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Desenvolvimento prejudica lobos
Só no distrito de Vila Real, presença do animal diminuiu 25 por cento
O tão ansiado desenvolvimento do distrito de Vila Real, com a construção de auto-estradas, parques eólicos e barragens, vai colidir directamente com o lobo ibérico colocando em causa a sua sobrevivência neste território, alertou hoje o Grupo Lobo.
As alterações no habitat destes animais são tão «grandes» que podem mesmo, segundo a bióloga Ana Margarida Guerra, levar à extinção do lobo na área do distrito de Vila Real. «Nestes últimos anos registou-se um decréscimo da população e, actualmente, pensamos que haverá menos de 90 lobos neste território», referiu a investigadora.
Para que a sobrevivência da espécie seja assegurada, o Grupo Lobo defende a integração desta área num Plano Nacional de Acção para o Lobo, «há muitos anos previsto e nunca implementado».
O «ideal» seria mesmo que as barragens previstas não fossem construídas, pelo menos tantas numa zona tão próxima, nem os aerogeradores colocados nas serras. Mas, não podendo impedir a sua concretização, a bióloga defende que seja «já salvaguardada a mitigação dos impactos ao longo das margens, impedindo, por exemplo, a construção de edifícios».
«O novo desafio para a conservação do lobo é que estas novas infra-estruturas tenham em conta a sua existência», salientou.
Monitorização do lobo
A construção de duas auto-estradas, a A24 e a A7, deram início a um projecto de monitorização da população lupina local, coordenado pelo Grupo Lobo e apoiado pelas concessionárias Aenor e Norscut. São 1.648 hectares, desde Vila Real a Chaves e Montalegre, separados em 109 quadrículas e 130 transectos (percursos), que são minuciosamente percorridos de três em três meses.
«No início encontramos indícios, dejectos, urina ou pegadas, em 95 por cento das quadrículas e, em dois anos, verificamos que a presença do lobo diminuiu em 25 por cento», referiu a investigadora.
Outras das metodologias utilizadas pelos investigadores para estudar o predador é a «armadilhagem fotográfica». As máquinas, com sensores de temperatura e de movimento que disparam à passagem de qualquer animal ou até pessoa, são deixadas durante quinze dias no campo. Depois é ir verificar o que elas registaram e aguardar «uma surpresa».
Ana Guerra adiantou que, ainda este ano, se pretende colocar colares com rádio-emissores para seguimento por telemetria de alguns lobos.
IOL