu.

À Lusa, Luís Miguel Viana afirmou que «estas declarações são totalmente falsas e caluniosas».

Por isso o antigo director da Lusa diz que vai processar judicialmente José Manuel Fernandes.

Outro alegado exemplo de promiscuidade entre poder político e os órgãos de comunicação social públicos levantado na comissão e reiterado no final dos trabalhos por José Manuel Fernandes foi o do programa Reencontro, emitido pelo Canal 1 na segunda-feira à noite a partir de Luanda, com a presença do ministro-adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas, do presidente executivo da Portugal Telecom, Zeinal Bava, do presidente cessante da Central de Cervejas, Alberto da Ponte, de Carlos Feijó, chefe da Casa Civil do presidente angolano, José Eduardo dos Santos, entre outros.

«Achei estranho a essência daquele programa e levanto a questão: aquela programação é da direcção de informação ou não é?

Se não é um programa da direcção de informação, qual o papel dos jornalistas que colaboraram nesse programa?

Se é um programa da direcção de informação, como foram garantidos os critérios de independência face à montagem num país como Angola de uma operação daquelas?

Quem viu o programa, eu pessoalmente senti-me envergonhado a ver o que estava a ver na televisão», declarou José Manuel Fernandes.

«A montagem de um programa como aqueles ia ser sempre condicionada pela falta de liberdade de informação em Luanda e quem viu o programa sabe que foi isso que aconteceu», acusou o jornalista.

«Acho que aquilo ajuda a perceber porque é que todos os governos não abdicam de ter uma televisão pública, porque nenhuma televisão privada se prestava a um serviço daqueles.

É uma tentação muito grande. Pusemo-nos a jeito, como nós precisamos de dinheiro, acham que vale tudo. Eu acho que não vale tudo», rematou.


Lusa / SOL
 
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