- Entrou
- Out 5, 2021
- Mensagens
- 55,757
- Gostos Recebidos
- 1,583
Sem namorada e trabalho na área: Primeiro licenciado com síndrome de Down da Europa continua a luta contra preconceito
Pablo Pineda, de 50 anos, nunca chegou a trabalhar em pedagogia, área de formação, nem a ter um relacionamento. "A sociedade não está preparada", reflete.
Pablo Pineda ficou conhecido por ser a primeira pessoa na Europa com síndrome de Down a concluir um curso universitário e, em 2009, ganhou popularidade com a aparição no grande ecrã no filme 'Yo también'. Recebeu um prémio no Festival Internacional de Cinema de San Sebastián e o reconhecimento do público. Mas, hoje aos 50 anos, continua a ter a vida marcada pelo desafio e preconceito. Nunca teve um relacionamento amoroso nem chegou a trabalhar na área de formação: pedagogia.
'Yo también'
No filme 'Yo Tambén', é acompanhado o percurso de Daniel, um homem com trissomia 21, na entrada no mercado de trabalho. A personagem, tal como Pablo, tinha quebrado as expectativas que a sociedade lhe atribuíra ao conseguir terminar a universidade. Assim que começa a trabalhar, Daniel conhece Laura e apaixona-se.
Apesar de o filme retratar em parte algumas das suas conquistas, Pablo não chegou a alcançar na realidade aquilo que alcançou na ficção. O espanhol formou-se com honras em pedagogia, mas nunca arranjou trabalho na área. No que toca à vida amorosa, também não conseguiu vingar e continua solteiro. Em entrevista ao jornal La Voz de Galícia, o espanhol abordou algumas das barreiras impostas pela sociedade.
"Prenconceitos"
"A sociedade não está preparada para que uma pessoa com síndrome de Down seja professora. Esse é o grande problema. Porque estudaste uma licenciatura, mas depois não podes ensinar. Como é que um rapaz com deficiência intelectual vai ensinar uma criança? Mas isso não são coisas concretas, são preconceitos", apontou.
Sobre a vida amorosa, Pablo conta que nunca chegou a namorar. "Agora que tenho 50 anos, é complicado. Teria gostado de ter uma namorada e que me dessem a possibilidade de escolher. Não me teriam limitado ao facto de eu ter síndrome de Down. A sociedade diz-nos que Down com Down, sim, sem Down, não", referiu, destacando que sempre foi esperado que se relacionasse com outras pessoas com a mutação genética.
"Muito trabalho"
Apesar de se sentir grato pela representação nos Media e pelo reconhecimento do público, Pablo acredita que ainda tem "muito trabalho por fazer". "É o olhar, a mentalidade, as atitudes. É toda uma cadeia", explicou.
Pablo perdeu a mãe há dois anos e desde então vive sozinho com o seu cão. Como não conseguiu ser professor, acabou por se tornar orador através da Fundação Adecco. Aqui, dedica-se a quebrar as barreiras com que sempre se deparou.
"Como não me deixaram ser professor de crianças, agora trabalho com adultos. Dou palestras em empresas, comités de recursos humanos, comités de gestão. É mais exigente, para ser sincero. Mas também ajuda a consciencializar as camadas mais altas da sociedade", vincou.
Correio da Manhã

Pablo Pineda, de 50 anos, nunca chegou a trabalhar em pedagogia, área de formação, nem a ter um relacionamento. "A sociedade não está preparada", reflete.
Pablo Pineda ficou conhecido por ser a primeira pessoa na Europa com síndrome de Down a concluir um curso universitário e, em 2009, ganhou popularidade com a aparição no grande ecrã no filme 'Yo también'. Recebeu um prémio no Festival Internacional de Cinema de San Sebastián e o reconhecimento do público. Mas, hoje aos 50 anos, continua a ter a vida marcada pelo desafio e preconceito. Nunca teve um relacionamento amoroso nem chegou a trabalhar na área de formação: pedagogia.
'Yo también'
No filme 'Yo Tambén', é acompanhado o percurso de Daniel, um homem com trissomia 21, na entrada no mercado de trabalho. A personagem, tal como Pablo, tinha quebrado as expectativas que a sociedade lhe atribuíra ao conseguir terminar a universidade. Assim que começa a trabalhar, Daniel conhece Laura e apaixona-se.
Apesar de o filme retratar em parte algumas das suas conquistas, Pablo não chegou a alcançar na realidade aquilo que alcançou na ficção. O espanhol formou-se com honras em pedagogia, mas nunca arranjou trabalho na área. No que toca à vida amorosa, também não conseguiu vingar e continua solteiro. Em entrevista ao jornal La Voz de Galícia, o espanhol abordou algumas das barreiras impostas pela sociedade.
"Prenconceitos"
"A sociedade não está preparada para que uma pessoa com síndrome de Down seja professora. Esse é o grande problema. Porque estudaste uma licenciatura, mas depois não podes ensinar. Como é que um rapaz com deficiência intelectual vai ensinar uma criança? Mas isso não são coisas concretas, são preconceitos", apontou.
Sobre a vida amorosa, Pablo conta que nunca chegou a namorar. "Agora que tenho 50 anos, é complicado. Teria gostado de ter uma namorada e que me dessem a possibilidade de escolher. Não me teriam limitado ao facto de eu ter síndrome de Down. A sociedade diz-nos que Down com Down, sim, sem Down, não", referiu, destacando que sempre foi esperado que se relacionasse com outras pessoas com a mutação genética.
"Muito trabalho"
Apesar de se sentir grato pela representação nos Media e pelo reconhecimento do público, Pablo acredita que ainda tem "muito trabalho por fazer". "É o olhar, a mentalidade, as atitudes. É toda uma cadeia", explicou.
Pablo perdeu a mãe há dois anos e desde então vive sozinho com o seu cão. Como não conseguiu ser professor, acabou por se tornar orador através da Fundação Adecco. Aqui, dedica-se a quebrar as barreiras com que sempre se deparou.
"Como não me deixaram ser professor de crianças, agora trabalho com adultos. Dou palestras em empresas, comités de recursos humanos, comités de gestão. É mais exigente, para ser sincero. Mas também ajuda a consciencializar as camadas mais altas da sociedade", vincou.
Correio da Manhã