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História da Pirataria!

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Edward Lowe (1690-1724) - O Mal em Pessoa

Edward Lowe foi um dos homens mais cruéis a comandar um navio pirata. Até mesmo seus próprios homens o descreviam como um maníaco e brutal. Tinha um prazer sádico em cortar fora os narizes, orelhas e lábios das suas vítimas. Ele também torturou e matou tripulações inteiras de alguns navios que capturou. Edward Lowe disse um dia: «Alguns lutam por riquezas; alguns lutam por fama. Eu luto por vingança. Gosto de ver escorregar ao golpe da minha espada, a vida do meu inimigo». Nascido por volta de 1690 em Westminster, Londres, de uma família pobre, não sabendo ler nem escrever. Começou a sua vida criminosa muito jovem. Em 1721, tornou-se um pirata temível que operou ao largo da costa da Nova Inglaterra, Açores e nas Caraíbas.
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John Avery - O Rei dos Diamantes

Segundo o historiador Charles Grey, John Avery nasceu em torno de 1653, próximo a Plymouth, em Cat Down, no sudoeste da Inglaterra. Criado inicialmente pelo pai, um proprietário de terras, aos 10 anos de idade ficou órfão e foi enviado para morar com um tio, que roubou sua herança (tanto o dinheiro quanto as propriedades), e o enviou para aprender a ser um brutal capitão do mar na esperança de que ele morresse enfrentando as dificuldades dessa vida.

Apesar de seu início desafortunado, Avery teve sucesso no mar e conseguiu um posto servindo como Aspirante da Marinha Real a bordo, primeiro, do navio "HMS Kent", e depois, no navio "HMS Rupert". Ele lutou no bombardeamento de Argel em 1671, no qual teve um bom desempenho. Nunca plenamente satisfeito com sua vida na marinha, Avery finalmente promoveu sua carreira unindo-se a uma operação de corsário, primeiro a bordo do navio "Duke" e depois do navio "Charles". Os dois navios foram contratados para proteger o comércio das Índias Ocidentais Espanholas dos bucaneiros e dos contrabandistas franceses.

Durante esse período, houve uma aliança entre Espanha, Inglaterra e Holanda contra a França; mesmo assim, segundo Johnson, os franceses da Martinica contrabandeavam com os espanhóis no Peru, um comércio que ia contra as leis da Espanha continental. O navio de Avery foi empregado para pôr um fim a esse relacionamento, mas percebendo a grande oportunidade, enquanto o navio estava no porto em La Coruña, começou a persuadir sua tripulação a tomá-lo e conduzi-lo para o porto de piratas de Madagáscar, no oceano Índico. Madagáscar foi uma das ilhas que, com o passar dos anos, adquiriu um status lendário entre os piratas como um porto seguro, um lugar do qual eles poderiam partir e saquear os navios mercantes e retornar a suas praias para desfrutar de seus ganhos ilícitos. Descoberta pelos portugueses em 1506, Madagáscar era uma fonte aparentemente inesgotável de alimentos. Lá abundavam provisões de todos os tipos: bois, cabras,carneiros, aves, peixes, limão, laranja, tamarindo, tâmara, coco, banana, cera, mel, arroz; ou em suma, algodão, índigo ou qualquer outra coisa que eles se esforcem para plantar e consigam cuidar. Em consequência disso, pouco surpreendia que a ilha em geral, e em particular seu principal porto na ilha de Santa Maria (Isle Sainte Marie), se tornasse uma base para piratas.

Na verdade, diz a lenda que, em Madagáscar, os piratas viviam como reis. Eles se casavam com as mais belas mulheres negras, não com uma ou duas, mas com quantas quisessem; de forma que todos tinham um grande harém, como o Grande Senhor em Constantinopla: seus escravos eram empregados na plantação de arroz, na pesca e na caça, além de terem muitos outros que viviam, digamos assim, sob sua proteção. Quanto ao navio que se encontrava ancorado na La Coruña, em Espanha, Avery escolheu os melhores entre a tripulação e se apoderou do navio, despachando o capitão Gibson e e alguns marinheiros no bote. Depois mudou o nome do navio para "Fancy". Foi nas ilhas de Cabo Verde que Every roubou três comerciantes ingleses. Nas ilhas Comoro, ele fez algumas transformações no navio, tornando-o num dos mais rápidos a navegar no oceano Índico. Para mostrar esta velocidade capturou um navio pirata francês, tendo a tripulação deste navio se juntado ao navio "Every". Avery assumiu o comando e rumou para Madagáscar. Patrulharam as costas da Arábia, e perto do rio Indus, avistaram e se apoderaram de um navio possante de bandeira mongol, que transportava a filha do Grande Mongol em peregrinação a Meca. As riquezas encontradas no navio eram tantas, que não conseguiam sequer calculá-la. Avery e sua tripulação não esperaram que o Grande Mongol ficasse sabendo do assalto ao navio de sua filha e fugiram para Madagáscar.

Em outro lance de ousadia, solicitou que grande número de sua própria tripulação desembarcasse em chalupas na costa, para procurar por água e comida. Sem esperar pelo retorno, levantou âncora e rumou para as Caraíbas, aumentando em muito a sua própria parte (e dos restantes da tripulação) do tesouro Mongol. O destino escolhido foi Providence, pois tal navio chamaria muita atenção na Nova Inglaterra. Venderam o navio com documentos forjados e com uma nova pequena chalupa, rumaram a Boston para repartir os lucros. Muitos tripulantes ficaram lá, mas Avery preferiu navegar para a Irlanda. O que ninguém sabia, era que Avery estava na posse de um saco de diamantes, encontrado na cabine do navio da filha do Grande Mongol. Tentou vender os diamantes em Bristol aos mercadores, mas foi enganado, recebendo só uma pequena parte do valor acordado. Quando acabou o dinheiro, rumou trabalhando até Plymouth e morreu na miséria em Bideford. Resta salientar, que John Avery se revelou muito mais traiçoeiro com seus próprios companheiros, que a maioria dos piratas. Roubou seus próprios companheiros e sócios, mas acabou enganado e morreu na miséria.

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Edward England – O Capitão Calmo

Edward England, nascido Edward Seegar, foi um célebre pirata irlandês que actuou no Oceano Índico e na costa da África de 1717 a 1720. Entre os navios no qual navegou estão o navio "Pearl" (que ele renomeou de "The Royal James"), e posteriormente, o navio "Fancy", pelo qual a Inglaterra trocou o navio "Pearl" em 1720. A sua bandeira era a clássica Jolly Roger, com uma caveira sobre dois fêmures num fundo preto. England era diferente da maioria dos piratas de seu tempo por não matar os seus prisioneiros a menos que absolutamente necessário. Isto no entanto, acabou levando à sua derrocada, pois sua tripulação se revoltou quando ele se recusou a matar os marinheiros do navio "Cassandra", um navio comercial inglês comandado por James Macrae. Acabou sendo abandonado nas ilhas Maurícias, juntamente com dois outros membros da tripulação, onde construíram uma pequena jangada e acabaram por chegar à baía de Santo Agostinho, em Madagáscar. England sobreviveu por alguns anos mendigando por comida, até morrer no fim de 1720.
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William Lewis - Facto e Ficção

William Lewis foi o homem mais calmo, que alguma vez afundou um navio ou cortou uma garganta. Com a verdadeira educação de um senhor, nunca se conseguia saber o que pensava. Pena que adorasse uma vida aventureira pela variedade, pois foi uma grande perda para a alta sociedade. Provavelmente a realização mais espantosa deste pirata foi a longevidade da sua carreira. Ele era poliglota, pois sabia falar a maioria dos idiomas das Caraíbas, e fluentemente falava espanhol, francês e inglês. Um dos feitos mais ousados foi atacar uma das colónias francesas com 24 homens e uma escuna pouco armada. O seu feito empurraram-no para cima da hierarquia da Irmandade da Costa. Com uma tripulação de mais de 50 homens corajosos, a bordo do navio "Estrela D`Alva", aterrorizou a costa Atlântica das Caraíbas espanhol e todo o norte da Virgínia (E.U.A.). As aventuras do capitão Lewis são uma leitura fascinante e mesmo a sua morte violenta, que foi ao seu encontro, enquanto dormia bêbado, em vez de o colher no calor da batalha, foi típica da morte pouco heróica que tantos outros piratas sofreram. Lewis navegava ao longo da costa da Carolina, quando começou uma grande discussão entre os seus tripulantes franceses e ingleses. Apesar de estar convencido que tinha acalmado a disputa, foi o mal estar gerado que levou ao seu assassínio.
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John Rackham - Calico Jack

John Rackham era bonito e bem constituído, com cabelos negros ondulados e olhos pretos brilhantes e atraente para as mulheres. Usava perfume, e era conhecido pelo seu modo de vestir vistoso, usando roupa colorida, e orgulho com a aparência. Também foi conhecido como um mulherengo (tal como Barba Negra casara com 14 mulheres, John Rackham tinha várias amantes em Cuba). Conhecido por Calico Jack, o seu lado vistoso era temperado pelo seu lado negro, ao aterrorizar os seus inimigos. Seu apelido surgiu graças às roupas coloridas feitas de calico que ele sempre vestia (calico é o nome dado a um tecido grosseiro de algodão, fabricado na Índia. O nome tem origem no topónimo Calecute, uma cidade indiana).

John Rackham serviu sob o comando do pirata Charles Vane. Os serviços de Rackham duraram até um dia em que Vane recusou-se a enfrentar um veleiro francês, fortemente armado. Graças à recusa de Charles Vane, sua tripulação resolveu fazer um motim, e foi nomeado como capitão, Rackham. Este conseguiu capturar o veleiro francês, sob efeito de grandes quantidades de rum que bebeu. Ao contrário dos outros piratas que assaltavam grandes navios, Calico Jack preferia atacar pequenas embarcações, como os de pesca, nos mares das Caraíbas.

Em Outubro de 1720, o capitão Barnet surpreendeu Rackham e sua tripulação do navio "Revenge", quando estavam bêbados – a maioria da tripulação estava desmaiada no convés. Apenas duas mulheres, Anne e Mary lutaram (existem rumores que Rackham escondeu-se durante a batalha). Rackham e sua tripulação foram finalmente levados para julgamento em Saint Jago de la Veja, na Jamaica, no dia 16 de Novembro de 1720. Rackham e os membros da sua tripulação foram sentenciados à forca por pirataria, e foram executados no dia seguinte. Apenas Anne Bonny e Mary Read sobreviveram, ambas dizendo que estavam grávidas. Mary Read morreu depois, na prisão, ou no nascimento do filho, ou de febre. Anne Bonny desapareceu, acreditando-se que foi paga uma grande quantia pelo seu pai rico para tirá-la da prisão. Alguns ainda alegam que, depois de enforcado, o corpo de John Rackham fora colocado numa gaiola de ferro, na qual fora pendurada na entrada do porto de Kingston, com seu corpo em decomposição como advertência para outros piratas.

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Anne Bonny – Mulher Implacável

Anne Bonny é descrita como tendo sido uma bela rapariga, alta e bem constituída, cabelo arruivado e olhos castanhos-esverdeados. Era filha de um advogado nascido na Irlanda e da sua empregada. O pai deixara a Irlanda em desgraça mas criou fortuna na Carolina do Norte onde adquiriu uma grande plantação. Um pirata chamado James Bonny desposou Anne numa tentativa de se apossar da plantação mas o pai de Anne deserdou-a. Bonny levou então a esposa para as Bahamas, onde ele se tornou informante do governador Woodes Rogers. Anne repugnava a cobardia do marido e depressa se envolveu com Jack Rackham. Ao ver-se um ao outro, Calico Jack e Anne Bonny sentiram uma atracção mútua, ao ponto de ela largar o seu marido, e ir com ele para pirataria. Anne Bonny foi tão implacável como qualquer outro pirata. Anne lutou vestindo-se como homem. Era exímia no uso da pistola e da espada, e considerada tão perigosa quanto qualquer pirata masculino.
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Mary Read (1684-1721) – A mulher Pirata

Mary Read nasceu na Inglaterra e era a filha ilegítima de viúva de um Capitão do Mar. A mãe de Read começou a disfarçar Mary de garoto após a morte do irmão mais velho e legítimo de Mary. Isto foi feito para que ela continuasse a ganhar suporte financeiro de sua sogra. Mary Read viveu de herança na sua adolescência. Aos 13 anos foi empregada como pajem de uma rica senhora francesa, mas rapidamente fugiu e embarcou num navio de guerra, e mais tarde combateu na Flandres na infantaria, mostrando grande ferocidade. Depois alistou-se na cavalaria onde se apaixonou por um soldado. Quando ela confessou a esse homem que era uma mulher, eles casaram-se e compraram uma taverna, chamada de "The Three Horseshoes" (As Três Ferraduras), local próximo a castelo Breda, na Holanda. O marido dela morreu cedo, e mais uma vez, Mary vestiu-se como um homem.

Entrou para o exército, mas como falhou, embarcou para as Índias Ocidentais. Enquanto navegava, o seu navio foi atacado pelo capitão Calico, John Rackham. Como já foi referido anteriormente, na tripulação desse navio existia outra mulher, Anne Bonny. Anne viu um jovem marinheiro entre a tripulação do navio atacado e gostou do jovem. Mais tarde esse jovem, que era Mary confessou a Anne que também era uma mulher. Mary decidiu que deveria ser melhor entrar para essa tripulação pirata e tornou-se num deles. Como Calico era um pirata com sucesso razoável e dirigiu sua tripulação na captura de vários navios. Mary apaixonou-se por um marinheiro Bartholomew Roberts que havia recentemente assinado o código de conduta do navio. Eles casaram-se, mas pouco tempo depois a tripulação foi feita prisioneira. A tripulação foi condenada à forca em St. Jago de la Veja na Jamaica, a 18 de Novembro de 1720. Mary não sofreu com o carrasco pois morrera algumas semanas antes de febre por causa das duras condições das celas em que a tripulação fora jogada.

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Grace O`Malley – Uma Capitã Feminina

Ao longo dos séculos, apenas algumas mulheres piratas tornaram-se famosas, mas mesmo assim, as suas vidas não se encontram bem documentadas, e pouco se sabe de facto sobre elas. Um excepção é a pirata feminina que seria honrada na poesia, no folclore e na ficção: Grace (Graine) O`Malley, ou Granuaile, como é vulgarmente conhecida na Irlanda. A rainha pirata da Irlanda, uma mulher notável que não só despertava temor nos seus inimigos como também grande admiração naqueles que a consideravam uma heroína nacional. Pertencia à nobreza irlandesa. Comandou um grupo de 200 marinheiros desde a costa de Galway no século XVI. Enviuvada e aprisionada duas vezes, por ter lutado contra os seus inimigos irlandeses e ingleses pelos seus direitos. Foi condenada por pirataria e desculpada em Londres pela própria Rainha Isabel I. Graine era uma das poucas marinheiras que abandonou o mar e morreu na sua própria cama, contudo, onde ela foi enterrada é um mistério.
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Cheng I Sao – Rainha dos Mares da China

Se alguém duvida que uma mulher possa ser tão cruel como um homem, não precisa de procurar mais, depois de conhecer a pirata chinesa Cheng I Sao. Casada com o infame Cheg I (Ching Yih), um dos mais famigerados piratas do século XIX, ela era igual ao marido, tanto no que diz respeito às capacidades de liderança como à sede de sangue. Sabe-se muito pouco da sua vida antes de ganhar os mares da costa do Cantão. Há relatos de que foi prostituta antes de se casar com o pirata Cheng I.

Cheng (o marido) tornou-se comandante supremo de uma frota pirata equivalente a frota da marinha imperial chinesa. Sob seu comando havia cerca de 70.000 homens, 800 navios de grande porte e 1000 pequenos barcos. A sua frota era dividida em seis esquadras. Cada um representado por uma cor. Cheng I controlava a Esquadra Vermelho. Um imediato britânico chamado John Turner foi prisioneiro de Cheng durante cinco longos meses e relatou como os prisioneiros do "rei dos mares chineses" eram tratados: "Eu vi um homem, preso pelos pés ao convés com grandes pregos, e depois espancado com quatro cordas trançadas juntas, até ele vomitar sangue; e depois de permanecer algum tempo neste estado, foi levado à praia e esquartejado. Enquanto um segundo prisioneiro foi colocado de pé e teve os intestinos abertos e o coração arrancado, que eles depois mergulharam em bebida alcoólica e comeram. O corpo morto eu mesmo vi".

Esse relato nos mostra porque Cheng era tão temido não só por seus inimigos, mas também por sua tripulação. Porém a natureza tratou de ensinar a ele de maneira muito dura, que mesmo com tanto poder ele não passava de um reles mortal. Diz-se que ele morreu em 1807, depois que um furacão o arremessou para fora do navio. Com a morte de Cheng, a sua viúva assumiu o seu lugar e se mostrou ser tão brutal e inteligente, ou talvez um pouco mais, que o seu falecido marido. Cheng I Sao teve de agir rápido após a morte de seu esposo. Garantiu a sua posição levando para o seu lado o principal aliado de Cheng, um jovem de 21 anos chamado Chang Pao. Esse jovem fora capturado quando era um adolescente de 15 anos. De pescador passou a ser pirata e logo Cheng viu que o rapaz tinha muito potencial para ser um líder, tanto que mesmo sendo muito novo já havia sido nomeado Capitão. Cheng I Sao então nomeou Pao para assumir a Esquadra Vermelho, a mais poderosa e que antes fora comandado pelo seu marido. Logo em seguida iniciaram um relacionamento que culminou em casamento, anos mais tarde.

Durante três anos Cheng I Sao e Chang Pao dominaram a frota pirata dos mares do sul da China de maneira gloriosa. Consta que Cheng I Sao era uma negociante brilhante, era extremamente organizada e enfatizava muito a venda de mercadorias saqueadas. A cobrança de resgates também era muito utilizada. Não só pessoas tinham um preço estipulado, mas também embarcações e até comunidades inteiras. Outra prática popular com Cheng I Sao era a extorsão e a proteção. Os comerciantes de sal logo perceberam que saia bem mais barato pagar pelos serviços de proteção, ao invés de terem seus navios saqueados e sua tripulação morta. O pagamento era anual e o comerciante recebia um passe. Caso ele fosse detido pelos piratas era só apresentar o passe que estaria livre para continuar sua viagem. Com todas transações anotadas. O Império Comercial erguido por Cheng I Sao fazia dela uma profissional em comparação com os piratas ocidentais. Mas como uma pirata, é evidente que os ataques e saques a navios comerciais continuaram.

Cheg I Sao e seus homens saíram vitoriosos em muitas batalhas contra a Marinha Chinesa, que o diga o Almirante Li-Ch’ang-Keng, que durante uma batalha contra os piratas teve a sua garganta cortada pelo fogo da artilharia. Isso ocorreu em Janeiro de 1808. No final deste mesmo ano, as forças navais do governo haviam perdido cerca de 63 navios durante combates directos com a frota de Cheng I Sao. Em 1810 as coisas começaram a complicar. Tudo devido às dissensões entre os próprios piratas. É que desde que Pao foi nomeado Vice-Comandante, muitos piratas mais antigos que comandavam as esquadras ficaram insatisfeitos, entre eles um homem chamado O-Potae. Naquele ano, Pao teve a sua frota bloqueada pelos navios imperiais. Vendo que estava em maus lençóis ordenou que O-Potae fosse resgatá-lo. Porém O-Potae se recusou. Chang Pao mesmo em desvantagem conseguiu romper o bloqueio e foi tirar satisfações com o insubordinado. Iniciou-se uma batalha entre eles, e Pao teve que se retirar depois de uma baixa de centenas de seus tripulantes. Sabendo que Pao uniria forças com a sua esposa, O-Potae recorreu a uma prática muito comum na China do séc. XIX: pediu um indulto ao Governo caso eles se rendessem. O Governo Chinês concedeu-lhe o indulto, e no devido momento, o nomeou Oficial da Imperial Marinha Chinesa, com 8000 de seus homens ganhando a liberdade.

Mesmo com a perda de boa parte de seus homens, Chang I Sao continuou a saquear e pilhar navios e aldeias chinesas, mas as coisas não estavam nada boas. A Marinha Imperial convocou a ajuda dos britânicos e dos portugueses contra os piratas. Diante as enormes dificuldades, Cheng I Sao passou a reflectir se não seria mais viável seguir o exemplo de O-Potae e pedir indulto ao Governo. Porém o Governo se antecipou e concedeu amnistia a todos os piratas. Em 18 de Abril de 1810, Cheng I Sao reuniu-se com o Governador-Geral do Cantão e lá negociaram durante horas. Ficou decidido que os piratas entregariam seus navios e armas ao governo (parte do que fora saqueado continuaria sob posse dos piratas). Decidiu-se também que os homens livres de Cheng I Sao poderiam se unir ao Exército Imperial. Seu companheiro Chang Pao, graças à habilidade de negociação de sua esposa, conseguiu um posto de Tenente na Marinha Imperial, ficando com uma frota particular de 20 embarcações de junco. Chang Pao e Cheng I Sao tiveram um filho anos mais tarde. Pao morreu em 1822, aos 36 anos de idade e possuindo a patente de coronel. Já Cheng I Sao morreu sexagenária no Cantão, onde era dona de uma casa de jogos que concedia diversão aos homens que iam muito além dos tabuleiros.

Muitas informações que temos a respeito de Cheng I Sao foram registadas por Glasspoole, um britânico que ficou aprisionado por 11 semanas, e contou detalhes, no livro, de como a pirata exercia o seu posto de comandante de um dos maiores impérios piratas que o mundo já viu. Nada sabemos de sua infância e de seus traços físicos. O que sabemos é que durante três anos comandando os piratas do sul da China, Cheng I Sao nunca foi derrotada em batalha. Feito que nenhum outro pirata jamais igualou.

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Capitão Kidd (1654-1701) - Pirata ou Corsário?

William Kidd, popularmente conhecido por Capitão Kidd, nasceu em Greenock, a 22 de Janeiro de 1645. Corsário escocês, recebeu ordens da Inglaterra para controlar a pirataria francesa na região de Madagáscar. Levado para o mar ainda criança, emigrou para a América do Norte, residindo em Nova Iorque em 1690. Possuiu o próprio navio mercante e em 1689 distinguiu-se como capitão ao serviço da Inglaterra contra a França nas Índias Ocidentais Francesas. Enriqueceu rapidamente, sendo bem casado com uma viúva inglesa, Sarah Oort, que possuía duas propriedades herdadas dos dois maridos anteriores a ele. Foi introduzido na política e conheceu o coronel Benjamim Fletcher, Governador de Nova Iorque, conhecido pelos envolvimentos comerciais com piratas.

Para terminar com a pirataria na costa, o rei nomeou como governador a Lord Bellmont. Em 1695 o capitão Kidd estava em Londres com o seu navio, o "Antigua". Em Nova Iorque, Robert Livingston propôs-lhe o negócio de capturar os piratas e acabar com os saques. Lord Bellmont, que estava na sua residência de Londres, recebeu Kidd como convidado, apresentando-o a pessoas influentes que poderiam financiar a campanha. Eles entraram em contacto com um amigo próximo do rei, Sir John Sommers, o duque e Chanceler de Shresbury, o Secretário de Estado Sir Edward Russell, Lorde de Oxford, e o Conde Rommey. Os bens capturados seriam divididos: 10% para a Coroa, 60% para os financiadores do governador de Nova Iorque, Bellmont, permanecendo 15% para Livingston e Kidd e 15% para a tripulação. Assim acertados, foi entregue a Kidd uma carta de corso que o autorizava a capturar bens que pertencem aos inimigos franceses na costa de Madagáscar. A coroa também lhe recomendou a missão de capturar piratas, navios e bens com uma advertência de não aborrecer amigos e aliados da Inglaterra.

William Kidd tentou abandonar a companhia no começo mas foi pressionado por seus mais influentes financiadores. Teve que vender o navio "Antigua" para integralizar a sua parte nas despesas da campanha e adquiriu o navio "The Adventure Galley". Levaram na tripulação homens com famílias como precaução para que eles não tivessem a tentação de se dedicar à pirataria. O primeiro incidente infeliz aconteceu quando se omitiram a cumprimentar um navio da Marinha Inglesa, preceito obrigatório a todos os navios que entravam e saíam do porto. A fragata abriu fogo contra o navio de Kidd e com desrespeito os homens do "The Adventure Galley" mostraram as suas nádegas para a fragata. Como consequência, o navio de Kidd teve a sua tripulação trocada por marinheiros à margem da lei. Kidd retornou a Nova Iorque e recrutou o restante da tripulação entre homens em situação desesperada.

Após um ano no mar não tinha conseguido uma só presa e a campanha que havia começado a especular, começou a ser dedicada à pirataria. Em Abril de 1697 ancorou no Mar Vermelho, à espera que passasse algum navio francês ou pirata. Depois de uma espera de três semanas, atacaram um navio mercantil islâmico. O navio "Espectro", sob o comando do capitão Edward Barlow, que fazia a escolta à frota mercante, estava com o pavilhão inglês e atirou na "The Adventure Galley", rechaçando o ataque. Quando Barlow chegou a Karwar em 14 de Outubro, descreveu Willian Kidd no seu relatório como sendo um pirata. Em Novembro, Kidd teve que ameaçar a sua tripulação para evitar um motim. Um navio mercante surgiu com bandeira inglesa e os piratas quiseram abordá-lo. No confronto com William Moore, Kidd bateu-lhe com um cubo na cabeça, vindo Moore a falecer no dia seguinte. O primeiro saque só ocorreu dois anos depois: era o "Maiden" um navio árabe que foi renomeado como "Novembro". Kidd acreditou que tinha trabalhado dentro da lei porque o capitão holandês tinha mostrado passagens francesas. Após o Natal de 1697, capturaram um navio árabe que tinha partido da costa do Malabar e um navio português com mercadorias das Índias Orientais. No dia 30 de Janeiro de 1698, capturou o galeão "Quedagh Merchant", capitaneado por um inglês chamado Wright. Com bandeira francesa depois de abordada, a presa lhes mostrou passagens francesas. A tripulação recusou-se devolver o navio quando foi descoberta a sua verdadeira identidade. Treze membros da tripulação desertaram em Culliford, incluído Robert Bradinham e Joseph Palmer, que testemunharam contra Kidd na tentativa de salvarem-se. A tripulação queimou o "Novembro" e eles prenderam Kidd no seu camarote. Depois da rendição de Kidd, esvaziaram o "The Adventure Galley" que apresentava entradas perigosas de água. Permaneceram no "Quedagh Merchant", recrutaram alguns novos tripulantes e voltaram para casa com o saque.

Entretanto, uma frota inglesa da Companhia Britânica das Índias Orientais tinha sido enviada para a sua captura. O perdão que foi oferecido a todos os piratas, excluía a Kidd e outros dois. Depois de três anos no mar, Bellmont voltou com sua esposa e as filhas, e o governador foi encarcerado na prisão de Stone. Em Março de 1701 compareceu diante da Câmara dos Comuns, que recomendou que fosse levado ao Tribunal do Almirantado em 8 de Maio. Não foi permitido a ninguém declarar-se a favor deles. A primeira sentença recebida foi a de culpado pelo assassinato de William Moore. Kidd, na segunda foi condenado por pirataria. Foi condenado à morte por enforcamento. O seu corpo foi mergulhado em alcatrão e pendurado à beira do rio Tâmisa, como advertência aos piratas. Morreu no dia 23 de Maio de 1701. Diz a lenda que o capitão Kidd terá guardado o seu imenso tesouro nas Ilhas Selvagens, na Madeira. Existindo na ilha uma gruta com a designação de gruta do Capitão Kidd.

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Jean Lafitte (1776-1826) – O Terror do Golfo

Jean Lafitte era belo – o ídolo das mulheres de Nova Orleães (E.U.A.). Sendo um individuo encantador e complexo, Lafitte inspirou Lord Byron a escrever um poema sobre ele. Séculos mais tarde, foi imortalizado no cinema por Cecil B. De Mille. O filme de aventuras "The Buccaneer" foi estreado em 1938, realizado por Cecil D. De Mille e protagonizado por Frederic March, no papel do espadachim Jean Lafitte. Existe um parque histórico nacional com o seu nome; e também uma aldeia piscatória cajun, na Louisiana. Conhecido por diversos nomes, entre os quais, "O Corsário", "O Rei da Barataria", "O Herói de Nova Orleães" ou "O Terror do Golfo".

Elogiado pela sua bravura na Batalha de Nova Orleães, na qual lutou ao lado dos norte-americanos contra os ingleses, foi igualmente condenado por esses mesmos americanos pelos seus actos de pirataria no Golfo do México. Como francês que era, Lafitte não morria de amores pelos ingleses, tendo demonstrado grande astúcia e coragem não só a defender Nova Orleães dos invasores britânicos, como ao combater navios britânicos no mar. Chegou a capturar um navio de guerra britânico com 40 canhões, ao largo da Índia, apesar de ter menos armas e de estar em inferioridade numérica.

Lafitte era judeu e escreveu que nasceu em Bordeaux, na França, no ano de 1780. Em outros documentos, porém, ele e seu irmão Pierre se declararam nascidos em Bayonne, bem como Saint Malo ou Brest. Segundo o biográfo Jack C. Ramsay, eles faziam isso para escapar da forca, destino dos criminosos americanos. Ramsay especula que Lafitte nasceu no território francês de Santo Domingos.Em fins do século XVIII, Lafitte teria se estabelecido próximo ao delta do Rio Mississippi, que na época também era propriedade da França. De acordo com Ramsay, Lafitte, seu irmão mais velho Pierre e a mãe viúva foram de Santo Domingos até New Orleans, Louisiana nos anos de 1780. Por volta de 1784, a mãe se casou com Pedro Aubry, um mercador de New Orleans; Jean ficou com sua mãe enquanto Pierre cresceu na Louisiana. Quando jovem, Lafitte se aventurou explorando o sul do território de New Orleans e o Golfo do México. Seu irmão operava em Santo Domingos e Jean ajudava-o a distribuir as mercadorias no continente. Foi em 1805 que ele cuidou de uma loja e provavelmente de um armazém.

A Louisiana foi comprada pelos Estados Unidos da América em 1804. Em Janeiro de 1808 o governo começou a fiscalizar a aplicação da Lei de Embargo de 1807, impedindo o desembarque de navios vindo de portos estrangeiros. Os Lafitte começaram a procurar outros portos para desembarcarem as mercadorias contrabandeadas. Escolheram a ilha em Barataria, que ficava na rota entre as ilhas de Grande Terre e Ilha Grande, na Louisiana. Barataria ficava longe da base naval americana mais próxima, com os navios com mercadorias dos irmãos podendo navegar sem o conhecimento dos oficiais. Pierre veio ao continente e foi para New Orleans, tentando aplicar os lucros do negócio na cidade. Em 1813, o governador William Claiborne nomeou Thomas B. Robertson que queria combater a entrada de mercadorias ilegais. Em Março de 1813 ele denunciou Lafitte. Depois de tentar ganhar concessões por sua actuação na guerra, os irmãos Lafitte deixaram Nova Orleães por volta de 1817 e tomaram posse da ilha Galveston (Texas), chamando o lugar de "Campeche". O lugar era usado como base pelo pirata francês Louis-Michel Aury, com uma mansão que era chamada de "Maison Rouge". A construção era fortificada e contava com canhões.

Por volta de 1820, Lafitte casou com Madeline Regaud, provável viúva ou filha de um colono francês que morreu durante a ida a Galveston. Uma das mercadorias que os irmãos Lafitte negociavam em Galveston eram escravos, e entre seus clientes figurara Jim Bowie. Em 1821, a escuna "USS Enterprise" (1799), foi enviada para Galveston com a missão de expulsar Lafitte do Golfo, após piratas terem atacado um navio mercante americano. Lafitte concordou em deixar a ilha sem lutar, e em 1821 ou 1822 ele partiu no seu navio a vela, o "Pride", além de queimar as fortificações. Os nativos contaram que ele levara consigo um imenso tesouro. Os Lafittes eram também espiões e algumas vezes, agiam como agentes duplo. Pierre, em particular, espiou para a Espanha contatando agentes em Cuba e na Louisiana, e teria tentado induzir a Espanha a tomar a ilha de Galveston dos americanos. Lafitte, já em declínio, se estabeleceu na Ilha Mujeres, na costa de Yucatán, tendo ficado até ao fim da sua vida com a reputação de pirata consolidada. Em 1826, Lafitte teria morrido de febre com a idade de 47 anos, devido a um ferimento na luta contra nativos.

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Benito De Soto (1805-1830) – Último Pirata dos Mares Ocidentais

Benito de Soto foi um dos últimos piratas a navegar nos Mares Ocidentais. Era um homem com uma personalidade má e que hoje seria certamente considerado um psicopata. Filho de pais portugueses, nasceu em Pontevedra, na Galiza (Espanha), no dia 22 de Abril de 1805, e pouco se sabe da sua infância. Pirata galego, serviu no navio negreiro da Argentina, tendo depois, liderado um motim a bordo, ao largo da Angola, em 1827. Convenceu os tripulantes a dedicar-se à pirataria, mas 18 dessa tripulação recusou-se a participar, tendo sido condenados a navegar no mar alto à deriva, num pequeno barco a remos. Depois de ter-se apoderado do navio, batizou-o com o nome "Burla Negra", e a partir daí, De Soto cruzou o Oceano Atlântico, onde vendeu os escravos na Caraíbas. Navegaram para o sul, onde atacaram navios ingleses, americanos, espanhóis e portugueses, ao longo da costa da América do Sul. Em 1830, De Soto interceptou no leste do Atlântico, navios que vinham da Índia e do Extremo Oriente. De Soto provou ser um dos piratas mais sanguinários que existiu, matando as vítimas que caíam nas suas mãos, e afundando os seus navios.

O episódio mais famoso da sua carreira, ocorreu em 19 de Fevereiro de 1828, quando o seu navio "Burla Negra" interceptou o navio "Estrela da Manhã", na rota de Ceilão para Inglaterra. Depois se ter apoderado do navio, De Soto matou alguns dos passageiros e tripulantes, e assassinou o capitão. Várias mulheres foram também assassinadas, e outras foram trancadas no porão junto com o resto dos sobreviventes. Em seguida, De Soto afundou o navio, pensando não deixar provas do ataque, mas os sobreviventes conseguiram fugir, sendo resgatados por um navio mercante no dia seguinte. Por sua vez, De Soto não teve sorte, pois o seu navio naufragou em Cadiz. Ele e os seus homens foram para Gibraltar, mas foram reconhecidos e levados a julgamento. Foi condenado à forca.

Diz-se que no dia do julgamento, De Soto subiu à forca com tanta coragem como caminhara até ela. Mas mesmo aí, as coisas não decorreram da melhor maneira, pois quando ele subiu no carro, verificou-se que o nó estava demasiado alto para o seu pescoço. Então, De Soto não querendo fazer esperar a multidão, pôs-se em cima do seu caixão que estava no carro, e colocou ele próprio a corda ao pescoço. Logo que o fez, o carro começou a andar, e diz-se que De Soto murmurou «Adios a todos» antes de se inclinar para a frente, a fim de facilitar a própria morte. Assim acabou a carreira de um dos piratas mais malévolos que alguma vez navegaram nos oceanos. Todos os seus tripulantes foram julgados e enforcados. Depois os seus corpos foram esquartejados e os membros pendurados em ganchos, para servirem de aviso a outros futuros piratas.

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Mitos sobre Piratas

Tesouros enterrados

Raramente, os piratas enterravam os seus tesouros. Pelo contrário, preferiam dividir o seu saque constituído na sua maioria, por alimentos, tecidos, e menos ouro, pela tripulação. Exceptuando um ou outro comandante do navio que fazia isso, como era o caso do capitão William Kid e outros, raras vezes haveria algum tesouro enterrado cheio de ouro, à espera de ser descoberto.
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O livro "A Ilha do Tesouro", escrito por Robert Louis Stevenson,
em 1883, que fala sobre piratas e tesouros enterrados, permitiu a
perpetuação do mito de tesouros enterrados nas ilhas.

As carreiras dos Piratas eram curtas

A realidade é que a vida de pirata era curta e perigosa: a maioria morria ou ficava gravemente feridos nas batalhas. Como os cuidados médicos eram raríssimos, muitos dos ficavam feridos, não durava muito. Piratas famosos, como o Barba Negra só permaneciam activos por alguns anos. Além da morte o maior medo de um pirata era vir a ser incapacitado.
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Quando perdiam um membro, os piratas eram recompensados pela sua perda, e eram recompensas perfeitamente adequadas para os tempos em que viviam. Se um pirata fosse ferido na perna, a amputação devia de ser muitas vezes a única saída para ser salvo, a tripulação chamava o cozinheiro para amputar o membro ferido, para prevenir uma infecção. Os médicos não eram comuns a bordo de navios pirata, então muita vezes o cozinheiro era chamado para fazer as amputações. Contudo, como as operações raramente tinham sucesso e como o cirurgião inexperiente podia não conseguir fazer parar a hemorragia o pirata raramente sobrevivia, e mesmo que sobrevivesse à amputação podia não passar de uma infecção posterior.

Caso sobrevivesse era necessário um substituto para a perna em falta, que normalmente era qualquer coisa que estivesse livre no barco, como por exemplo um pedaço de madeira comprido. Esta prática também poderia acontecer no caso de uma mão, tal como existe o vulgar exemplo do gancho. Na verdade, a maioria das tripulações piratas eram organizadas, razoavelmente sofisticadas e com condições favoráveis para os membros feridos. Os piratas feridos não eram compensados apenas financeiramente, mas muitas vezes também eram oferecidos para fazer trabalhos não exigentes no navio. Trabalho este que podia incluir manobrar canhões, fazer os cozidos, e lavar o convés do navio.

Indminização por Mutilações

Se um pirata ficasse incapacitado, retirava-se do serviço, e recebia a seguinte indemnização:
- Pela perda de um braço direito, recebia 600 pesos ou 8 escravos;
- Pela perda de um braço esquerdo, recebia 500 pesos ou 5 escravos;
- Cego de um olho ou perda de um dedo, recebia 100 pesos ou um escravo;
- Pela perda da perna direita, 500 pesos;
- Pela perda da perna esquerda, 400 pesos.
Em comparação com os valores actuais, 1 peso vale cerca de 96 cêntimos de dólar (0,96$), o que para a altura era muito.

Os Piratas não tinham Regras e Regulamentos
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Nos filmes de Hollywood, mostram a vida de piratas sem regras, dedicando-se apenas a atacar, roubar e beber. Autênticos criminosos psicopatas, ladrões e assassínios impiedosos, que não cumpriam nenhumas regras. Mas a realidade era bem diferente: a maioria das tripulações dos navios piratas tinha o seu código que devia ser seguido por todos os membros. As regras incluíam punições por mentiras, roubos ou lutas a bordo do navio. Qualquer pirata que desobedecesse ao código de conduta ou lutasse com os colegas era chicoteado ou deixado à deriva no bote, ou caso um pirata roubasse outro membro da tripulação podiam ser-lhe cortada a orelha ou o nariz.

Curiosidades:

Os membros da tripulação de John Philips foram obrigados a jurar com a mão sobre um machado que os desertores e traidores seriam abandonados numa ilha deserta.

Para se vingar de antigos oficiais, os piratas quando atacavam estes com sucesso castigavam-nos, como por exemplo cortando-lhes o braço ou qualquer outra parte do corpo.

O capitão pirata irlandês Edward England foi punido pela sua tripulação por ser demasiado brando com eles.

Andar na Prancha

Por norma, os piratas que quebravam as regras do código eram abandonados nas ilhas, chicoteados ou mesmo "quilha-transportados" (tipo de castigo em que o pirata era amarrado a uma corda e jogado ao mar, de um lado do navio. Então era transportado pela quilha, por baixo do navio, até ao outro lado). Caminhar na prancha era a forma de execução ou tortura praticada por piratas, amotinados e outros navegantes e marinheiros foras-da-lei. A prática consistia na vítima ser forçada a caminhar até ao fim da prancha ou viga de madeira, e lançada ao mar pela borda do navio.
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Por vezes, o condenado era amarrado ou atado a pesos e lançado da prancha ao
mar infestado de tubarões.

Os Piratas praticavam tal castigo?

O primeiro registo do uso da frase data da segunda metade do século XVIII. Alguns escritores do século XX especularam que a caminhada sobre a prancha seria um mito criado pelo cinema; no entanto, a frase foi registada no Dicionário da Língua Vulgar, do lexicógrafo Francis Grose, publicado pela primeira vez em 1785.

Embora a caminhada sobre a prancha tenha um papel importante no folclore da pirataria, na realidade o acto era extremamente raro. A maior parte dos piratas, bucaneiros e amotinados não se preocuparia com um meio tão elaborado de se livrar de seus prisioneiros. Aqueles poucos que gostavam particularmente de torturar suas vítimas, como o temível pirata Edward Low, preferiam métodos mais duradouros.

Reinava a indisciplina e a anarquia a bordo do navio pirata

Na realidade, um navio pirata era mais que um barco cheio de assassinos e ladrões, pois possuía uma boa tripulação e divisões de cargos. Embora reinasse um certo ambiente democrático (ao contrario da disciplina rigorosa praticada em navios mercantes ou militares), os piratas respeitavam o seu capitão.
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O capitão decidia para onde ir, quando e a quem atacar. Além disso, tinha o controlo total durante as batalhas. O intendente supervisionava a operação do navio e dividia o dinheiro. E havia ainda outras posições, como carpinteiro, artilheiro e navegador.

Caraíbas - Santuário dos Piratas!

Apesar de as Caraíbas ser um excelente local para os piratas assaltarem os inúmeros navios mercantes que passavam nessas paragens, e de haver aí uma porção de ilhas desabitadas, os piratas não actuavam só nessa área. Muitos deles fizeram incursões noutras paragens: na costa oeste da África, no Oceano Índico e até no sul da Ásia.

Mulheres Piratas
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Embora fosse raro, havia algumas mulheres
piratas que se destacaram pela sua coragem
e bravura nos combates.

Os exemplos mais famosos são Anne Bonny e Mary Read, que navegaram com "Calico Jack" Rackham em 1719. As duas se vestiram como homens e supostamente lutaram tão bem quanto seus companheiros. Quando Rackham e sua tripulação foram capturados, as mulheres disseram que estavam grávidas e se livraram do enforcamento.

A Pirataria era melhor que as outras alternativas

Embora existe o mito de que muitos homens desesperados por não terem trabalho, simplesmente abraçavam a vida de pirata, isso não corresponde à verdade. Alguns escolhiam esta vida porque queriam. Na verdade, quando um navio mercante era abordado, não era raro ver parte da tripulação comercial se unir aos piratas. Isso acontecia porque os trabalhos honestos daquela época eram o comércio e o serviço militar, e ambos ofereciam péssimas condições de vida, já para não mencionar os maus-tratos que sofriam nas mãos de capitães psicopatas e cruéis.

Os Piratas eram ignorantes e pobres

Embora a maioria que vinham para a pirataria eram analfabetos e pobres, existiam outros com instrução mais elevada. Por exemplo, o capitão William Kidd, era oriundo de classes sociais mais altas. No início dedicou-se a caçar piratas e acabou por se tornar um deles.

Nem todos os piratas eram criminosos

Existia um tipo de pirata chamado Corsário ou Corso, que munido de uma carta autorizada pela sua nação atacava os navios inimigos, saqueando as suas riquezas, que seria depois dividido com o seu governo. Corsários famosos como Sir Francis Drake e Capitão Henry Morgan faziam pirataria ao serviço da coroa inglesa. Para os ingleses eram considerados heróis, mas para os espanhóis (que viam os seus galeões carregados de ouro e prata, provenientes da América para Espanha, serem atacados por esses corsários), eram considerados criminosos.

A Pirataria já não existe!

A prática da pirataria nunca deixou de existir. Os mares asiáticos, na China, Tailândia, Vietname e Coreia, sempre foram bastante activos nesse sentido. Actualmente, os piratas da Somália tem sido os protagonistas da pirataria moderna, saqueando todos os navios que atravessam o oceano Índico.
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Como a Somália é um país sem governo, e um dos mais pobres do mundo, a pirataria torna-se assim, uma forma de sobrevivência. Estes piratas vivem em aldeias junto ao mar, recebendo ajudas de organizações muçulmanas, dedicando-se ao tráfico de armas. Existem também interesses obscuros da parte de certos países europeus que afirmam combater a pirataria, mas na realidade tem benefícios lucrativos.
 
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O MITO DA BANDEIRA DE EDWARD TEACH, O 'BARBA NEGRA'

 
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