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Amalia Rodrigues

helldanger1

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Nome De Rua


Deste-me um nome de rua
Duma rua de Lisboa.
Muito mais nome de rua,
Do que nome de pessoa.
Um desse nomes de rua
Que são nomes de canoa.

Nome de rua quieta,
Onde à noite ninguém passa,
Onde o ciúme é uma seta,
Onde o amor é uma taça.
Nome de rua secreta,
Onde à noite ninguém passa,
Onde a sombra do poeta,
De repente, nos abraça!

Com um pouco de amargura,
Com muito da Madragoa.
Com a ruga de quem procura,
E o riso de quem perdoa.

Deste-me um nome de rua,
Duma rua de Lisboa!
 

helldanger1

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Nós Atrás Das Moças


Amália Rodrigues - Nós Atrás Das Moças
by D.p


Nós atrás das moças, elas aos saltinhos!
Ai, Jesus, que eu não posso com tantos carinhos!

Dançai, raparigas! Dançai, ó formosas!
Oh, que linda é esta roda de botões de rosa!
 

helldanger1

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Ó Ai, Ó Linda


Ó ai, ó linda
Inda agora aqui cheguei
Inda agora aqui cheguei
Já me mandaram cantar

Ó ai, ó linda
Sou criado a lhe servir
Sou criado a lhe servir
Não me posso demorar

Ó ai, ó linda
Cheguei mesmo agora aqui
Cheguei mesmo agora aqui
Mas tenho que trabalhar

Ó ai, lindinha
Agora que já te vi
Agora que já te vi
Sei que terei de voltar

Ó ai, ó linda
Dá-me um raminho de salsa
Dá-me um raminho de salsa
Raminho de salsa crua

Ó ai, lindinha
Se me quiseres ver descalça
Se me quiseres ver descalça
Passa lá na minha rua

Ó ai, ó linda
Cantigas que já cantei
Cantigas que já cantei
E gostava de cantar

Ó ai, lindinha
Agora que já chorei
Agora que já chorei
Até gosto de chorar

Ó ai, ó linda
Não é contigo é com aquela
A semana de sapatos
Ao domingo de chinelas

Ó ai, ó lindinha
Não é contigo é com aquela
A semana de sapatos
Ao domingo de chinelas
 

helldanger1

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Ó Careca


Eu faço um vistão
com a careca ao léu
acho um piadão
andar sem chapéu

Mas se a moda pega
tenho que aturar
esta cegarrega
que é de arreliar

Ó careca
ó careca
tira a boina
que é moda andar em cabelo
com a breca
tira a tampa da careca
que a careca não tem pelo

Eu visto a preceito
ando assim liró
corpinho bem feito
no meu paletó

Com esta farpela
que é protocolar
de cabeça à vela
so oiço gritar

Ó careca
ó careca
tira a boina
que é moda andar em cabelo
com a breca
tira a tampa da careca
que a careca não tem pelo
 

helldanger1

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O Cochicho


Na noite de São João, que filão
Ninguém quer calar o bico
Com o cochicho na mão, pois então
E um vaso de manjerico
Passa marchó filambó, tro-lo-ló
Com archotes e balões
Entre apertões, aos encontrões
A dançar o solidó batem mais os corações!

Olha o cochicho que se farta d'apitar:
Ri pi pi pi pi pi pi!
E nunca mais desafina!
A rapaziada, quem é que quer assoprar
Ri pi pi pi pi pi pi!
No cochicho da menina?

Um papo-seco, leru, capiru
Por mal da dó, por capricho
Ao ver-me na rua só, o pató
Quis agarrar-me o cochicho
Mas quando um soco lambeu o judeu
Até gritou p'la mãe
E sem parar, pôs-se a cavar
O cochicho é muito meu!
Não o dou a mais ninguém!
 

helldanger1

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O Fado Chora-se Bem


Mora numa rua escura
A tristeza e amargura,
Angústia e a solidão.
No mesmo quarto fechado
Também lá mora o meu fado
E mora o meu coração
E mora o meu coração

Tantos passos temos dado
Nós, as três, de braço dado
Eu, a tristeza e a amargura
À noite, um fado chorado,
Sai deste quarto fechado
E enche esta rua tão escura
E enche esta rua tão escura

Somos usineiros do tédio
Senhor que não tem remédio
Na persistência que tem
Vem pra o meu quarto fechado
Senta-se ali ao meu lado
Não deixa entrar mais ninguém
Não deixa entrar mais ninguém

Nesta risonha amurada
Não há lugar pra mais nada
Não cabe lá mais ninguém
Só lá cabe mais um fado
Que deste quarto fechado
O fado chora-se bem
O fado chora-se bem
 

helldanger1

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O Fado De Cada Um


Bem pensado
Todos temos nosso fado
E quem nasce malfadado,
Melhor fado não terá!
Fado é sorte
E do berço até a morte,
Ninguém foge, por mais forte
Ao destino que Deus dá!

No meu fado amargurado
A sina minha
Bem clara se revelou
Pois cantando
Seja quem for adivinha
Na minha voz soluçando
Que eu finjo ser quem não sou!

Bom seria poder um dia
Trocar-te o fado
Por outro fado qualquer
Mas a gente
Já traz o fado marcado
E nenhum mais inclemente
Do que este de ser mulher!
 

helldanger1

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O Fado Veio a Paris


Quando em Lisboa, o povo me o conhecia
O que era o fado eu quis saber
E tanto andei e perguntei a quem sabia
Que finalmente pude aprender
Certo dia, ao passar numa rua em Lisboa
Um amigo poeta e cantor
Murmurou-me ao ouvido e a medo o segredo
Do fado em Lisboa é o amor!

O fado veio a Paris
Alfama veio a Pigale
E até o Sena se queixa de pena
Que o Tejo não quis sair de Portugal
O fado veio a Paris
Alfama veio a Pigale
E até San Germain de Fré
Já acata o fado em francês!

Vim a Paris para cantar e ser fadista
Por certo não pensa ninguém
Que a mesma história de Lisboa e do fadista
Aconteceu aqui também
Certo dia ao entrar num Bistrô
Pra ouvir a ja-và, alguém disse bonjour
Amalia c'est finit la trouvez le sous crés
La chanson de Paris est l'amour!
 

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O Malaventurado



Mudei terra, mudei vida
Mudei paixão em paixão
Vi a alma de mim partida,
Nunca de meu coração
Vi minha dor despedida.

E eu, mal aventurado
Morro-me, andando assim
Entre cuidado e cuidado.

Ante tamanhas mudanças
De um cabo minha suspeita,
E de outro desconfiança
Deixam-se em grande estreita
E levam-se as esperanças.

E eu mal aventurado
Morro-me, andando assim
Entre cuidado e cuidado.

Eu morrera e acabara
E meu mal fora acabado
Não vira tal perdição
De mim e de tanta coisa
Perdido tudo em vão:
Porque a paixão não repousa
Em outra maior paixão.

Oh! quem bem aventurado
Fora já se me matara
Minha dor ou meu cuidado.
 

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O Meu É Teu

O meu é teu. O teu é meu
e o nosso é nosso quando posso
dizer que um dente nos cresceu
roendo o mal até ao osso.
O teu é nosso. O nosso é teu.
O nosso é meu. O meu é nosso,
e tudo o mais que aconteceu
é uma amêndoa sem caroço.

Dizem que sou. Dizem que faço,
que tenho braços e pescoco
- que é da cabeça que desfaço,
que é dos poemas que eu não ouço?
O meu é teu. O teu é meu,
e o nosso, nosso quando posso
olhar de frente para o céu
e sem o ver galgar o fosso.

Mas to és tu e eu sou eu
não vejo o fundo ao nosso poço,
o meu é meu dá-me o que é teu
depois veremos o que é nosso.
 

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O Meu Primeiro Amor



Ai quem me dera
Ter outra vez vinte anos
Ai como eu era
Como te amei, santo Deus!
Meus olhos
Pareciam dois franciscanos
À espera
Do sol que vinha dos teus

Beijos que eu dava
Ai como quem morde rosas
Quanto te esperava
Na viva que então vivi
Podiam acabar os horizontes
Podiam secar as fontes
Mas não vivia sem ti

Ai como é triste
De o dizer não me envergonho
Saber que existe
Um ser tão mau, tão ruim,
Tu que eras
Um ombro para o meu sonho
Traíste o melhor que havia em mim

Ai como o tempo
Pôs neve nos teus cabelos
Ai como tempo
As nossas vidas desfez
Quem me dera
Ter outra vez desenganos
Ter outra vez vinte anos
Para te amar outra vez!
 

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O Namorico Da Rita


no mercado da ribeira
há um romance de amor
entre a rita q é peixeira
e o chico q é pescador

sabem todos os q la vão
q a rita gosta do chico
so a mãe dela é q não
consente no namorico

quando ele passa por ela
ela sorri descarada
porem o chico á cautela
não da trela nem diz nada

que a mãe dela quando calha
ao ver q o chico s abeira
por dá cá aquela palha
faz tremer toda a ribeira

namoram de manhãzinha
e da forma mais diversa
dois caixotes de sardinha
dão dois dedos de conversa

e a quem diga à boca cheia
que depois de tanta fita
o chico de volta e meia
prega dois beijos na rita

quando ele passa por ela
ela sorri descarada
porem o chico á cautela
não da trela nem diz nada

que a mãe dela quando calha
ao ver q o chico s abeira
por dá cá aquela palha
faz tremer toda a ribeira

quando ele passa por ela
ela sorri descarada
porem o chico á cautela
não da trela nem diz nada

que a mãe dela quando calha
ao ver q o chico s abeira
por dá cá aquela palha
faz tremer toda a ribeira
 

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O Pezinho


Esta é a moda do pezinho
É bem boa de dançar
Dá-se um jeitinho ao pé
E um saltinho para o ar

Toma lá, Chiquita
Toma lá e leva
Esta linda moda para a tua terra
Vira pra direita, vira para a esquerda
Vira pra direita, muchacha galega!

Esta moda do pezinho
É moda da minha terra
Meu pai dançava o pezinho
E minha mãe não o nega

Põe aqui o seu pezinho
Descanse mais a chinela
Ao tirar o seu pezinho
Dê meia-volta, donzela
 

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O Timpanas


Meia azul e bota alta
A reinar com toda a malta
É o rei das traquitanas
O timpanas!

O pinóia na boleia
De chapéu a Patuleia
Faz juntar o mulherio
No Rossio

Quando levo as bailarinas
Do teatro ao Lumiar
Bailo eu e baila a Sé
E as pilecas a bailar

No bolieiro de Lisboa
Não é lá qualquer pessoa
Que as pilecas dão nas vistas
São fadistas

São cavalos de alta escola
O das varas toca viola
Que o da sela que é malhado
Bate o fado

Quando bato prás marmotas
Roda acima, roda abaixo
Eu dou vinho aos meus cavalos
Mas sou eu que vou borracho

Já andei por tanta espera
Já levei tanto boléu
Já conheço tantos bois
Que lhes tiro o chapéu
 

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Obsessão


Dentro de mim, um canto intenso
Um cantar que não é meu
Cantar que ficou suspenso
Cantar que já se perdeu
Onde teria morrido,
Esta voz cantar assim?
Já lhe perdi o sentido
Cantar que passa perdido
Que não é meu, estando em mim

Sonhando, sonhando um sonho
Um sonho lento, tristonho
De nuvens a dissipar

E novamente no sonho
Passo de novo a cantar
Sobreacordo em sossego,
As águas olham o céu
Roça a asa do morcego
Aonde o cantar morreu

Onde teria morrido,
Esta voz cantar assim?
Já lhe perdi o sentido
E este cenário partido
Qual tal ou tão repetido
E o cantar, recanto em mim
 

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Oiça Lá, Ó Senhor Vinho


Oiça lá ó senhor vinho,
vai responder-me, mas com franqueza:
porque é que tira toda a firmeza
a quem encontra no seu caminho?

Lá por beber um copinho a mais
até pessoas pacatas,
amigo vinho, em desalinho
vossa mercê faz andar de gatas!

É mau procedimento
e há intenção naquilo que faz.
Entra-se em desequilíbrio,
não há equilíbrio que seja capaz.

As leis da Física falham
e a vertical de qualquer lugar
oscila sem se deter
e deixa de ser perpendicular.

"Eu já fui", responde o vinho,
"A folha solta a bailar ao vento,
fui raio de sol no firmamento
que trouxe à uva, doce carinho.

Ainda guardo o calor do sol
e assim eu até dou vida,
aumento o valor seja de quem for
na boa conta, peso e medida.

E só faço mal a quem
me julga ninguém
e faz pouco de mim.
Quem me trata como água
é ofensa, pago-a!
Eu cá sou assim."

Vossa mercê tem razão
e é ingratidão
falar mal do vinho.
E a provar o que digo
vamos, meu amigo,
a mais um copinho!

"Eu já fui", responde o vinho,
"A folha solta a bailar ao vento,
fui raio de sol no firmamento
que trouxe à uva, doce carinho.

Ainda guardo o calor do sol
e assim eu até dou vida,
aumento o valor seja de quem for
na boa conta, peso e medida.

E só faço mal a quem
me julga ninguém
e faz pouco de mim.
Quem me trata como água
é ofensa, pago-a!
Eu cá sou assim."

Vossa mercê tem razão
e é ingratidão
falar mal do vinho.
E a provar o que digo
vamos, meu amigo,
a mais um copinho!
 

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Ojos Verdes

Apoyá en el quicio de la mancebía,
miraba encenderce la noche de Mayo.
Pasaban los hombres
y yo sonreía,
hasta que en mi puerta paraste el caballo.
Serrana me das candela
y yo te dije gaché.
Ay ven
y tómame mis labios
y yo fuego te daré.
Dejaste el caballo
y lumbre te dí
y fueron dos verdes luceros de Mayo tus ojos pa' mí.
Ojos verdes,
verdes como,
la albahaca.
Verdes como el trigo verde
y el verde, verde limón
. Ojos verdes, verdes
con brillo de faca
que se han clavaito en mi corazón
. Pa mí ya no hay soles,
lucero, ni luna,
No hay más que unos ojos que mi vida son.
Ojos verdes, verdes como
la albahaca.
Verdes como el trigo verde
y el verde, verde limón.

Vimos desde el cuarto despertar
y sonar el alba en la torre la vela.
Dejaste mi brazo cuando amanecía
y en mi boca un gusto a menta y canela.
Serrana para un vestido yo te quiero regalar.
Yo te dije está cumplio,
no me tienes que dar ná.
Subiste al caballo
te fuiste de mí,
y nunca otra noche
mas bella de Mayo han vuelto a vivir.
 

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Olhem Para a Marcha Da Graça


Olhem pra marcha da Graça
Que é o trono de Lisboa!
Vejam, como vai airosa
Com ar de menina boa!
Dizem que é namoradeira,
Que tem mais de um namorado:
O Rossio, ali embaixo
E o Castelo ali ao lado!

Cá vai a marcha da Graça
Que tem graça quando passa
E tem raça, alma chã!
E lá no alto apregoa
E ecoa como é boa
A Lisboa ao cantar!
Ai, ai, ai, vai a Graça passar!

Olhem pra marcha da Graça,
Como vai feliz, contente!
Com muito a olhar pra ela
E a bênção de São Vicente!
Leva arcos enfeitados,
Mostra os balões a quem passa
Viva, ainda mais voltas,
Ainda mais voltas,
Do que o caracol da Graça!

Cá vai a marcha da Graça
Que tem graça quando passa
E tem raça, alma chã!
E lá no alto apregoa
E ecoa como é boa
A Lisboa ao marchar!

Cá vai a marcha da Graça
Que tem graça quando passa
E tem raça, alma chã!
E lá no alto apregoa
E ecoa como é boa
A Lisboa ao cantar!
Ai, ai, ai, vai a Graça passar!
 

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Povo Que Lavas No Rio

Povo que lavas no rio
E talhas com o teu machado
As tábuas do meu caixão.
Pode haver quem te defenda
Quem compre o teu chão sagrado
Mas a tua vida não.

Fui ter à mesa redonda
Bebi em malga que me esconde
O beijo de mão em mão.
Era o vinho que me deste
A água pura, puro agreste
Mas a tua vida não.

Aromas de luz e de lama
Dormi com eles na cama
Tive a mesma condição.
Povo, povo, eu te pertenço
Deste-me alturas de incenso,
Mas a tua vida não.

Povo que lavas no rio
E talhas com o teu machado
As tábuas do meu caixão.
Pode haver quem te defenda
Quem compre o teu chão sagrado
Mas a tua vida não.
 

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Prece


Talvez que eu morra na praia

Cercada em pérfido banho
Por toda a espuma da praia
Como um pastor que desmaia
No meio do seu rebanho.

Talvez que eu morra na rua
E dê por mim de repente
Em noite fria e sem luar
E mando as pedras da rua
Pisadas por toda a gente.

Talvez que eu morra entre grades
No meio de uma prisão
Porque o mundo além das grades
Venha esquecer as saudades
Que roem meu coração.

Talvez que eu morra de noite
Onde a morte é natural
As mãos em cruz sobre o peito
Das mãos de Deus tudo aceito
Mas que eu morra em Portugal.
 
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