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TDT não chega a todo o país
Há zonas do país onde é muito difícil captar o sinal digital. Uma semana depois do apagão, Mira, no distrito de Coimbra, ficou sem ver televisão, apesar de ter dois emissores a 30 quilómetros e de ficar numa zona plana, no Litoral.
Uma fonte ligada ao processo de transição para a TDT, explica ao SOL que há até zonas «onde o sinal analógico era excelente e que agora têm imensa dificuldade em captar o digital».
Medições oficiais são feitas pela PT
A mesma fonte esteve esta semana a realizar medições experimentais no terreno e concluiu que «quanto mais vamos para o interior, ou zonas montanhosas, mais fácil é estarmos numa zona sem sinal» . Aliás, a cobertura está, segundo esta fonte, «fraca em todo o território, excepto nos centros urbanos» .
A PT (empresa responsável pela transmissão do sinal) assegura, porém, que 94% da população está a receber televisão digital por via terrestre, sem problemas, e que os restantes 6% recebem o novo sinal por satélite.
Ao ter como critério de cobertura a população e não o território, ficam de fora do radar regiões do país de baixa densidade populacional – o que pode explicar a discrepância entre a informação oficial e as medições feitas esta semana, no terreno, por um especialista ouvido pelo SOL .
Não existe qualquer entidade externa a fazer medições sobre a cobertura no território, uma vez que, como explica a própria PT, é a empresa que distribui o sinal que faz os testes para perceber se existe ou não dificuldades na recepção da TDT.
«Tal como fazíamos quando havia sinal analógico, estamos sempre a acompanhar este processo, que não está terminado» , diz fonte oficial da PT.
Analógico chegava a mais portugueses
Segundo o caderno de encargos, a empresa de telecomunicações ficou obrigada a cobrir apenas 90% da população.
Mas, na Europa, as médias obrigatórias são muito superiores; em Espanha e no Reino Unido, a cobertura chega a 98,5% da população e em França está nos 97,3%.
A única excepção é a Alemanha que está abaixo dos 95%, onde há 40 canais via satélite em sinal aberto.
No tempo do sinal analógico, a televisão chegava em média a 95% da população portuguesa, sendo que a RTP1 era vista por 98% dos portugueses.
«Tudo o que envolve o reforço da cobertura é um mistério» , diz Sergio Denicoli, professor da Universidade do Minho.
O autor do blogue ‘TV Digital em Portugal’ ( tvdigital.wordpress.com ) recorda, aliás, que os últimos dados que a Anacom divulgou sobre a cobertura «são de Fevereiro e estão desactualizados» .
Sergio Denicoli diz que está também por perceber quem pagou os retransmissores instalados – se as autarquias, se a PT.
«É um dado que venho tentando descobrir há meses mas nem a Anacom nem a PT me responderam» .
Autarquias criticam processo
Há uma semana, a Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) teceu duras críticas à transição para o digital. Artur Trindade, da ANMP, classificou como «vergonhoso e escandaloso» o processo de passagem para a TDT, que deixou «sem acesso à informação e à televisão» muitos portugueses.
«E principalmente onde é que isto acontece?
Acontece exactamente nas zonas do interior do país.
Isto é uma injustiça social» , disse à Lusa Artur Trindade.
Como exemplos, deu Monchique, no Algarve, e outros municípios do interior da região Centro, com índices de cobertura de «apenas 30%» .
Eduardo Cardadeiro, administrador da Anacom, contrapõe que «nenhum município ficou sem televisão depois do apagão» e que «não existe um que receba apenas o sinal do satélite» .
Ao SOL , Cardadeiro diz ainda que, pela primeira vez em Portugal, «o sinal chega a todas as pessoas. Com a televisão analógica isto nunca aconteceu» .
O administrador sublinha que esta entidade recebeu 4.065 telefonemas de pessoas que não se prepararam para a TDT, um número que a Anacom considera «pouco expressivo» .
No entanto, admite que «existirão outros que não telefonaram» , apesar de também terem ficado sem sinal de TV.
SOL