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Breve História de um atalanto

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Fev 29, 2008
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14
Julinho tinha cinco anos quando a barriga da mãe começou a crescer e
ele foi avisado de que ganharia um irmão. Irmão? Eu não quero irmão
nenhum! Reagiu. E logo depois decidiu que naquela casa não existiria
outra criança além dele.
Mas o tempo foi passando e a mãe ficando cada vez mais barriguda.
Todo dia dizia a Julinho que o tal do irmãozinho estava crescendo lá
dentro.
– E quando ele sair daqui — garantia — você vai ter sempre um
amiguinho pra brincar.
Julinho às vezes gostava dessa idéia. Mas ficava dividido, porque
enquanto o tal do irmão crescia dentro da barriga da mãe — e ela vivia
conversando com aquela pança — seu quarto deixava de ser só seu para
ganhar mais uma cama, cortinas riscadinhas e um papel de parede
horroroso, cheio de bichinhos, que tomaram o lugar dos desenhos que
havia colado sobre a sua cabeceira.
Um dia finalmente a barriga da mãe murchou e o tal do irmão apareceu.
Era feio de doer: todo enrugado, sem dentes e além de dormir o dia todo
e chorar a noite inteira, quando acordava, ficava pendurado no peito da
mãe. Não brincava coisíssima nenhuma e nem deixabva espaço no quarto
para Julinho brincar. Era um tal de psiu! o neném vai acordar, que ele
acabou se enchendo. E se encheu tanto, que decidiu: ia dar sumiço no
irmão.
Uma noite, quando a mãe já dormia e o tal do irmão não chorava,
Julinho se levantou na pontinha dos pés e o tirou do berço. Ia jogá-lo
na lixeira, decidira. De manhã, quando a mãe o procurasse, não o
encontraria mais.
Estava já no meio da sala, quando ouviu o coração do irmão batendo
junto ao peito. Era um tum-tum-tum tão ritmadinho que acelerou o seu.
Julinho olhou para o rosto do bebê e, mesmo no escuro, viu que tinha
os olhos e o nariz iguais aos seus. Sentiu uma vontade tão doida de
chorar, que o único gesto que conseguiu fazer foi o de embalar o irmão.
Quando a mãe assustada acendeu o abajur e aos berros perguntou o que
você está fazendo com o bebê no colo, menino?!, ele só foi capaz de
responder:
– Ninando ele, mãe, ninando pra ele não chorar.
 
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