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Durão Barroso: "Acabou-se o consenso político e económico. É um tempo de transição"

kokas

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Set 27, 2006
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O ex-presidente da Comissão Europeia acredita que é preciso melhorar a cooperação das forças de segurança para combater o terrorismo.
Davos acontece numa altura em que o mundo atravessa grandes convulsões - económicas mas também políticas, humanitárias. Esta conferência será especial?
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Todos os anos são especiais, mas neste Davos começa com um ambiente algo sombrio. Os mercados estão com muitas dúvidas, há um clima de inquietação, a volatilidade é crescente e há preocupação com a desaceleração do crescimento. Juntando a isto uma Rússia mais afirmativa, os problemas geopolíticos na Ucrânia, a transição de poder nos Estados Unidos - estamos a viver o phasing out da presidência de Obama - há fatores preocupantes.O mundo está diferente.Sim, já não é a Europa que está no centro das atenções, no centro de todos os males por causa da crise. Percebeu-se que há problemas estruturais e neste ano Davos talvez seja especial porque há dúvidas quanto ao sucesso da globalização. Há quem acredite que a globalização está descontrolada, mas se for bem gerida é capaz de resolver os problemas. Hoje vivemos as réplicas do terramoto que foi a crise. Acabou-se o consenso. Mesmo nos países mais desenvolvidos, esbateu-se o consenso político e económico que havia. Vivemos tempos de transição.Elite mundial teme crise de liquidez generalizada
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O movimento de refugiados para a Europa e a ameaça do terrorismo têm um papel central nessa mudança? É por isso que foram incluídos nos temas em debate no World Economic Forum?É natural essa inclusão, porque são questões que preocupam o mundo - não só a Europa mas as economias mais avançadas. Em 2014 identifiquei a emigração como prioridade, como um dos principais desafios para o mundo - tinha visitado um campo de refugiados na Síria e assistido em Lampedusa a uma cerimónia que muito me impressionou: o enterro de 300 pessoas que tinham morrido na travessia. Estava sensibilizado para o assunto. Agora está no topo da agenda. Este crescimento da emigração mundial coloca desafios às sociedades e tem consequências políticas, como o aumento do populismo e do extremismo. Veja-se o caso dos Estados Unidos: com as declarações xenófobas que tem feito, Donald Trump lidera as sondagens. Não se percebe como isto acontece. Mas a emigração também levanta problemas económicos e é normal que Davos inclua estas questões na agenda. E é essencial termos o cuidado de distinguir refugiados de terroristas.Os recentes atentados mudaram tudo. A Europa vai ter de aprender a viver com medo?O problema é geral: a ameaça do terrorismo não afeta só a Europa, afeta todos - veja-se o ataque recente em São Bernardino, em que um casal que não tinha ligações ao Daesh se deixou radicalizar, autoproclamou-se executor desse movimento e matou indiscriminadamente, incluindo idosos e pessoas com deficiência. Mas de certa forma é algo novo, sim, porque antes era dirigido contra políticos, contra monarcas, enquanto estes atos de terrorismo islâmico são contra inocentes e em larga escala, com meios muito mais avançados do ponto de vista técnico. E com o autossacrifício, o que coloca problemas de controlo muito maiores.O que podemos fazer contra isso?A solução de fundo passa por resolver o problema na origem, num Médio Oriente alargado (Síria, Iraque, Líbia...), mas vai demorar. Entretanto, temos de aumentar a segurança. É essencial melhorar a cooperação entre polícias e forças de segurança dos países e reforçar as fronteiras externas. Não é introduzir novas fronteiras europeias, não é assim que se evita o problema. É com uma cooperação mais íntima das forças de segurança. E é preciso exigir aos países [onde o Estado Islâmico tem ganho espaço] que também cooperem, sem ambiguidade. A maioria dos muçulmanos não é nem tem relação com o terrorismo, mas se não ajudarem a resolver o problema eles próprios contribuem para essa identificação injusta. Uma ação exclusiva do Ocidente só daria força ao argumento da vitimização contra o Ocidente que os terroristas demonizam.


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