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Vinhas do Norte ameaçadas por praga que pode ser devastadora

xicca

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Há já plantas mortas em concelhos do Minho
Depois da doença do nemátodo do pinheiro, o Ministério da Agricultura tem pela frente uma nova praga com efeitos também potencialmente desvastadores, neste caso para a vinha.

Chama-se Flavescência Dourada (FD), é provocada por um fitoplasma (um vírus) que tem como transmissor um insecto da família das cicadelas, o Scaphoideus titanus Ball. Este vírus, além de originar uma diminuição gradual do rendimento das vinhas, pode levar à morte das videiras em apenas três anos.

A situação está a causar algum alarme, sobretudo na região dos vinhos verdes, onde já foram detectados vinhedos infectados. O risco da praga é tal que, anteontem, a Câmara de Amares reuniu-se com alguns viticultores. Num outro quadro, ontem, a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) juntou várias associações do sector vitivinícola, em Lisboa, para analisar a situação.

Mário Abreu e Lima, membro da direcção da CAP e um dos intervenientes na reunião de ontem, acusa o Ministério da Agricultura de estar a "menosprezar um problema que pode ter sequências extremamente penosas para a viticultura portuguesa".

"Existem já vinhedos afectados e plantas mortas em alguns concelhos do Minho e a propagação desta praga em vinhedos contínuos, como no Douro, pode ser fatal. Esta doença, pelo seu impacto, pode ser comparada à do nemátodo do pinheiro. É uma espécie de filoxera moderna", alerta aquele dirigente da confederação.

Insecto propaga doença

A Flavescência Dourada transmite-se, naturalmente, de uma cepa a outra por intermédio do insecto vector. Basta este alimentar-se de uma videira infectada com o vírus para desencadear uma contaminação em cadeia, reproduzindo o vírus em todas as videiras que venha a picar.

Não se sabe como o vírus se instala na videira, mas desconfia-se de que a sua difusão pela Europa foi provocada através de videiras infectadas originárias de viveiros franceses, cuja exportação só nos últimos anos começou a obedecer a regras de controlo fitossanitário mais apertadas. A sua detecção na videira não é fácil, uma vez que a coloração amarelada das folhas que a caracteriza confunde-se com outras pragas.

Na Europa, o Scaphoideus titanus Ball - que é um organismo de quarentena, sujeito a controlo fitossanitário fronteiriço - foi identificado pela primeira vez no Sul de França, na região de Armagnac, mas a primeira epidemia da Flavescência Dourada surgiu em Gascogne, nos anos 50. Nessa altura, o insecto já se tinha estabelecido em todo o Midi de França, no Norte de Itália e no Tessin, na Suíça.

No nosso país, o insecto foi capturado pela primeira vez em 1998, em Arcos de Valdevez, e em 1999, em Vila Real. A partir de 2003, a Associação de Desenvolvimento da Viticultura Duriense (ADVID) começou a fazer o acompanhamento do ciclo biológico do Scaphoideus titanus Ball na vinha de Vila Real onde o insecto está instalado com o objectivo de monitorizar as diferentes fases de desenvolvimento do insecto na região, para apoiar futuras estratégias de controlo. Actualmente, a associação está a realizar uma amostragem mais alargada em toda a região.

Alerta também no Douro

Até agora, ainda não foi detectada nenhuma videira infectada na região do Douro, mas a associação sabe, oficiosamente, que um dos insectos enviados para análise nos laboratórios do Ministério da Agricultura possuía o vírus que provoca a Flavescência Dourada, o que pressupõe a existência de videiras infectadas. Fernando Alves, o director executivo da ADVID, reconhece que a doença é "potencialmente preocupante", tanto no Douro como na região dos vinhos verdes.

No passado dia 17 de Junho, a Estação de Avisos de Entre Douro e Minho emitiu uma circular aos viticultores, informando que haviam sido identificadas cepas portadoras da doença em vinhas de Amares, Braga e Ponte de Lima, recomendando o tratamento obrigatório de todas as vinhas daqueles municípios.

Era, ainda, aconselhado o tratamento de todas as vinhas dos concelhos de Mondim de Basto, Penafiel, Barcelos, Monção, Ponte da Barca, Arcos de Valdevez, onde, em 2007, foi confirmada a presença do insecto.

Dependendo da carga viral existente, há alguns produtos que podem combater ou atrasar a doença. Mas o método mais eficaz é o arranque puro e simples das vinhas afectadas ou então a pulverização maciça através de meios aéreos de toda a região afectada.

Mas este método de combate da doenças nos vinhedos, além de muito dispendioso, acarreta graves consequências para o meio ambiente e para as próprias vinhas. O problema é que os mesmos produtos que podem eliminar o Scaphoideus titanus Ball também eliminam outros insectos benéficos no controlo de outras pragas.

Ministério diz que está a actuar

O PÚBLICO tentou ouvir os responsáveis da Direcção-Geral da Agricultura e do Desenvolvimento Rural, a quem cabe o controlo de pragas, mas não foi possível, porque os mesmos se encontravam em Bruxelas. O gabinete do ministro da Agricultura, Jaime Silva, enviou entretanto uma informação ao PÚBLICO, dizendo que aquele ministério "já elaborou as respectivas medidas de emergência para controlo e erradicação desta doença, que envolvem igualmente o controlo do respectivo insecto vector". Na mesma nota, é dito que já "foram igualmente iniciadas acções de formação destinadas aos técnicos das associações vitícolas da região de Entre Douro e Minho para serem divulgadas as medidas de controlo da doença e encontra-se em fase de publicação uma portaria regulamentar relativa às medidas fitossanitárias que deverão ser aplicadas no controlo e erradicação desta doença e do respectivo insecto vector".




Fonte: Público
17.07.08
 
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