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Um coração com dias de vida que se 'conserta' pela televisão
Os mistérios do coração de um bebé de poucos dias, com uma cardiopatia congénita, podem ser desvendados a muitos quilómetros de distância através da telemedicina, um instrumento que evita deslocações desnecessárias e une os médicos que a utilizam.
No Hospital de Santa Cruz, em Carnaxide, uma das unidades de saúde de referência na área da cardiologia, a telemedicina é frequentemente utilizada e muito elogiada pelo director do serviço de cardiologia pediátrica, Rui Anjos.
Em entrevista à Agência Lusa, o especialista sublinha as vantagens desta técnica que, em poucos segundos, consegue reunir numa sala, e através de um aparelho de televisão, um especialista do Hospital de Santa Cruz e a equipa que, no Algarve, assiste uma bebé com três dias de vida, que nasceu com uma cardiopatia congénita.
A transmissão - assegurada através de uma empresa de telecomunicações - foi pedida pelo Hospital de Faro, onde a criança nasceu, com 1.500 gramas, que solicitou, desta forma, uma orientação cardiológica.
Poucos minutos depois, aparece visível numa das duas televisões da sala a imagem de uma ecografia ao coração da bebé.
Durante cerca de 15 minutos, os profissionais – em Lisboa e Faro – trocam opiniões, que neste caso se revelaram confirmações das suspeitas de uma deficiência no coração que precisa de uma reparação mais tardia.
Segundo Rui Anjos, através deste meio foi possível obter 90 por cento da informação que seria conseguida com um exame presencial no hospital.
«Confirmámos o diagnóstico e discutimos a melhor orientação para o bebé», disse, sublinhando que graças a este meio não foi necessário a criança viajar mais de 600 quilómetros, com todos os riscos associados.
Para Rui Anjos, «o que é importante foi feito. A informação necessária foi retirada graças a uma qualidade das imagens que é muito boa».
«Quando a criança chegar ao hospital, poderemos obter mais pormenores importantes, mas até lá ela pode ficar a ganhar peso», adiantou.
A técnica permite ainda uma poupança significativa, já que, neste caso, foram poupadas quatro viagens em ambulância própria.
Para Rui Anjos, este é um dos aspectos que se destaca na evolução que a cardiologia registou desde que, há 25 anos, foi realizado neste hospital o primeiro transplante cardíaco.
«É um mundo completamente diferente. Temos uma cirurgia cardíaca pediátrica de elevadíssimo nível», disse.
Em 2011, especificou, estes profissionais vão operar entre 150 a 160 doentes em cirurgia cardíaca pediátrica, dos quais 25 por cento são recém-nascidos e mais de 50 por cento no primeiro ano de vida.
«Recebemos doentes de todo o país e fazemos as cirurgias mais complexas, impensáveis há 25 anos, com resultados muito bons», adiantou.
Entre as intervenções que actualmente salvam da morte estes pequenos doentes constam as transposições dos grandes vasos, que, há 25 anos, não eram tratadas no período neo-natal, mas sim aos nove meses.
«Até lá chegarem, as crianças muitas vezes morriam e hoje em dia esta cirurgia de transposições dos grandes vasos faz-se com uma mortalidade de zero por cento neste hospital. Foi uma transformação completa», disse.
Mas há um patamar onde a medicina tarda em chegar:
«Temos um grupo de doentes extraordinariamente complexos, com cardiopatias muito complexas, e para os quais ainda não temos uma resposta adequada e, por isso, a mortalidade é elevada».
São «situações em que o lado esquerdo do coração não se desenvolve», exemplificou.
Segundo Rui Anjos, neste hospital os profissionais estão «praticamente ao nível do que se consegue nos bons centros europeus e americanos».
E todos eles estão conscientes do quanto é especial o coração de um bebé.
«A relação da cardiologia de adultos é muito pessoal entre doente e médico, mas aqui também envolvemos a família e o doente à medida que vai crescendo».
«Tenho doentes com 20 anos, que já estão licenciados», confessou.
Lusa/SOL
Os mistérios do coração de um bebé de poucos dias, com uma cardiopatia congénita, podem ser desvendados a muitos quilómetros de distância através da telemedicina, um instrumento que evita deslocações desnecessárias e une os médicos que a utilizam.
No Hospital de Santa Cruz, em Carnaxide, uma das unidades de saúde de referência na área da cardiologia, a telemedicina é frequentemente utilizada e muito elogiada pelo director do serviço de cardiologia pediátrica, Rui Anjos.
Em entrevista à Agência Lusa, o especialista sublinha as vantagens desta técnica que, em poucos segundos, consegue reunir numa sala, e através de um aparelho de televisão, um especialista do Hospital de Santa Cruz e a equipa que, no Algarve, assiste uma bebé com três dias de vida, que nasceu com uma cardiopatia congénita.
A transmissão - assegurada através de uma empresa de telecomunicações - foi pedida pelo Hospital de Faro, onde a criança nasceu, com 1.500 gramas, que solicitou, desta forma, uma orientação cardiológica.
Poucos minutos depois, aparece visível numa das duas televisões da sala a imagem de uma ecografia ao coração da bebé.
Durante cerca de 15 minutos, os profissionais – em Lisboa e Faro – trocam opiniões, que neste caso se revelaram confirmações das suspeitas de uma deficiência no coração que precisa de uma reparação mais tardia.
Segundo Rui Anjos, através deste meio foi possível obter 90 por cento da informação que seria conseguida com um exame presencial no hospital.
«Confirmámos o diagnóstico e discutimos a melhor orientação para o bebé», disse, sublinhando que graças a este meio não foi necessário a criança viajar mais de 600 quilómetros, com todos os riscos associados.
Para Rui Anjos, «o que é importante foi feito. A informação necessária foi retirada graças a uma qualidade das imagens que é muito boa».
«Quando a criança chegar ao hospital, poderemos obter mais pormenores importantes, mas até lá ela pode ficar a ganhar peso», adiantou.
A técnica permite ainda uma poupança significativa, já que, neste caso, foram poupadas quatro viagens em ambulância própria.
Para Rui Anjos, este é um dos aspectos que se destaca na evolução que a cardiologia registou desde que, há 25 anos, foi realizado neste hospital o primeiro transplante cardíaco.
«É um mundo completamente diferente. Temos uma cirurgia cardíaca pediátrica de elevadíssimo nível», disse.
Em 2011, especificou, estes profissionais vão operar entre 150 a 160 doentes em cirurgia cardíaca pediátrica, dos quais 25 por cento são recém-nascidos e mais de 50 por cento no primeiro ano de vida.
«Recebemos doentes de todo o país e fazemos as cirurgias mais complexas, impensáveis há 25 anos, com resultados muito bons», adiantou.
Entre as intervenções que actualmente salvam da morte estes pequenos doentes constam as transposições dos grandes vasos, que, há 25 anos, não eram tratadas no período neo-natal, mas sim aos nove meses.
«Até lá chegarem, as crianças muitas vezes morriam e hoje em dia esta cirurgia de transposições dos grandes vasos faz-se com uma mortalidade de zero por cento neste hospital. Foi uma transformação completa», disse.
Mas há um patamar onde a medicina tarda em chegar:
«Temos um grupo de doentes extraordinariamente complexos, com cardiopatias muito complexas, e para os quais ainda não temos uma resposta adequada e, por isso, a mortalidade é elevada».
São «situações em que o lado esquerdo do coração não se desenvolve», exemplificou.
Segundo Rui Anjos, neste hospital os profissionais estão «praticamente ao nível do que se consegue nos bons centros europeus e americanos».
E todos eles estão conscientes do quanto é especial o coração de um bebé.
«A relação da cardiologia de adultos é muito pessoal entre doente e médico, mas aqui também envolvemos a família e o doente à medida que vai crescendo».
«Tenho doentes com 20 anos, que já estão licenciados», confessou.
Lusa/SOL