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Água nunca é demais

Luana

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A desidratação é um dos maiores riscos para as crianças, porque as perdas de água, num corpo pequeno, se fazem sentir com valores muito baixos. e também porque a percentagem de água no corpo infantil é muito maior do que no do adulto.

– No outro dia é que aconteceu uma coisa…
Olhei para a mãe do Carlos, de 12 meses acabados de fazer, porque a resposta à minha pergunta «Então, como é que ele tem estado?» tinha sido: “Está tudo óptimo. Nada a registar!" – afirmação essa glosada com um sorriso aberto.
– Uma coisa? – perguntei.
– Sim, nada de especial, mas que me provocou um bocado de stresse.
– Então?
– Imagine que ele foi com a minha irmã de carro, a uma festa de família e não sei como a minha irmã fechou o carro com a chave lá dentro... – deve ter visto a minha expressão de perplexidade, e continuou – ... com o Carlos também lá dentro.
– E?
– Não houve problema. Ela telefonou-me e eu fui ter com ela com o duplicado da chave.
– Então tudo se resolveu.
– Sim, apanhei um bocado de trânsito, porque sabe como é a auto-estrada de Braga.
A minha cara deve ter ficado lívida.
– Pois, demorei mais de uma hora, porque estava um trânsito infernal.
– O pior é o vidro partido! – exclamei.
– Vidro? Não. A minha irmã e o resto das pessoas que lá estavam acharam que só partiriam o vidro se o bebé chorasse, mas ele esteve sempre tão calminho.
– E quando chegou? – disse eu, a temer alguma notícia menos agradável.
– Bebeu dois biberões de água e estava muito caidinho, mas foi só o stresse...

Este relato é verdadeiro, salvaguardando os nomes e os locais. E publico-a com a autorização expressa da mãe, que me pediu que o fizesse... para que não cometam o mesmo erro de avaliação.


Algumas pessoas não sabem que um bebé, dentro de um carro fechado, pode desidratar em escassos minutos, com o risco de graves lesões cerebrais. Isto porque a desidratação, ainda por cima, é de apenas água, o que causa um teor de sódio exagerado no sangue que, provoca perturbações em vários órgãos, designadamente no cérebro.


Em qualquer dos casos, não tendo uma outra chave à mão, a solução só poderá ser partir o vidro, abrir a porta e retirar o bebé. E nunca deixem – então agora que o tempo está quente, e mesmo que o carro não esteja ao sol – um bebé fechado dentro de um carro. Nem que seja para ir buscar o irmão ao infantário ou comprar o jornal.
(Obrigado à mãe do Carlos pelo seu testemunho.)


A desidratação é um dos maiores riscos para as crianças, porque as perdas de água, num corpo pequeno, se fazem sentir com valores muito baixos. E também porque a percentagem de água no corpo infantil é muito maior do que no do adulto. A somar a estas razões, deve sublinhar-se que os sintomas de desidratação são mais graves e evoluem mais rapidamente para a degradação, coma e morte.


O exemplo do Carlos é, porventura, um caso extremo e, por isso, raro. Mas todos os dias, crianças brincam em ambientes quentes ou demasiadamente vestidas e, que na cidade, no campo ou na praia, sofrem risco de desidratação. Frequentemente, os sintomas não são notados ao princípio: irritabilidade, sonolência, não se contentar com nada, não querer comer – são sinais de uma eventual birra, e o tempo que se perde a tentar ralhar ou educar pode ser essencial. Dar primeiro água e depois protestar, se ainda for caso disso, parece-me bastante mais adequado. E não se deve usar o argumento: «espera que acabaste de beber», ou «espera que agora não me dá jeito parar». A desidratação, nas crianças, é galopante.

O meu bebé já pode beber água?
Deve-se dar água às crianças ou não? O problema é simples de resolver: as crianças precisam de água e, em condições normais a quantidade de líquidos que ingerem na alimentação normal chega para equilibrar o que perdem. Se estas perdas estiverem aumentadas (calor, febre, diarreia, respiração acelerada por febre ou por infecções respiratórias, vómitos) há que aumentar a quantidade de líquidos oferecida. Quanto mais novas são as crianças, mais sensíveis são a alterações e mais rapidamente se desidratam, até porque, proporcionalmente, têm mais água do que os adultos. Portanto, se estiver um dia muito quente deve oferecer-se água nos intervalos das refeições. Se a criança quiser, óptimo. Se recusar (e não estiver tão doente que a recusa se deva a isso) óptimo também: é porque não precisa.

Que água?
Embora a maioria das localidades já tenha água potável, há que ter atenção redobrada no Verão, conforme recomenda o Ministério da Saúde: a água proveniente de fontes, fontanários ou poços que não tenham a indicação expressa de ser potável, não deve ser utilizada para beber ou confeccionar alimentos. Mas se estiver num local onde a água é normal, o que acontece com a maioria dos concelhos, a água da torneira é a mais indicada .

Sinais de desidratação
Seja porque está calor, porque a criança tem muita roupa e anda a correr, ou porque tem febre, dificuldade respiratória, vómitos ou diarreia, a ingestão de água pode ser deficiente para as necessidades, gerando uma situação de desidratação.
Os sintomas mais frequentes são:
- olhos encovados;
- fontanela deprimida (nos bebés);
- pele com perda de elasticidade, especialmente na barriga (o «belisco» fica);
- sede intensa; boca seca;
- urinar menos (fraldas secas);
- irritabilidade, birras; desinteresse, apatia.


Refrigerantes
Um artigo publicado na Pediatrics, a revista porta-voz da Academia Americana de Pediatria, volta a chamar a atenção para um problema: a substituição da água por refrigerantes. As crianças que consumiam grandes quantidades destas bebidas tinham maior risco de diabetes e doenças cardíacas na adolescência. Estamos a falar de doenças graves. E estamos a falar de comportamentos evitáveis e de hábitos que podem ser mudados desde que os pais assim o queiram, mesmo correndo o risco de ter de enfrentar a Dona Birra.
O consumo de refrigerantes é muito grande. Não apenas nas pastelarias e restaurantes, onde é raro ver um menino pedir leite ou água, mas também em casa. E em casa, há a mania de que a água da torneira «não é boa», o que, na maioria dos casos, é um autêntico disparate. Fica o aviso – cada um fará o que entender, mas com a certeza de que a saúde que estão a destruir é a do vosso filho, já para não falar no teor de açúcar que causa obesidade e cárie dentária, ou no gás que dilata o tubo digestivo

Como rehidratar uma criança?
Nos casos em que a criança está muito prostrada, ou em que já não consegue beber sem vomitar, deve ser levada imediatamente a um serviço de urgência, porque necessitará, certamente, de hidratação através de soro endovenoso. Em casa, é essencial assegurar que a criança consegue beber pelo menos tantos líquidos quanto está a perder pela temperatura ambiental excessiva, diarreia, vómitos, febre e respiração acelerada. Nas primeiras cinco a seis horas, devem-se dar as soluções de rehidratação oral, que existem nas farmácias. Se não houver hipótese de ir à farmácia, poder-se-á fazer um soro caseiro, com sal da cozinha – uma colher de chá e açúcar – uma colher de sobremesa bem cheia e dissolvidas em um litro de água. Como o estômago está super-irritado, e contrai-se mal enche, é importante dar pequenas quantidades de cada vez, mas muito frequentemente, para o soro entrar sem o estômago dar por isso. Isto exige muita paciência, mas resulta, e rapidamente os pais verão recompensada a sua atitude.


Se passadas essas cinco a seis horas os vómitos cederam, pode começar-se, devagarinho, a introduzir alimentos, mas de preferência evitando os mais agressivos: e legumes verdes, frutos com sumo e o leite. As colas são recomendadas por alguns médicos, porque têm água, açúcar e são bem aceites pela criança. No entanto, quando utilizadas devem ser diluídas com outro tanto de água. Nunca deve ser recusada água, a qual deve ser oferecida, durante a rehidratação, nos intervalos do soro.
 
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