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Tragédia «Oresteia» inspira «Boris Yeltsin» que se estreia 5ª-feira em Lisboa

Matapitosboss

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Set 24, 2006
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A tragédia grega "Oresteia", de Ésquilo, é o ponto de partida e o referencial da peça "Boris Yeltsin", de Mickael de Oliveira, que se estreia quinta-feira no Teatro S. Luiz, em Lisboa, onde estará em cena até domingo.

"A peça passa-se no Portugal contemporâneo e todas as personagens utilizam os nomes das personagens de 'Oresteia', mas Agamemnon [chefe da família] não é morto pela mulher, Clitemnestra, e o seu amante, mas pelo filho, que nos remete para outra tragédia grega, 'Édipo'", explicou à Lusa o encenador da peça Nuno M. Cardoso.

O título da peça remete para o antigo líder russo, "na medida em que Clitemnestra trata o marido quer pelo seu nome, quer pelo de Boris", disse Cardoso que referiu Boris Ieltsin como "uma das referências de um momento de transição político, em que assistimos ao desmantelamento da União Soviética e [à entrada] do capitalismo pela Rússia".

"Boris Ieltsin surgiu como figura em que o seu poder era apenas ilusório, como um peão nesta mudança; Agamemnon é um português que também esteve na guerra, não na de Tróia mas na do Ultramar, regressa a Portugal e não se ajusta a esta realidade, politicamente tem um determinado peso mas não de mudar as coisas", prosseguiu Nuno M. Cardoso.

O encenador afirma que "há referências fascistas e muito conservadorismo em Agamemnon e uma vertente de socialismo de esquerda em Clitemnestra".

O elenco é liderado por Albano Jerónimo, e inclui António Durães, Luísa Cruz e Mafalda Lencastre, contando ainda com as participações especiais de Tiago Rodrigues (quinta-feira), Nuno M. Cardoso (sexta-feira), Tónan Quito (sábado) e John Romão (domingo).

A escolha de um ator diferente em cada dia é um "arrojo" do autor, cabendo a cada um encarnar a personagem "amigo de Orestes [filho de Agamemnon e Clitemnestra] que vai a casa deste entregar certo objeto que só é revelado no final da peça, e é questionado de forma conservadora pelo pai, Agamemnon, mas ele responde enquanto ator, sendo sempre diferente de dia para dia, mas não desequilibra a peça enquanto unidade dramatúrgica", explicou Nuno M. Cardoso.

Relativamente ao cenário, o encenador explicou que "funciona por camadas que vão sendo abertas na horizontal, e trabalhamos muito com vídeo, quer por filmes de câmaras de vigilância, quer da realidade como vivemos na nossa contemporaneidade".

In' Diário Digital
 
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