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Uma advogada dedicada à moda

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Desde "novinha" que se habituou a fazer a sua própria bijuteria. Comprava os colares, desmanchava-os e fazia-os de novo, ao seu jeito. E também cedo decidiu que iria tirar o curso de Direito.

Quando finalmente entrou no ensino Superior, na Universidade de Lisboa, percebeu que teria de ser o (até então) seu "entretém" a pagar-lhe o curso. Duas paixões que mantém até hoje, já advogada no maior escritório de Alenquer e empresária de moda com mais de 200 clientes espalhados pelo Continente e ilhas.

Marisa Pedro Francisco, 33 anos, transpira energia e iniciativa. Oriunda de uma família humilde, encontrou na bijuteria a forma de pagar o curso, o seu "meio de subsistência" enquanto viveu como bolseira numa residência universitária em Lisboa. Dividia-se entre o estudo e a bijuteria e, por isso, demorou oito anos a terminar a licenciatura. "Oito anos com muito orgulho, porque estive sempre a trabalhar", enfatiza.

Concluído o curso, Marisa regressou à terra. Fez contas, comprou uma casa e percebeu que, apesar de ter conseguido logo trabalho num dos mais conhecidos escritórios de Alenquer, não iria abandonar a bijuteria. Teve uma encomenda de 16 mil peças para uma empresa no Algarve, trabalhou dia e noite para a fazer, mas com ela ganhou estofo financeiro para começar a ir ao estrangeiro, conhecer novos fornecedores, visitar exposições de moda internacionais, ter acesso a novas ideias e produtos.

Ainda hoje é com orgulho que Marisa se divide entre as duas actividades. De dia, trabalha num escritório com 12 advogados, vai a tribunais. À noite, cria as suas próprias peças e acompanha o trabalho das três funcionárias que emprega na MPF- Moda que, em breve, passará também a ter loja aberta em Alenquer.

"Tenho tanto orgulho numa profissão como na outra", assegura, garantindo que, enquanto o negócio resultar, vai mantê-las. E, se alguma vez a bijuteria falhar, "arranjo outra coisa qualquer para fazer". "Eu faço tudo, desde que seja trabalho honesto. O mal do nosso país é haver muitas pessoas que não gostam de trabalhar e que preferem ficar em casa a receber o subsídio de desemprego do que ir trabalhar".

Determinação é, na verdade, o que não lhe parece faltar e a receita que dá aos portugueses para vencerem a crise. "A actual situação não é boa, mas as pessoas não podem parar porque isto é uma bola de neve. É preciso ter ideias novas, mostrar os produtos de maneira diferente, aderir às novas tecnologias para conseguir ultrapassar esta crise que algum dia há-de passar. O erro principal é não investir", diz, assumindo o "optimismo".

Ao Governo pede que não faça investimentos "irracionais" e que, ao contrário do que se prepara para executar, "diminua os impostos", porque isso só ataca a capacidade empresarial e incentiva à evasão. Pelo menos por enquanto, o negócio de moda de Marisa não está a ressentir-se da crise e, ao contrário do que aconteceu na colecção passada, até aumentou substancialmente as vendas.

No seu trabalho de advogada, a crise sente-se sobretudo no tipo de processos que lhe chegam às mãos. "O nosso maior trabalho é cobrar dívidas, processos de insolvência e falências". "Advogada de terrinha", como se auto-denomina, o que mais lhe agrada é "resolver os problemas às pessoas".

"A culpa da crise também é dos meios de comunicação social"

Marisa admite que está cansada de notícias tristes e aceita falar ao JN sobre o seu exemplo, por entender que também é uma forma de incentivo para as outras pessoas. E, sem rodeios, também aponta o dedo aos meios de comunicação social pela sua "culpa" na crise: "Eu acordo de manhã, ligo a rádio e a televisão para ouvir notícias e só oiço que vai tudo aumentar, que vai haver mais impostos, que vai haver mais desemprego. Isto, parecendo que não, desmotiva as pessoas", diz, insistindo na tónica do optimismo. Em tempo de crise, e até sob a ameaça de recessão, Marisa Francisco decidiu investir: vai pela primeira vez ter uma loja aberta ao público em Alenquer e deixar de funcionar apenas como revendedora. O espaço, cujo nome ainda não está escolhido, deverá abrir no próximo mês e será um negócio a meias com o namorado, o fotógrafo Henrique Silva, que também trabalha por conta própria.

JN
 
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