Sereníssimo

[edu_fmc]

Quando o dia ainda rascunha
O meu dia
Sob os pingos serenados
Da madrugada,
Em júbilo pela vida justa
Ou entorpecido pelas vidas
Injustas
Nas páginas dos jornais
E debaixo dos jornais,
Vejo Deus...

Na seiva das flores
Lubrificando meus olhos
E nos redemoinhos
De vento, folhas e areia
Varrendo meu caminho.
Vejo Deus na asa branca
Da pomba que dorme
No fio de alta tensão,
Na algazarra e no namoro
Dos pardais no abacateiro...

Deus está nos pormenores,
Maiores!

Então olho para o céu
E vejo a única
Estrela de dois lábios!
Fulgurante,
Alerta,
Aberta...
Oferecendo um beijo
Para a única
Lua que sorria...
Sinto Deus cochichar:
- Vá tranquilo,
Mais um dia irá findar.