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Uma tecnologia de recolha de dados nas smart TV atuais motivou um processo que envolve as principais fabricantes do setor, como a LG e a Sony. Estas estão a ser acusadas de espiar os consumidores através da captura regular de imagem.
O procurador-geral do Texas, Ken Paxton, está a processar a LG, a Samsung, a Sony e outras empresas por ocultarem o reconhecimento automático de conteúdo (em inglês, ACR) nas definições das suas smart TV.
O que é e para que serve o ACR?
Abreviado para ACR, o reconhecimento automático de conteúdo é uma tecnologia usada para identificar de forma automática conteúdos de áudio ou vídeo que estão a ser reproduzidos num dispositivo, comparando pequenos excertos desse conteúdo com bases de dados de referência.
Este sistema funciona de forma semelhante ao reconhecimento de música em aplicações como o Shazam, mas é aplicado de forma muito mais ampla, especialmente em smart TV, aplicações móveis e plataformas de streaming.
O ACR é geralmente utilizado para as seguintes finalidades:
- Saber que canais ou aplicações estão a ser usados pelos utilizadores em televisões inteligentes;
- Medir a exposição real a anúncios e sincronizar campanhas em vários dispositivos;
- Analisar audiências, uma vez que ajuda a recolher dados sobre hábitos de consumo de conteúdos.
Pode ser útil, também, para recomendações de conteúdo, ajudando plataformas a sugerir programas com base no que já foi visto.
Overview do reconhecimento automático de conteúdo. Fonte: Anselmi, Gianluca & Vekaria, Yash & D'Souza, Alexander & Callejo, Patricia & Mandalari, Anna & Shafiq, Zubair. (2024). Watching TV with the Second-Party: A First Look at Automatic Content Recognition Tracking in Smart TVs.
Usado há anos, este reconhecimento automático está incorporado nas televisões e já foi alvo de escrutínio anteriormente, porque permite às fabricantes recolherem dados sobre a utilização da televisão e apresentarem publicidade direcionada.
Para o procurador-geral do Texas, Ken Paxton, "em termos simples, o ACR é um invasor digital indesejado e invisível".
Texas processa empresas de smart TV por omissão deste sistema
Devido a uma conduta que define como "invasiva", o procurador-geral está a processar a LG, a Samsung, a Sony e outras empresas por ocultar o reconhecimento automático de conteúdo das definições das suas smart tv.
O direito fundamental à privacidade será protegido no Texas, porque possuir uma televisão não significa entregar as suas informações pessoais às grandes empresas de tecnologia ou a adversários estrangeiros.
Sustentou Ken Paxton, alegando que as empresas têm "recolhido ilegalmente dados pessoais [ao] gravar secretamente o que os consumidores veem nas suas próprias casas".
Conforme recordado pela revista norte-americana PCMag, em 2017, a Vizio foi multada em 2,2 milhões de dólares por utilizar a ACR sem o consentimento dos consumidores.
Apesar disso, o ACR ainda é utilizado e pode estar escondido na política de privacidade ou nas definições das televisões, o que Paxton descreve como enganador.
As informações são ocultas, vagas e enganosas. A empresa recolhe muito mais dados do que o necessário para fazer a televisão funcionar. Os consumidores são privados de uma escolha real e mantidos no escuro sobre o que está a acontecer nas suas próprias casas.
Argumentou o procurador-geral do Texas, no seu processo judicial contra as fabricantes de televisões, onde defende que estas são, na verdade, "sistemas de vigilância em massa", uma vez que podem captar imagens da televisão e outros tipos de dados no ecrã.
Empresas de TV deverão responder em breve
O procurador-geral alega que as fabricantes de televisores estão a acumular um "registo detalhado do consumo de media de uma família a partir do conteúdo que foi visto, quando e por quanto tempo, em todas as entradas [da TV] e aplicações".
Contudo, geralmente, os sistemas ACR não transmitem capturas de ecrã ou imagens de vídeo. Mais do que isso, a abordagem da impressão digital pode, também, preservar parte da privacidade do utilizador.
Neste cenário, espera-se uma reação das empresas envolvidas no processo judicial erguido pelo procurador-geral do Texas, Ken Paxton.
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