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Senciência Animal

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Independentemente do grau de inteligência que um animal possua, é consensual que as sensações, como a dor ou a agonia, ou as
emoções, como o medo ou a ansiedade, são estados subjectivos próximos do pensamento que estão presentes pelo menos na maior parte
das espécies animais.

Um animal senciente é um animal que tem a capacidade de sentir – sensações e sentimentos. Os humanos são, sem dúvida alguma, animais
sencientes e, ao acompanhar esta publicação sobre a senciência animal, verá que praticamente todos os animais também o são,
compreenderá a importância do facto dos animais serem sencientes e o tipo de consequências morais e políticas que isso deve ter.


O que é a Senciência?

A senciência é a capacidade que um ser tem de sentir conscientemente algo, ou seja, de ter percepções conscientes do que lhe acontece e
do que o rodeia. Não se questiona que os humanos são seres sencientes – experienciamos, de forma consciente, sentimentos de muitos tipos
diferentes. E não acontecerá o mesmo com os outros animais? Enquanto a mente de um humano é, em princípio, mais complexa do que as
mentes dos outros animais, a verdade é que estas diferenças são apenas de grau e não de género, como defendeu Charles Darwin, o
precursor da biologia moderna.

Isto significa que, tal como os humanos, os outros animais também têm mentes e essas mentes são também
complexas, diferindo das mentes humanas apenas no facto de serem menos complexas (do mesmo modo que a mente de uma criança é
menos complexa do que a mente de um adulto humano), e não diferindo de género ou tipo de mente (do mesmo modo que, apesar das
diferenças de complexidade, a mente de um adulto humano não é de tipo diferente da mente de uma criança humana – é apenas mais
complexa).

Há quem afirme que nem todos os animais são sencientes. Contudo, sem provas sólidas disso, e com evidências fortes de que muitos animais
são sencientes, descobrindo-se cada vez mais acerca da senciência e das características sencientes de um número cada vez maior de
espécies animais, é mais razoável e prudente, além de ser moralmente importante, assumir que todos os animais têm algum grau – pelo
menos, um grau mínimo – de senciência. Afinal, se assumirmos que um animal não é senciente, sem termos provas que sustentem essa
presunção, e se o tratarmos como se não o fosse, existe um problema moral a enfrentar se estivermos enganados. É, pois, melhor assumir, por
prudência, que todos os animais são sencientes e agir em função desse princípio de cautela.

Além disso, tem-se descoberto cada vez mais que, afinal, seres que se pensava não serem sencientes ou serem apenas basicamente
sencientes são mais complexamente sencientes e mesmo inteligentes do que alguma vez se podia imaginar. Importa também salientar que os
estudos sobre a senciência, a psicologia e a cognição animal têm muito que progredir – e têm também que deixar de ser influenciados por um
medo irracional do antropomorfismo que muitos cientistas sentem e que os leva a diminuirem a importância da descoberta de factos sobre a
senciência, a inteligência e a psicologia animal por receio da crítica anti-antropomórfica da “ciência oficial”, que tende sempre a favorecer
apenas uma visão comportamentalista, quase mecanicista, do estudo da psicologia animal, apesar das muitas evidências que deixam claro
que há uma psicologia animal complexa da qual o comportamento animal complexo é uma das suas mais óbvias provas. Refira-se que estes
factores e estas limitações, que estão em vias de ir sendo cada vez mais ultrapassadas, reforçam ainda mais a necessidade de presumir que
um animal sobre o qual saibamos muito pouco ou mesmo nada quanto à sua senciência é, de facto, senciente, como princípio de cautela.

De resto, em termos mais gerais, sabemos que uma das ideias mais antigas na filosofia é a de que os animais agem de uma maneira
mecânica, como se fossem máquinas, sem processos conscientes de tipo algum. Porém, e mais uma vez, quanto mais descobrimos acerca
dos animais, mais esta ideia desaparece. E cresce cada vez mais o número de provas que sustentam a ideia de que as capacidades
cognitivas dos animais são muito maiores, mais complexas e profundas do que tradicionalmente se tem acreditado – já não há, portanto,
dúvidas de que são seres sencientes.
Atitudes dos Humanos em Relação à Senciência Animal

O modo como as pessoas vêem os outros animais é influenciado pela educação que tiveram e pelas tendências do seu tempo. Por exemplo,
o filósofo francês René Descartes (1596-1650) deixou uma duradoura influência com a sua opinião de que os animais eram “máquinas” sem
alma.

Mas, 100 anos depois, o filósofo inglês Jeremy Bentham (1748-1832) perguntou: “A questão não é, Podem eles pensar?, nem Podem eles
falar?, mas sim Podem eles sofrer?”, na sua obra Introdução aos Princípios da Moral e da Legislação (1781). Charles Darwin (1809-1882)
também acreditava que a “actividade mental” dos animais era semelhante à dos humanos.

A escola Behaviorista da psicologia do século XX considerava que apenas o comportamento devia ser estudado, em vez de qualquer emoção
ou raciocínio que possa estar na base deste, o que deixou também uma duradoura influência no estudo sobre o comportamento animal.

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Abraço
 
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