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Jiri Marzi estava praticamente morto. O coração tinha parado há já 90 minutos e a sua temperatura corporal era de apenas 21 graus.
"Morto", afirmou taxativamente Luca Lorini, o diretor das urgências do Hospital Papa Giovanni, em Bergamo, Itália.
Foi assim que encontrou o jovem de 18 anos, quando este chegou à unidade de saúde a 27 de setembro - ou, pelo menos, assim parecia. Mais de um mês depois, a 2 de dezembro, Lorini senta-se ao lado de Jiri, enquanto o jovem recorda o incidente que o levou às portas da morte.
A história começa pela manhã, bem cedo, desse dia em setembro, quando Jiri chega à maratona Trail Lago di Como, de 42 quilómetros e um desnível de 2.400 metros pelas montanhas. O jovem ia bem preparado: leva o telemóvel e barras energéticas, o número sete ao peito e entusiasmo pela corrida.
O mau tempo, para ele, é irrelevante e, talvez por isso, não tenha notado que o percurso tinha sido alterado (exatamente devido ao mau tempo) e que não era suposto ter continuado em frente. Jiri continua, isolando-se cada vez mais do resto dos concorrentes, até que, pouco a pouco, o seu corpo começa a falhar.
"Quanto senti que a minha energia estava a diminuir, ainda estava convencido de que estava no caminho certo. Pensei: ‘se continuar, alguém vai passar por mim’", contou ao La Repubblica.
Enquanto suava, a sua roupa ia ficando cada vez mais ensopada, tornando o frio que soprava gélido contra a sua pele e tornando cada vez mais difícil continuar a maratona. Eventualmente, os dedos, de tão frios, deixaram de funcionar devidamente.
"Eu não conseguia chegar ao meu telemóvel ou às minhas barras de energia. A certa altura, questionei se ia conseguir sobreviver, mas tentei ser racional", confessou Jiri.
Organização dá pela falta do jovem e dá início a buscas
Por volta das 14h00 a organização do evento alerta as autoridades e dão início às buscas, notando que o jovem nunca passou pelo posto de controlo. Só quatro horas depois, por volta das 18h10 é que se deparam com Jiri, deitado na neve e sem sentidos.
Quando o encontram, o coração já está parado há uma hora e meia e a sua temperatura corporal é de 21 graus. Apenas 20% do seu metabolismo está funcional - a única coisa que ainda o mantém vivo.
Jiri foi socorrido com a ajuda de um helicóptero que, em 21 minutos, o transporta para o hospital em Bergamo. Lá, em 17 minutos é ligado a uma máquina chamada ECMO (em português, Oxigenação por Membrana Extra Corporal) que dá suporte ao coração e aos pulmões em casos de falência graves. De forma muito simplificada, a máquina recebe o sangue do paciente e substitui o dióxido de carbono por oxigénio (fazendo o trabalho dos pulmões), e devolve-o ao copo já oxigenado.
"Quando ele chegou ao nosso hospital, por volta das 19h00, a sua temperatura tinha subido para 25 graus celsius. Aumentámos gradualmente para 33 graus ao longo de 24 horas e, então, avaliamos se ele respondia a estímulos, como apertar as mãos ou piscar os olhos", explicou Lorini.
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