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A escola do meu tempo, não a quero de volta!

mjtc

GF Platina
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Sempre que passa mais um 25 de Abril, e já lá vão muitos, sobretudo nos últimos anos em que as dificuldades têm crescido e atormentado mais gente, são razoavelmente frequentes discursos de descrença e desesperança ouvindo-se enunciados como "afinal o 25 de Abril... e estamos como estamos", ou "isto está pior do antes do 25 de Abril". Devo dizer que não simpatizo com este tipo de enunciados e daí estas notas. Sendo certo que estamos atravessar tempos de chumbo e com a confiança em baixo, também é verdade que não é sequer possível comparar o Portugal de hoje com o país de 1973. Para refrescar algumas memórias ou contar alguma história aos mais novos, deixem que vos fale da escola do meu tempo, o tempo dos anos 50 e 60. Escolho falar da escola porque é uma área que conheço um pouco melhor, mas poderia fazer o mesmo exercício em todas as outras áreas de funcionamento da nossa sociedade. Não me esqueço, antes pelo contrário, que a nossa educação, a escola, como tudo o resto, atravessa um período complicado e com problemas muito sérios, mas só a falta de memória ou o desconhecimento sustenta o "antigamente era melhor".

Vou-vos falar um pouco da escola do meu tempo, conversa de velho, já se vê.

Na escola do meu tempo nem todos lá entravam e muitos dos que o conseguiam saíam ao fim de pouco tempo, ficando com a 2ª ou 3ª classe, como então se chamava. Chegava para um país atrasado, rural e sem necessidade de qualificação.

Na escola do meu tempo os rapazes estavam separados das raparigas.

Na escola do meu tempo havia um só livro e toda a gente aprendia apenas o que aquele livro trazia.

Na escola do meu tempo levavam-se muitas reguadas, basicamente por dois motivos, por tudo e por nada.

Na escola do meu tempo, ensinavam-nos a ser pequeninos, acríticos e a não discutir, o que quer que fosse.

Na escola do meu tempo eu era obrigado a ter catequese, religiosa e política.

Na escola do meu tempo aprendia-se que os homens trabalham fora de casa e as mulheres cuidam do lar e dos filhos.

Na escola do meu tempo não aprender não era um problema, quem não tinha jeito para a escola, ia para o campo.

No tempo da minha escola, quem mandava no país achava que muita escola não fazia bem às pessoas, só a algumas. Ao meu pai perguntaram porque me tinha posto a estudar depois da 4ª classe, não era frequente naquele meio. Para ser serralheiro como ele não precisava de estudar mais.

Na escola do meu tempo não se falava do lado de fora de Portugal. Do lado de dentro só se falava do Portugal cinzento e pequenino. Na escola do meu tempo eu era avisado em casa para não falar de certas coisas na escola, era perigoso. As pessoas até podiam ser presas e maltratadas.

Sim, eu sei, não precisam de me dizer que a escola deste tempo ainda tem muitas coisas parecidas com a escola do meu tempo. Também estou muito preocupado com o que vai acontecendo na escola de hoje. Mas o caminho é mesmo melhorar a escola deste tempo não é, não pode ser, querer a escola do meu tempo.

José Morgado: professor universitário no Instituto Superior de Psicologia Aplicada - Instituto Universitário.
 

afmafmafm

GF Prata
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Que sorte o Sr. Professor teve em ir estudar!

Eu no meu tempo, fiz a quarta classe com 9 anos, e fui logo trabalhar, a professora perguntou aos meus pais, porque não me deixavam ir estudar, que eu era um aluno esperto, ao que eles responderam, que vá trabalhar, que é mas é um malandro. "Quer ir estudar?" Era o que faltava!

Enfim, outros tempos
 

Silva51

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No meu tempo de escola porradinha dos professores e dos nossos pais e fominha era uma fartura.
Hoje os alunos vão para a escola de barrriga cheía e vão nos automóveis dos papas e das mamãs. Mal sabem a tabuada de cor e salteada. Quem não souber na sabem fazer contas, como se vê hoje muitos doutores e não só precisam da maquina calculadora,e os meninos de hoje se um prefessor ou professora der um puxão de orelhas ao menino, no dia seguinte tá na escola o pai, a mãe, avô, o tio, o cão, o gato, para baterem nos professores. Pois antigamente era 8 ou 80 e hoje?
 
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DX2

GF Ouro
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Sempre que passa mais um 25 de Abril, e já lá vão muitos, sobretudo nos últimos anos em que as dificuldades têm crescido e atormentado mais gente, são razoavelmente frequentes discursos de descrença e desesperança ouvindo-se enunciados como "afinal o 25 de Abril... e estamos como estamos", ou "isto está pior do antes do 25 de Abril". Devo dizer que não simpatizo com este tipo de enunciados e daí estas notas. Sendo certo que estamos atravessar tempos de chumbo e com a confiança em baixo, também é verdade que não é sequer possível comparar o Portugal de hoje com o país de 1973. Para refrescar algumas memórias ou contar alguma história aos mais novos, deixem que vos fale da escola do meu tempo, o tempo dos anos 50 e 60. Escolho falar da escola porque é uma área que conheço um pouco melhor, mas poderia fazer o mesmo exercício em todas as outras áreas de funcionamento da nossa sociedade. Não me esqueço, antes pelo contrário, que a nossa educação, a escola, como tudo o resto, atravessa um período complicado e com problemas muito sérios, mas só a falta de memória ou o desconhecimento sustenta o "antigamente era melhor".

Vou-vos falar um pouco da escola do meu tempo, conversa de velho, já se vê.

Na escola do meu tempo nem todos lá entravam e muitos dos que o conseguiam saíam ao fim de pouco tempo, ficando com a 2ª ou 3ª classe, como então se chamava. Chegava para um país atrasado, rural e sem necessidade de qualificação.

Na escola do meu tempo os rapazes estavam separados das raparigas.

Na escola do meu tempo havia um só livro e toda a gente aprendia apenas o que aquele livro trazia.

Na escola do meu tempo levavam-se muitas reguadas, basicamente por dois motivos, por tudo e por nada.

Na escola do meu tempo, ensinavam-nos a ser pequeninos, acríticos e a não discutir, o que quer que fosse.

Na escola do meu tempo eu era obrigado a ter catequese, religiosa e política.

Na escola do meu tempo aprendia-se que os homens trabalham fora de casa e as mulheres cuidam do lar e dos filhos.

Na escola do meu tempo não aprender não era um problema, quem não tinha jeito para a escola, ia para o campo.

No tempo da minha escola, quem mandava no país achava que muita escola não fazia bem às pessoas, só a algumas. Ao meu pai perguntaram porque me tinha posto a estudar depois da 4ª classe, não era frequente naquele meio. Para ser serralheiro como ele não precisava de estudar mais.

Na escola do meu tempo não se falava do lado de fora de Portugal. Do lado de dentro só se falava do Portugal cinzento e pequenino. Na escola do meu tempo eu era avisado em casa para não falar de certas coisas na escola, era perigoso. As pessoas até podiam ser presas e maltratadas.

Sim, eu sei, não precisam de me dizer que a escola deste tempo ainda tem muitas coisas parecidas com a escola do meu tempo. Também estou muito preocupado com o que vai acontecendo na escola de hoje. Mas o caminho é mesmo melhorar a escola deste tempo não é, não pode ser, querer a escola do meu tempo.

José Morgado: professor universitário no Instituto Superior de Psicologia Aplicada - Instituto Universitário.
Sr. Prof., eu estava na 2ª classe quando se deu o 25 de Abril, por isso não tenho muito a noção do que se passava no ensino naquela altura, tirando o facto de se ensinar bem, haver mais disciplina e mais asseio (coisas que não se podem considerar más), mas se quer comparar ensinos compare o de hoje com o da segunda metade dos anos 70 e o dos anos 80. As pessoas dessa geração são, na sua grande maioria, as pessoas melhor formadas que nós temos. Se puser alguém que tenha feito a escolaridade durante esse período (mesmo que só tenha o 9º ano) ao pé dos licenciados actuais, estes últimos são comparáveis um aluno da primária: não sabem escrever, não sabem raciocinar e, em muitos casos, mal sabem ler.

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mjtc

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Amigos, fiz parte da geração que andou na escola no período da segunda metade dos anos 70 à primeira metade dos anos 80. Nesse tempo, a escolaridade obrigatória era o 6º ano de escolaridade, e ter o 9º ano era muito mais difícil do que agora, pois a matéria era muito mais difícil. Nem todos podiam dar-se ao luxo de ter o 11º ou mesmo o 12º ano, porque nem todos os liceus tinham essa escolaridade. Geralmente, encontravam-se mais nas cidades ou arredores, porque na zona rural, era quase inexistente. Na minha zona, Sintra, ainda havia possibilidades de fazer o 11º ano, porque existia um liceu na Portela de Sintra (que só teve o 12º ano a partir de 1990). Mesmo para fazer o 12º ano (antigo propedêutico), tinha-se de ir para o Cacém. Mas existia outros liceus com apenas o ensino preparatório ou mesmo até ao 7º ou 8º ano. Só a partir de 1985/86, é que se começou a aumentar a escolaridade nas escolas.

Mas também fomos uma geração ligada à TV a preto e branco, com 2 canais, que passavam programas culturais, como história, geografia, zoologia, astronomia, que eram divulgados através de documentários, como A Vida na Terra, O Planeta Vivo, Cosmos; assistíamos a desenhos animados como a série Era uma vez o Homem (que brincava com a história). Já para não falar de livros históricos que se liam, bem como as colecções de cromos sobre história, bandeiras, anatomia, etc. Na infância tínhamos os kalkitos com temas históricos. Podemos afirmar que tivemos uma infância e adolescência com muita informação, numa época que não havia Google.

Não estivemos assim tão mal.;)
 

mjtc

GF Platina
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Se puser alguém que tenha feito a escolaridade durante esse período (mesmo que só tenha o 9º ano) ao pé dos licenciados actuais, estes últimos são comparáveis um aluno da primária: não sabem escrever, não sabem raciocinar e, em muitos casos, mal sabem ler.

DX2 tudo depende: independentemente da escolaridade, existem pessoas mais cultas do que outras. O motivo depende dos hábitos de leitura e dos conhecimentos adquiridos ao longo da vida. Sempre existiu pessoas ignorantes, e vai continuar a haver. Antigamente, poucas pessoas sabiam ler e escrever; hoje não sabem interpretar um texto. Houve melhorias. Temos mais acesso aos conhecimentos, através de uma variedade de leitura adquirida dos livros e da Internet (onde existe uma variedade de informação). Existe ainda falta de hábito de ler que na minha opinião tem a haver com o ambiente cultural onde estamos inseridos. Existe um longo caminho a percorrer, mas já temos acesso, agora só precisamos de aplicar.
 

DX2

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Amigos, fiz parte da geração que andou na escola no período da segunda metade dos anos 70 à primeira metade dos anos 80. Nesse tempo, a escolaridade obrigatória era o 6º ano de escolaridade, e ter o 9º ano era muito mais difícil do que agora, pois a matéria era muito mais difícil. Nem todos podiam dar-se ao luxo de ter o 11º ou mesmo o 12º ano, porque nem todos os liceus tinham essa escolaridade. Geralmente, encontravam-se mais nas cidades ou arredores, porque na zona rural, era quase inexistente. Na minha zona, Sintra, ainda havia possibilidades de fazer o 11º ano, porque existia um liceu na Portela de Sintra (que só teve o 12º ano a partir de 1990). Mesmo para fazer o 12º ano (antigo propedêutico), tinha-se de ir para o Cacém. Mas existia outros liceus com apenas o ensino preparatório ou mesmo até ao 7º ou 8º ano. Só a partir de 1985/86, é que se começou a aumentar a escolaridade nas escolas.
Eu fiz a escolaridade numa vila pequena onde, para além das escola primárias, existia um único ciclo preparatório feito de pré-fabricados e uma única escola secundária, mas que recebia estudantes de concelhos vizinhos ainda mais rurais do que o meu e que vinham fazer do 10º ao 12º ano, porque havia uma rede de transportes públicos bem estruturada que dava a esses alunos a possibilidade de estudar para além dos 7º, 8º e 9º anos existentes nas suas escolas locais, portanto se eles faziam o "sacrifício" de ter de fazer 15 ou 20 km para vir estudar é porque não pensavam abandonar os estudos no 2º ano do ciclo ou no 9º ano. Isto tudo numa das tais "zonas rurais".

Ao contrário desse Sr. Prof que citaste, que dá a entender que era tudo mau no ensino naquela altura, eu dou graças por terem construído aqui uma Escola Industrial e Comercial, com um bom parque oficinal, bons laboratórios, boas salas de aulas, ginásio, três ringues, cozinha, refeitório e bar, que formou muito serralheiro, mecânico, electricista, contabilista, empregado de balcão, bancário, etc, e que manteve esse nível de ensino mesmo depois do 25 de Abril.
E viva a província!

DX2
 
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DX2 tudo depende: independentemente da escolaridade, existem pessoas mais cultas do que outras. O motivo depende dos hábitos de leitura e dos conhecimentos adquiridos ao longo da vida. Sempre existiu pessoas ignorantes, e vai continuar a haver. Antigamente, poucas pessoas sabiam ler e escrever; hoje não sabem interpretar um texto. Houve melhorias. Temos mais acesso aos conhecimentos, através de uma variedade de leitura adquirida dos livros e da Internet (onde existe uma variedade de informação). Existe ainda falta de hábito de ler que na minha opinião tem a haver com o ambiente cultural onde estamos inseridos. Existe um longo caminho a percorrer, mas já temos acesso, agora só precisamos de aplicar.
Independentemente de todas essas variantes, há uma coisa que piorou (e muito): ler, escrever e fazer contas, ou seja, o básico. Nós estávamos melhor preparados no fim da primária do que muita gente com o 12º ano desde os anos 90 até agora.
Hoje em dia não sabem interpretar textos porque não sabem ler. De que serve todo o conhecimento existente na internet se não se percebe qual a sua utilidade?
Ninguém (ou quase ninguém) hoje em dia consegue fazer até a mais simples operação aritmética sem recorrer à calculadora do telemóvel (sim, porque toda a gente tem um ou mais do que um).
Escrever? Bem, esse é actualmente o nosso maior "cancro". Basta ir aos fóruns e redes sociais para perceber que talvez só cerca de 1% de quem lá escreve se preocupa em (ou sabe) escrever bem. E não me venham com a conversa da treta que não é preciso escrever bem, é preciso é que se perceba! Isso é o que pensam os ignorantes para se convencerem que não o são.

DX2
 

p.rodrigues

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E só eu sei o que passo muitas vezes para perceber o que estão a informar com a escrita que praticam...

Algo que sempre reparei é sobre um pedido de ajuda para obter uma localização... as pessoas até sabem onde é mas, na maioria dos casos, é visível a dificuldade em relatar pormenorizadamente os detalhes de como chegar a essa localização.
 

yz.™

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E só eu sei o que passo muitas vezes para perceber o que estão a informar com a escrita que praticam...

Algo que sempre reparei é sobre um pedido de ajuda para obter uma localização... as pessoas até sabem onde é mas, na maioria dos casos, é visível a dificuldade em relatar pormenorizadamente os detalhes de como chegar a essa localização.

Boas:
Todas as pessoas são diferentes e cada uma expressa-se com mais ou menos dificuldade de forma escrita ou verbal. Saber expressar-se é um atributo nato o treino apenas melhora mas não faz o mestre, É hoje das mais importantes capacidades para a valorização e realização pessoal. Espero ter conseguido fazer-me entender!
 

p.rodrigues

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Boas:
Todas as pessoas são diferentes e cada uma expressa-se com mais ou menos dificuldade de forma escrita ou verbal. Saber expressar-se é um atributo nato o treino apenas melhora mas não faz o mestre, É hoje das mais importantes capacidades para a valorização e realização pessoal. Espero ter conseguido fazer-me entender!

Não é que discorde ou concorde com a tua opinião... mas pelo menos na escrita, até porque é um formato com regras (não que a oral não as possua) todos os que estão habilitados a escrever deveriam procurar o fazer o mais correctamente possível...

E até temos uma ajuda: colocar um corrector ortográfico activo no browser! Escreve-se algo incorrecto e somos "convidados" a corrigir... com o tempo
fazemos questão de nos enganarmos o menos possível! É isso existe para o correio electrónico e outro tipo de aplicações.

Já a "construção" de uma frase, uma descrição, qualquer texto deve ser o mais preciso possível de forma a não deixar nada "esquecido"... aqui a dificuldade será maior até porque existem muitos factores que influenciam tal acção.

Se saber-se expressar é um atributo nato... é possível. Sempre existiram grande oradores... a mestria a que te referes lembra-me logo grandes "charlatães" com o tal "atributo nato" a que te referes...

Quanto à valorização pessoal deves te estar a referir à pessoal e à profissional... sim serão importantes, restará saber o uso que se lhe fará.
 

mjtc

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Eu fiz a escolaridade numa vila pequena onde, para além das escola primárias, existia um único ciclo preparatório feito de pré-fabricados e uma única escola secundária, mas que recebia estudantes de concelhos vizinhos ainda mais rurais do que o meu e que vinham fazer do 10º ao 12º ano, porque havia uma rede de transportes públicos bem estruturada que dava a esses alunos a possibilidade de estudar para além dos 7º, 8º e 9º anos existentes nas suas escolas locais, portanto se eles faziam o "sacrifício" de ter de fazer 15 ou 20 km para vir estudar é porque não pensavam abandonar os estudos no 2º ano do ciclo ou no 9º ano. Isto tudo numa das tais "zonas rurais".

Ao contrário desse Sr. Prof que citaste, que dá a entender que era tudo mau no ensino naquela altura, eu dou graças por terem construído aqui uma Escola Industrial e Comercial, com um bom parque oficinal, bons laboratórios, boas salas de aulas, ginásio, três ringues, cozinha, refeitório e bar, que formou muito serralheiro, mecânico, electricista, contabilista, empregado de balcão, bancário, etc, e que manteve esse nível de ensino mesmo depois do 25 de Abril.
E viva a província!

DX2

Sim DX2, é verdade. Esse exemplo que citaste de uma escola secundária na província, é louvável. Mas a realidade, é que nem todas as zonas rurais tinham acesso a esse tipo de escola, devido a falta de transportes públicos e as dificuldades económicas de muitas famílias. Já para não citar que nesse tempo, muitos pais queriam era ver os filhos a trabalhar.
 

mjtc

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Independentemente de todas essas variantes, há uma coisa que piorou (e muito): ler, escrever e fazer contas, ou seja, o básico. Nós estávamos melhor preparados no fim da primária do que muita gente com o 12º ano desde os anos 90 até agora.Hoje em dia não sabem interpretar textos porque não sabem ler. De que serve todo o conhecimento existente na internet se não se percebe qual a sua utilidade? Ninguém (ou quase ninguém) hoje em dia consegue fazer até a mais simples operação aritmética sem recorrer à calculadora do telemóvel (sim, porque toda a gente tem um ou mais do que um). Escrever? Bem, esse é actualmente o nosso maior "cancro". Basta ir aos fóruns e redes sociais para perceber que talvez só cerca de 1% de quem lá escreve se preocupa em (ou sabe) escrever bem. E não me venham com a conversa da treta que não é preciso escrever bem, é preciso é que se perceba! Isso é o que pensam os ignorantes para se convencerem que não o são. DX2

DX2, concordo plenamente com o que dizes. Infelizmente, existe um novo tipo de analfabetismo: o funcional (que sabe ler e escrever, mas não sabe interpretar). Isso nota-se nos fóruns, especialmente aqui no Gforum, onde certos moderadores responsáveis pelas suas áreas, misturam os temas. Já não digo os outros membros. Critico um pouco certos moderadores, devido à responsabilidade assumida, e por isso deviam melhorar as suas qualidades. Por isso, é que acho que no fórum decente, os temas deviam ser moderados por pessoas qualificadas ou com conhecimentos razoáveis dos assuntos. Mas esse problema é geral em muitos fóruns pela Internet. Todos cometemos erros: mas existem erros e erros.
 

mjtc

GF Platina
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Em relação ao Gforum, posso dar apenas alguns exemplos de falta de competência, o que revela a formação de quem lideram o fórum:

- Neste fórum, aposta mais nos tópicos relacionados com TV cabo ou satélite, Internet, Informática e outras tecnologias (quem tem mais audiência), e descuidam-se de outros temas igualmente importantes (mas menos visitados), nos quais são moderados por moderadores com bons conhecimentos do assunto, ou postados por membros não moderadores. O desinteresse da administração em apoiar estes elementos de qualidade, originou a saída de alguns (que deixaram bom trabalho e quadros criados), sendo substituídos por moderadores sem conhecimentos do assunto (só porque são fixes), o que revela falta de formação.

- Outro assunto notável é a quantidade de temas postados em brasileiro, sem o tratamento de traduzir em português. Não existe uma elaboração do tema, apenas postam tal como na fonte. Se queremos criar um tema, devemos aprender como se fazia uma redacção na escola. Devemos saber elaborar o assunto, podendo copiar e alterar com conhecimentos, adquirindo imagens (nem sempre iguais) sobre o mesmo tema, bem como vídeos (esse pode se repetido, dado a importância do tema). Os assuntos elaborados não devem ser iguais ao tema da fonte, mas escritos de forma diferente sobre o mesmo tema. Significa assim que um fórum distingue do "lixo" repetido de outros fóruns.

Tenho notado na Internet, alguns elementos a aplicar esse conhecimento com sucesso, quer nos fóruns, blogs, etc. Mas infelizmente, representam apenas 1% dos membros.

Nota: Não aproveitei este tópico para criticar a administração, apenas para dar o exemplo de falta de formação cultural de certos elementos, que representam no final o reflexo da sociedade portuguesa, de um modo geral.
 
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