• Olá Visitante, se gosta do forum e pretende contribuir com um donativo para auxiliar nos encargos financeiros inerentes ao alojamento desta plataforma, pode encontrar mais informações sobre os várias formas disponíveis para o fazer no seguinte tópico: leia mais... O seu contributo é importante! Obrigado.

Empresas revelam aplicações práticas da blockchain

Amoom

Super-Moderador
Team GForum
Entrou
Fev 29, 2008
Mensagens
5,095
Gostos Recebidos
2
Nos vinhos, na pesca, no transporte marítimo, na banca e até no mercado dos diamantes. Tecnologia chega a múltiplas indústrias.

computador-programacao-memória-tecnologia-eletronica-925x578.jpg


A Europa é uma das geografias onde a adoção da tecnologia blockchain está mais desenvolvida. Além das grandes empresas, muitas startups e incubadoras de blockchain estão a surgir, avança Gabriel Coimbra, diretor-geral da IDC Portugal. Um dos motivos para este panorama é “a vontade de proporcionar medidas de maior segurança na gestão de dados, algo particularmente relevante devido à implementação do Regulamento Geral de Proteção de Dados (RGPD)” em maio de 2018.

Estão inúmeras provas de conceito em curso, mas também implementações a operar como é o caso do banco holandês ABN AMRO que, através de uma parceria com a IBM, disponibilizou tecnologia blockchain para transações imobiliárias. “Neste sistema, o comprador, vendedor, banco e conservatória do registo predial estão ligados através de um livro de registo distribuído, em que as transações efetuadas geram validações praticamente imediatas de cada uma das entidades”, exemplifica Gabriel Coimbra.

A IDC recomenda a participação em diferentes indústrias como forma de ganhar conhecimento e experiência relativamente à tecnologia blockchain. Desta forma, é possível criar o corpo de conhecimento necessário para tirar partido das suas vantagens”.

Nelson Pereira, CTO da Noesis, refere que a blockchain pode ser aplicada na área da cadeia de valor de abastecimento, ao permitir a ligação e acompanhamento dos processos de forma ágil, em sistemas de reservas e mesmo à Internet das Coisas. “A razão é simples: qualquer indústria pode beneficiar, ou ser transformada, por processos seguros de ligação entre pares, o princípio base da tecnologia blockchain. À medida que os contratos definidos em cada bloco evoluem em complexidade, também o potencial de utilização ir-se-á alargando”, explica Nelson Pereira que, embora ainda não tenha exemplos da sua empresa para apresentar, refere que “a blockchain é mais um exemplo de uma tecnologia que equacionamos vir a utilizar em soluções sofisticadas como as que desenvolvemos com base na Internet das coisas”.

Por seu lado, a SAP dá como exemplo uma empresa sul-africana de diamantes que integrou a tecnologia SAP blockchain nos seus processos de gestão, através do consórcio Everledger. O objetivo é “recolher informação dos seus ativos, definindo as suas características, história e propriedade, com o intuito de criar um registo permanente numa cadeia de blocos. Esta impressão digital é então usada pelas várias partes interessadas em todo o encanamento da cadeia de fornecimento, não só para garantia da proveniência da forma, como para verificação da sua autenticidade. Esta captura criptográfica de mais de um milhão de diamantes leva a uma transparência total na comercialização de diamantes”, explica Pedro Ruivo, consultor de soluções para a transformação digital na SAP Portugal.

Rastrear o vinho desde o produtor

Uma equipa da EY Itália desenvolveu a Wine blockchain, uma solução que pretende “revolucionar o processo de supply chain na indústria alimentar como o conhecemos”, diz Bruno Padinha, partner da EY.

A solução visa combater a contrafação de produtos vinícolas de qualidade superior, como é o caso das regiões demarcadas da Toscana em Itália ou do Douro em Portugal. “A imutabilidade da informação, característica fundamental da tecnologia blockchain, surge como o meio para fazer face a este desafio”, refere o responsável.

A faturação do mercado vinícola italiano poderá ter tido uma perda anual na ordem dos dois mil milhões de euros, devido à contrafação, o que tem “um impacto significativo nos produtores locais”. A nível mundial, estima-se que 20% do vinho em circulação seja atualmente contrafeito, segundo dados citados pela EY.

A tecnologia blockchain materializa-se num QR Code que encaminha o consumidor para uma página web. Esta página exibe todo o percurso da produção do vinho, desde o cultivo, ao tratamento, aos fitoquímicos utilizados, à informação geográfica, à colheita, entre outros. “A informação é clara, transparente e imutável, sendo armazenada numa das blockchains públicas mais conceituadas, a Ethereum”, assinala Bruno Padinha.

A implementação do projeto Wine blockchain exigiu a participação da EY, da empresa de produção de vinhos, e de todos os intermediários da cadeia de valor, para que toda a informação necessária pudesse ser recolhida.

A solução poderá ser aplicada e adaptada a outros produtos alimentares, mas também a bens alvo de elevada contrafação como o retalho ou a relojoaria.

Contribuir para melhorar a logística internacional

A empresa dinamarquesa Maersk e a IBM anunciaram esta semana a intenção de criar uma joint venture, que irá disponibilizar soluções e métodos “mais eficientes e seguros” com o objetivo “melhorar o comércio mundial com recurso à tecnologia blockchain”.

Após os projetos piloto desenvolvidos em parceria, a nova empresa surge como uma solução natural e irá “desenvolver uma plataforma de digitalização do comércio mundial, construída em conjunto a partir de padrões abertos e desenhada para todo o ecossistema do transporte marítimo, proporcionando mais transparência e simplicidade aos processos de expedição e acompanhamento de mercadorias entre diferentes fronteiras e zonas comerciais”.

A tecnologia blockchain será combinada com outras tecnologias de código aberto, com base em cloud computing, designadamente soluções de Inteligência Artificial (IA), Internet de Coisas (IoT) e analítica avançada.

As empresas referem que anualmente são transportados quatro mil milhões de dólares em produtos, sendo que mais de 80% dos bens consumidos diariamente são transportados via marítima. Além disso, estima-se que só o “processamento e a gestão da documentação comercial necessária para gerir muitas dessas mercadorias representem um quinto dos custos reais do transporte físico”. Ao incorporar a tecnologia blockchain nos processos, as transações serão simplificadas, sendo possível “introduzir uma nova forma de controlo e permissão no fluxo de informações, permitindo que os múltiplos parceiros comerciais colaborarem e estabeleçam uma visão única e partilhada sobre uma transação, sem comprometer detalhes, privacidade ou confidencialidade”.

As duas empresas já trabalham em conjunto no desenvolvimento da tecnologia blockchain baseada nem cloud computing, deste junho de 2016. A plataforma já foi testada por empresas como a Tetra Pak, a DuPont, a Dow Chemical, o Porto de Houston, a Administração Aduaneira dos Países Baixos ou o Serviço de Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA. Com a joint venture mais empresas poderão tirar partido da plataforma como é o caso da General Motors ou da Procter & Gamble, que procuram agilizar as complexas cadeias de valor que operam.

Michael J. White, ex-presidente da Maersk Line na América do Norte será o CEO da nova companhia.

Acompanhar o pescado desde alto-mar

A plataforma Big Eye – Smart Fishing utiliza a blockchain, entre outras tecnologias de informação. Desenvolvida pela startup Bitcliq, a solução, que começou a ser desenvolvida em 2014, faz a gestão operacional de pesca em tempo real. A plataforma começou por ligar as operações no mar à gestão operacional em terra, explica Pedro Manuel, fundador e CEO da Bitcliq. Deste modo é possível “uma supervisão eficaz que se traduz naturalmente em ganhos de eficiência”. Já foram investidos no projeto algumas centenas de milhares de euros, continuando a empresa a investir na inovação e ampliação da tecnologia, “endereçando hoje, não só as necessidades das frotas de pesca comercial de maior escala, mas também a rastreabilidade digital e a comercialização antecipada do pescado, na pesca de menor escala e/ou artesanal”, refere.

Num primeiro momento o Big Eye – Smart Fishing deu resposta à necessidade de “gestão eficiente de grandes operações de pesca comercial e industrial” e à “crescente necessidade de transparência e valorização do pescado, através da rastreabilidade”. A solução técnica escolhida foi a blockchain porque “permite resolver uma série de questões importantes em termos de verificação não adulteração dos dados registados ao longo da viagem do peixe, desde a captura no mar até chegar ao cliente final”.

Pedro Manuel acrescenta que “era necessário uma solução que mitigasse a desconfiança entre as partes e a dependência do acesso à informação guardada apenas numa entidade central, então em 2016 decidimos começar a usar esta tecnologia revolucionária para codificar a confiança da informação”.

A solução técnica, desenhada pelos engenheiros da empresa permite “colocar os dados mais relevantes recolhidos a bordo (registo de capturas) no blockchain minimizando o custo das comunicações. Conseguimos também ter um código criptográfico que pode ser partilhado entre diferentes entidades e que lhes dá acesso à informação mais importante, garantindo que esses dados não foram adulterados ao longo do tempo. Neste momento estamos a estudar outras soluções blockchain mais promissoras e escaláveis e a pensar na criação de uma moeda digital para assegurar todas as transações financeiras na nossa plataforma”.

Para este projeto, a Bitcliq utilizou a infraestrutura cloud da Microsoft, a tecnologia Ethereum, uma das primeiras opções blockchain com o conceito de “Smart Contract”, e a Inmarsat nas comunicações de dados mar-terra e terra-mar via satélite, sintetiza Pedro Manuel.

 
Topo