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Em 11 anos, o SATU registou uma média diária de 550 passageiros. Foto: DR
O Sistema Automático de Transportes Urbanos (SATU), sem condutor, eléctrico e não poluente, funciona como uma espécie de elevador na horizontal. Mas a polémica à sua volta começou logo na viagem inaugural.
O metro de superfície de Oeiras, SATU, realiza a sua última viagem este domingo, cumprindo um encerramento sentenciado pelo Governo, que põe fim a um trajecto marcado por dívidas e dúvidas.
Foi logo na sua viagem inaugural que o Sistema Automático de Transportes Urbanos (SATU) sem condutor, eléctrico e não poluente começou a dar que falar.
O preço dos bilhetes foi o motivo de protestos.
Um ano depois, os protestos continuavam, agora da parte de moradores que alertavam para o ruído provocado por um meio de transporte que circulava “vazio”.
O SATU funciona como uma espécie de elevador na horizontal. É um comboio monocarril e não tripulado e foi dado a conhecer ao país a 7 de Junho de 2004.
O projecto custou 20 milhões de euros e teve como mentor o ex-presidente da Câmara Municipal de Oeiras Isaltino Morais, mas foi inaugurado por Teresa Zambujo (PSD), que liderava o executivo na altura, e pelo então ministro dos Transportes e Obras Públicas, Carmona Rodrigues.
Em 2005, começaram também a surgir as primeiras exigências da oposição de esquerda na Câmara de Oeiras para que se fechasse o SATU, apontado como “um elefante branco do ponto de vista económico”.
Cinco anos depois, foram conhecidos os reais prejuízos da empresa: 17 milhões de euros acumulados desde o seu início.
A empresa municipal que gere o SATU foi alvo de um inquérito titulado pelo Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) do Ministério Público, tendo sido realizadas buscas à sede da empresa, no Lagoas Parque. Mas a sua legalidade foi sempre defendida por Isaltino Morais, então presidente da Câmara de Oeiras, principal accionista do SATU (51%).
O trajecto do SATU liga Paço de Arcos e o Oeiras Parque, numa extensão de cerca de 1,2 quilómetros. Havia a intenção de expandir a rede, o que nunca aconteceu.
Envolto em polémica, o SATU foi tema de debate numa sessão pública promovida pela Câmara de Oeiras, em Janeiro de 2013, com a maioria dos munícipes a defender o seu encerramento e a autarquia a reconhecer os elevados prejuízos.
Foi em 2014 que a ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, determinou a “dissolução oficiosa” da empresa, tendo por base a verificação de três das quatro situações de natureza financeira que implicam a dissolução obrigatória de empresas municipais.
O actual presidente da Câmara de Oeiras, Paulo Vistas, desistiu. “Não tenho mais como lutar por este projecto.
Eu continuo a acreditar nele”, mas só seria viável “com continuação de investimento”, afirmou em Abril, anunciando o encerramento do SATU para 31 de Maio.
Em declarações à agência Lusa, Paulo Vistas garantiu que a Câmara de Oeiras não iria ficar com nenhum encargo e que o prejuízo de 40 milhões de euros será suportado pelo parceiro privado, a Teixeira Duarte.
Nos 11 anos de funcionamento, o SATU registou uma média diária de 550 passageiros.
In:rr.sapo.pt