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O ex-presidente da República Jorge Sampaio propôs hoje um sentido de «responsabilidade partilhada» visando a construção de pactos de regime e a coesão nacional, e alertou para a «repetição cíclica» dos mesmos problemas.
No seu discurso na cerimónia comemorativa do 25 de Abril de 1974 no Palácio de Belém, Jorge Sampaio defendeu que a actual situação do país obriga a «um sentido mais agudo de responsabilidade partilhada e a assumir uma vontade positiva de mudança».
«Só a partir desta nova atitude é possível construirmos os compromissos necessários, os acordos duradouros, os consensos sólidos, os pactos de regime e a coesão nacional que a gravidade desta hora exige», declarou.
Jorge Sampaio fez um diagnóstico duro dos motivos da actual situação do país, afirmando que houve «falta de visão de longo prazo» e de sustentabilidade nas decisões tomadas.
Contudo, considerou, mais grave do que os problemas actuais, «é a sua persistência» e a sua repetição cíclica, fazendo disso «uma constante histórica».
«Ficámos frequentemente felizes com o acessório e descurámos o essencial», resumiu.
No diagnóstico da situação do país, Sampaio disse ainda que a crise antes de ser portuguesa é mundial e europeia e é ainda «a crise do modelo económico e social neoliberal que se recusa a não reconhecer o seu fracasso e continua a querer aproveitar em seu favor os danos que causou».
«Esta contradição essencial - estarmos a combater os males com os remédios que os causaram - mostra-nos que ainda não foi virada a página», afirmou Jorge Sampaio.
O ex-chefe do Estado - entre 1996 e 2006 - referiu-se ao facto de a celebração juntar hoje quatro antigos presidentes da República, considerando que a «experiência comum» demonstra que «o Presidente tem uma voz e um papel insubstituíveis que, a serem activamente usados, podem e devem dar um contributo decisivo para a resolução dos problemas».
Para Jorge Sampaio o país precisa de «políticos com pensamento novo e autoridade moral», mas também de cidadãos mais empenhados.
O antigo chefe do Estado insistiu na ideia da necessidade de «mudar radicalmente de atitude»: «Necessitamos de mais perspectiva e menos miragem, de mais exigência e de menos facilitismo, de mais rigor e de menos desperdício, de mais vontade e menos voluntarismo».
Perante a actual crise, o país vai ter que ser capaz de «pôr as contas em ordem e de crescer o necessário para criar riqueza e emprego», precisando para isso «de rigor financeiro e inovação económica» de «mais concertação social e redobrada solidariedade».
Lusa / SOL