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"Governo jordano ajudou Al-Zarqawi a radicalizar-se"

kokas

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Entrevista a Muhammad Zawahreh, líder da unidade de desenvolvimento local do município jordano de Zarqa
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A Jordânia está a receber refugiados da Síria como já recebeu do Iraque e da Palestina. Que impacto está a ter esta situação no seu país?Temos cerca de dois milhões de refugiados sírios, começa a sentir-se a tensão entre as comunidades jordana e os sírios porque os locais pensam que estes são os responsáveis pela crise habitacional, pelo desemprego, pela deficiente resposta do sistema de saúde, pelo excesso de alunos nas salas de aula.Está a falar-me dos que estão na cidade. E os que estão nos campos de refugiados?Muitos dos que chegam têm família ou parentes ou amigos na Jordânia e a maior parte acaba por sair dos campos e viver no exterior. Ninguém os pode impedir de deixar os campos e ir viver para as cidades, onde têm conhecidos. E todos os que estão fora do campo podem trabalhar sem restrições. As agências internacionais não conseguem ajudar o suficiente e a maioria dos que nos chegam são os mais pobres.E os que chegam à Europa? São os pobres ou uma classe média?A maioria é classe média.É natural e autarca de Zarqa, a segunda cidade jordana...Sim, uma cidade empresarial ...E militar também ...Sim. A minha cidade tem 50% da indústria do país e é muito poluída. Zarqa foi escolhida para ser a cidade dos quartéis e como as pessoas querem estar perto do seu local de emprego, seja na indústria ou no exército, a comunidade é formada por pessoas que vieram de todos os pontos do país e ainda pela maior tribo jordana, a Beni Hassan.Abu Musab al-Zarqawi, líder da Al-Qaeda no Iraque, morto em 2006, também era de Zarqa.Sim. E foi funcionário na câmara da cidade.Conheceu-o pessoalmente?Muito bem. Trabalhou comigo. Era da minha tribo, não da minha família, mas da minha tribo, a maior da Jordânia, Beni Hassan.Como era ele?Muito agressivo, rude, duro e sem medo. No início, não era um bom homem, bebia, mas quando foi para o Afeganistão, no final dos anos 1980, mudou. Penso que o governo o ajudou a radicalizar-se porque o departamento de segurança trata as pessoas de forma muito dura: foi preso em 1992 pouco depois de regressar do Afeganistão e estava preso quando o pai morreu, não o deixaram ir ao funeral e isso marcou-o. Em 1999, foi libertado por uma amnistia do rei e foi para o Iraque, onde fundou a Al-Qaeda do Iraque.Surpreendeu-o quando soube que ele liderava a Al-Qaeda no Iraque?Não. Sabia do que era capaz. Não me surpreendeu o que fez nem a sua morte.O que pensa do Estado Islâmico (EI)?É uma ideologia, um comportamento que resulta do que sentem face à política dos países ocidentais que apoiam governos que não respeitam as pessoas, violam os seus direitos.De que governos fala?América, França, Arábia Saudita, Qatar, Emirados, são instrumentos do Ocidente.Enquanto jordano como vê o papel do seu país nesta situação?A Jordânia costumava trabalhar com todos os países no tempo do rei Hussein. Era um homem muito inteligente, o filho não é assim. Temos na Jordânia um movimento, do qual faço parte, que exige reformas porque existe muita corrupção e o rei sabe mas não atua.Isso não acontecia com o rei Hussein?Não. A corrupção triplicou com o rei Abdullah.Bom, mas como está a Jordânia a lidar com os radicais? Há medidas de segurança especiais?Não. A sociedade jordana é um pouco diferente porque o sistema tribal é dominante. As tribos são muito cuidadosas na proteção do país, são o seu principal exército. Agora a situação económica é muito difícil e as pessoas, mesmo das tribos, como eu, começam a descobrir a corrupção no país e que o rei não está a tomar qualquer medida. Se estas situações não forem resolvidas, as tribos vão ser muito perigosas para o regime.Vão depor o rei e quem irão colocar no seu lugar?Essa pergunta faz-me lembrar a política do rei, que é a de convencer as pessoas de que não existe outra solução; oiço-a muita vez no meu país. A política do governo, do regime, é convencer toda a gente de que o rei Abdullah e a família hachemita são os únicos que podem governar a Jordânia. Está errado.Que deseja para o seu país?Eleições legislativas, partidos, um governo e um presidente, como no Líbano. Na Jordânia, antes do estabelecimento do Estado e de a família hachemita vir para aqui, havia eleições locais e municipalidades que governavam de forma correta.Os ataques ocidentais podem derrotar o Estado Islâmico?Não. A reação dos radicais e extremistas vai aumentar.



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