billshcot
Banido
- Entrou
- Nov 10, 2010
- Mensagens
- 16,629
- Gostos Recebidos
- 160
A revista Lancet acusa esta quarta-feira os governos e a Comissão Europeia de "explicitamente fecharem os olhos" aos efeitos da crise e da austeridade na saúde das populações, apesar de ser claro o aumento dos suicídios e outras doenças.
"Os governos da Europa e a Comissão Europeia explicitamente fecharam os olhos aos efeitos [da recessão] na saúde", disse o director científico do Observatório Europeu dos Sistemas e Políticas de Saúde, Martin McKee, numa conferência de imprensa em Londres.
Na apresentação da primeira série da Lancet dedicada ao estado da Saúde na Europa, Mckee sublinhou que a única conclusão possível, "depois de todo o esforço" que a comunidade científica fez para chamar a atenção dos governos, é que "há um claro problema de negação dos efeitos da crise, embora estes sejam muito aparentes".
O investigador, que é também professor de saúde pública na Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, compara as autoridades europeias à indústria tabaqueira, quando, durante anos, negou os efeitos do tabaco, argumentando que as provas não eram concludentes.
No artigo, o último de um conjunto de sete hoje publicados na revista científica, os investigadores apelam às personalidades da saúde pública que quebrem o silêncio sobre os efeitos da crise e da austeridade na saúde dos europeus.
O artigo alerta que os efeitos da crise e da austeridade na saúde dos europeus estão já a manifestar-se, nomeadamente no aumento dos suicídios e das doenças mentais.
Além desses impactos, que os cientistas consideravam previsíveis, há outros que os investigadores não esperavam, como o surgimento de surtos de VIH ou de doenças como o dengue e a malária na Europa.
"Já estamos a ver os efeitos, particularmente nos países mais afectados pela recessão, mas não em todos os lados", sublinhou McKee.
Em países como a Grécia, a Espanha e Portugal, onde os governos adoptaram medidas de austeridade, tornaram-se mais comuns os suicídios e surtos de doenças infecciosas, exemplificam os autores do artigo.
Em contraste, acrescentam, "a Islândia rejeitou a austeridade em referendo e a crise parece ter tido poucos ou nenhuns efeitos discerníveis na saúde".
A análise dos oito investigadores que hoje escrevem na Lancet sugere, por isso, que, embora a recessão comporte riscos para a saúde, é "a interacção da austeridade fiscal com o choque económico e uma fraca protecção social" que parece provocar a escalada das crises sociais e na saúde na Europa.
McKee explica que "uma protecção social forte pode mitigar muitos efeitos, nomeadamente o suicídio", enquanto as medidas de austeridades tendem a "exacerbar os efeitos de curto prazo, porque tornam mais difícil o acesso aos cuidados", logo as pessoas só recorrem à saúde em estados mais avançados da doença.
Segundo os autores, "decisões políticas sobre como responder às crises económicas têm efeitos pronunciados e não desejados na saúde pública, mas as vozes da saúde pública têm estado muito silenciosas ao longo da crise".
"A Directoria-Geral para a Saúde e a Protecção do Consumidor, da Comissão Europeia, apesar da sua obrigação legal de abordar os efeitos na saúde das políticas da UE, não tem avaliado os efeitos da austeridade imposta pela 'troika', e em vez disso tem-se limitado a aconselhar formas de os ministérios da Saúde reduzirem os seus orçamentos", lamentam os autores.
Os investigadores concluem que existe uma "pequena fonte de optimismo": as organizações da sociedade civil da Europa, incluindo as ordens profissionais, têm falado sobre os efeitos adversos dos cortes na saúde e na protecção social.
A questão, sublinham, "é saber se alguém os ouve".
nmt
"Os governos da Europa e a Comissão Europeia explicitamente fecharam os olhos aos efeitos [da recessão] na saúde", disse o director científico do Observatório Europeu dos Sistemas e Políticas de Saúde, Martin McKee, numa conferência de imprensa em Londres.
Na apresentação da primeira série da Lancet dedicada ao estado da Saúde na Europa, Mckee sublinhou que a única conclusão possível, "depois de todo o esforço" que a comunidade científica fez para chamar a atenção dos governos, é que "há um claro problema de negação dos efeitos da crise, embora estes sejam muito aparentes".
O investigador, que é também professor de saúde pública na Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, compara as autoridades europeias à indústria tabaqueira, quando, durante anos, negou os efeitos do tabaco, argumentando que as provas não eram concludentes.
No artigo, o último de um conjunto de sete hoje publicados na revista científica, os investigadores apelam às personalidades da saúde pública que quebrem o silêncio sobre os efeitos da crise e da austeridade na saúde dos europeus.
O artigo alerta que os efeitos da crise e da austeridade na saúde dos europeus estão já a manifestar-se, nomeadamente no aumento dos suicídios e das doenças mentais.
Além desses impactos, que os cientistas consideravam previsíveis, há outros que os investigadores não esperavam, como o surgimento de surtos de VIH ou de doenças como o dengue e a malária na Europa.
"Já estamos a ver os efeitos, particularmente nos países mais afectados pela recessão, mas não em todos os lados", sublinhou McKee.
Em países como a Grécia, a Espanha e Portugal, onde os governos adoptaram medidas de austeridade, tornaram-se mais comuns os suicídios e surtos de doenças infecciosas, exemplificam os autores do artigo.
Em contraste, acrescentam, "a Islândia rejeitou a austeridade em referendo e a crise parece ter tido poucos ou nenhuns efeitos discerníveis na saúde".
A análise dos oito investigadores que hoje escrevem na Lancet sugere, por isso, que, embora a recessão comporte riscos para a saúde, é "a interacção da austeridade fiscal com o choque económico e uma fraca protecção social" que parece provocar a escalada das crises sociais e na saúde na Europa.
McKee explica que "uma protecção social forte pode mitigar muitos efeitos, nomeadamente o suicídio", enquanto as medidas de austeridades tendem a "exacerbar os efeitos de curto prazo, porque tornam mais difícil o acesso aos cuidados", logo as pessoas só recorrem à saúde em estados mais avançados da doença.
Segundo os autores, "decisões políticas sobre como responder às crises económicas têm efeitos pronunciados e não desejados na saúde pública, mas as vozes da saúde pública têm estado muito silenciosas ao longo da crise".
"A Directoria-Geral para a Saúde e a Protecção do Consumidor, da Comissão Europeia, apesar da sua obrigação legal de abordar os efeitos na saúde das políticas da UE, não tem avaliado os efeitos da austeridade imposta pela 'troika', e em vez disso tem-se limitado a aconselhar formas de os ministérios da Saúde reduzirem os seus orçamentos", lamentam os autores.
Os investigadores concluem que existe uma "pequena fonte de optimismo": as organizações da sociedade civil da Europa, incluindo as ordens profissionais, têm falado sobre os efeitos adversos dos cortes na saúde e na protecção social.
A questão, sublinham, "é saber se alguém os ouve".
nmt