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Lava-Jato condena seis. Odebrecht acusado

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Marcelo Odebrecht, presidente da maior empreiteira brasileira, passou à condição de acusado por corrupção, lavagem de dinheiro, fraude a licitações e crime económico

Três executivos da Camargo Corrêa punidos. Pesos diferentes das sentenças sublinham relevância da "delação premiada". Odebrecht tentou travar investigação, diz polícia.
A Operação Lava-Jato começa a produzir sentenças no núcleo dos construtores: três executivos da Camargo Corrêa foram condenados pelo juiz Sérgio Moro por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Além deles, também três intermediários do esquema do Petrolão conheceram os seus veredictos. E Marcelo Odebrecht, presidente da maior empreiteira brasileira, passou à condição de acusado por corrupção, lavagem de dinheiro, fraude a licitações e crime económico.

Os três quadros da Camargo Corrêa estavam a ser investigados por terem pago 50 milhões de reais [cerca de 14 milhões de euros] para obterem contratos de licitação nas refinarias Getúlio Vargas, no Paraná, e Abreu e Lima, em Pernambuco, obras da estatal Petrobras, segundo a polícia federal brasileira.

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Sete instantes que explicam a Lava Jato, a investigação brasileira que chegou a Portugal


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O ex-presidente do Brasil, Lula da Silva, começou a ser investigado por tráfico de influências por ter alegadamente influenciado a Odebrecht, uma das empresas envolvidas na operação Lava Jato

Um esquema multimilionário de desvio e lavagem de dinheiro no Brasil - que terá ramificações em Portugal - envolve quatro tipos de entidades - empreiteiras, funcionários da Petrobras, operadores financeiros e agentes políticos.

A investigação decorre desde março de 2014 e até ao mês de maio deste ano já tinha resultado em 146 anos, 11 meses e 25 dias de condenações.

As autoridades brasileiras já pediram a colaboração da Justiça portuguesa


Tida como a maior investigação de corrupção e lavagem de dinheiro no Brasil, a operação Lava Jato arrancou em março de 2014 e até maio deste ano já tinha dado origem a 146 anos, 11 meses e 25 dias de condenações.

Como o Ministério Público Federal (MPF) explica num portal sobre a operação, em causa está um esquema em que as grandes empreiteiras organizadas em cartel pagavam subornos aos diretores e agentes da Petrobras.

Os subornos chegavam a 5% do montante total dos contratos.

Empreiteiras, funcionários da Petrobras, operadores financeiros e agentes políticos são as quatro entidades envolvidas, segundo o MPF.

Numa situação normal, as empreiteiras concorreriam entre si para conseguirem contratos da Petrobras, que, por seu lado, iria escolher a empresa que aceitasse a obra pelo menor preço.

No entanto, as empreiteiras organizaram-se em cartel e realizavam reuniões secretas para decidirem quais os preços que iriam oferecer à Petrobras, assim como qual a empresa que iria ganhar o contrato.

Para garantir que só as empresas do cartel eram convidadas para as licitações, era preciso envolver funcionários da Petrobras.

No meio do esquema, estavam os operadores financeiros ou intermediários, responsáveis por intermediar o pagamento dos subornos e entregá-los "disfarçados de dinheiro limpo aos beneficiários”, explica o MPF.


17 DE MARÇO DE 2014

OS DOIS DOLEIROS


A investigação Lava Jato arranca a 17 de março de 2014, a cargo da Polícia Federal e do Ministério Público Federal (MPF).

Começaram por ser investigadas e processadas quatro organizações criminosas lideradas pelos chamados “doleiros”, operadores do mercado paralelo de câmbio.

Em causa estava um esquema multimilionário de desvio e lavagem de dinheiro, que começou a ser investigado em 2009, focando-se num ex-deputado (José Janene) e em dois “doleiros”, Alberto Youssef e Carlos Habib Charter.

A partir de escutas telefónicas a Charter, feitas em 2013, foram identificadas quatro organizações criminosas, quatro “doleiros” e ligações do esquema a Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras.

O Ministério Público Federal recolheu provas de um “imenso esquema criminoso de corrupção envolvendo a Petrobras”.

Perante as provas recolhidas até então, é lançada a operação em março, pelo Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot.

Foram cumpridos 81 mandados de busca e apreensão, 18 mandados de prisão preventiva, dez mandados de prisão temporária e 19 mandados de condução coerciva, em 17 cidades de seis estados e no Distrito Federal.


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MARCELO SAYÃO

11 DE ABRIL DE 2014

PETROBRAS ENVOLVIDA


Entre o arranque da operação e o início do mês de abril, Paulo Roberto Costa foi detido.

O ex-diretor da Petrobras e os seus familiares – apanhados a desfazerem-se de provas – foram acusados de obstrução à investigação de organização criminosa.

São apreendidos 80 mil documentos, além de equipamentos informáticos e telemóveis.

As provas recolhidas apontam para um esquema de corrupção e lavagem de dinheiro na Petrobras.

O aprofundamento das investigações marcou o início da segunda fase da operação. A 11 de abril, depois de terem sido expedidos mandados de intimação, a Petrobras colabora voluntariamente e entrega documentos.

Nesse mesmo dia, foram cumpridos 23 mandados de busca e apreensão, dois de prisão temporária, seis de condução coerciva e 15 de busca e apreensão, em cinco cidades.

O objetivo era aprofundar a investigação aos “doleiros”.

São então denunciadas 74 pessoas pela prática de crimes contra o sistema financeiro nacional, formação de organização criminosa e lavagem de recursos provenientes desses crimes, de corrupção e de peculato.


27 DE AGOSTO DE 2014

COLABORAÇÕES TRAZEM MAIS INFORMAÇÃO


Paulo Roberto Costa decide assinar um acordo de colaboração com o Ministério Público Federal.

Em troca de benefícios, compromete-se a devolver o suborno que recebeu, a contar todos os crimes cometidos, bem como a indicar quem foram os outros criminosos.

“Caso ficasse provado que, em algum momento, ele mentiu ou ocultou factos, todos os benefícios seriam perdidos”, esclarece o MPF.

Depois do ex-diretor da Petrobras, foi a vez do “doleiro” Alberto Youssef assinar um acordo com os procuradores.

Houve ainda outros acordos de colaboração. “As informações e provas decorrentes desses acordos feitos em primeiro grau alavancaram as investigações, permitindo sua expansão e maior eficiência.”

É então que a operação lança vários mandados em diversas cidades do país, envolvendo construtoras como a Engevix, Mendes Júnior Trading Engenharia, Grupo OAS, Camargo Correa, Galvão Engenharia, UTC Engenharia, IESA Engenharia, Construtora Queiroz Galvão e Odebrecht Plantas Industriais e Participações.

Trinta e seis pessoas são acusadas de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

Entre os acusados, 23 pertencem às construtoras OAS, Camargo Correa, UTC, Mendes Júnior, Galvão Engenharia e Engevix, com um valor de suborno que ronda os 300 milhões de reais.


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PILAR OLIVARES

6 DE MARÇO DE 2015

O ENVOLVIMENTO DE POLÍTICOS


Segundo o Ministério Público Federal, foi iniciada uma nova linha de investigação da Lava Jato no início de março deste ano.

O procurador-geral pediu ao Supremo Tribunal Federal para investigar 49 pessoas, entre as quais estão 47 políticos, suspeitos de participação no esquema de corrupção.

Isso permitiu ao procurador-geral juntar mais provas.

Entre eles estão 22 deputados federais, 12 senadores, 12 ex-deputados e uma ex-governadora, pertencentes a cinco partidos, além de dois dos chamados "operadores" do esquema – o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, e o lobista Fernando Soares, o “Fernando Baiano”, segundo notícia no site da Globo.

A mesma fonte avançava ainda, em março, que o PP (Partido Progressista) era o partido com mais políticos entre os que vão responder a inquéritos (32), seguido pelo PMDB (sete), PT (seis), PSDB (um) e PTB (um).

Tanto a presidente Dilma Rousseff como Aécio Neves são citados nos depoimentos de delatores, segundo a Globo, mas não são incluídos na investigação por decisão do MP.

Para o procurador-geral, os grupos políticos "agiram em associação criminosa, de forma estável, com comunhão de esforços e unidade de desígnios para praticar diversos crimes, entre os quais corrupção passiva e lavagem de dinheiro.”

Já em janeiro de 2015, o ex-diretor da área internacional da Petrobras, Nestor Cuñat Cerveró, foi preso preventivamente ao desembarcar no Aeroporto do Galeão, Rio de Janeiro.


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UESLEI MARCELINO

18 DE MAIO DE 2015

BALANÇO DE UM ANO


Desde março de 2014 até 18 de maio deste ano, a operação envolveu:

. 600 procedimentos instaurados

. 494 pessoas e empresas sob investigação

. 235 buscas e apreensões

. 82 mandados de prisão cumpridos

. 46 pedidos de cooperação internacional

. 28 acusações criminais contra 128 pessoas pelos seguintes crimes: corrupção, crimes contra o sistema financeiro nacional, tráfico transnacional de drogas, formação de organização criminosa, lavagem de ativos, entre outros

Os crimes denunciados envolvem o desvio de aproximadamente 2,1 mil milhões de reais.

Quando ao total das condenações até maio deste ano: 146 anos, 11 meses e 25 dias, aponta o MPF.


19 DE JUNHO DE 2015

DUAS GRANDES DETENÇÕES


Uma das grandes detenções ocorreu a 19 de junho: a de Otávio Azevedo, presidente da Andrade Gutierrez, uma das empresas envolvidas no esquema de corrupção.

Otávio Azevedo foi um dos representantes da Oi na PT SGPS e era um dos homens mais poderosos do Brasil.

Saiu do conselho de administração da PT SGPS depois de conhecido o investimento na Rioforte.

Otávio Azevedo, diz a “Valor Econômico”, foi apontado pelo ex-diretor de abastecimentos da Petrobras, Paulo Roberto Costa, como estando envolvido no pagamento de subornos da Andrade Gutierrez ao PMDB e ao PP, por intermédio de Fernando Soares, o "Fernando Baiano", entretanto já detido.

Além de Otávio Azevedo, em junho também foi detido Marcelo Odebrecht, presidente da holding Odebrecht S.A, que em Portugal é detentora da construtora Bento Pedroso.

Marcelo Odebrecht foi indiciado esta segunda-feira, 20 de julho, com mais sete pessoas ligadas à empresa, por crimes como fraude em licitação, lavagem de dinheiro, corrupção ativa e passiva, crime contra a ordem económica e organização criminosa.

Também esta segunda-feira, segundo o Globo, foram condenados executivos ligados à Camargo Corrêa.

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VICTOR MORIYAMA

16 DE JULHO DE 2015

LAVA JATO CHEGA A PORTUGAL


Lula da Silva, ex-presidente do Brasil, começa a ser investigado a 16 de julho por tráfico de influências, por ter alegadamente favorecido a construtora Odebrecht, uma das empreiteiras envolvidas na Lava Jato.

Segundo notícia da Globo, o alvo das investigações são viagens internacionais feitas por Lula da Silva financiadas pela Odebrecht.

Em contrapartida, o ex-presidente ajudaria a construtora a conseguir contratos em África e na América Latina.

As suspeitas remontam ao período entre 2011 e 2014, altura em que Lula já não era chefe de Estado.

O ex-presidente entretanto já pediu a suspensão do inquérito, alegando que houve irregularidades na abertura do processo.

No início desta semana, já em Portugal, a Procuradoria-Geral da República confirmou ter recebido das autoridades brasileiras “um pedido de cooperação judiciária internacional”.

As autoridades portuguesas vão investigar eventuais ligações em Portugal entre o ex-presidente brasileiro e a construtora Odebrecht.

A imprensa brasileira tinha avançado que Lula da Silva terá pedido a Passos Coelho para dar atenção aos interesses da Odebrecht na privatização da Empresa Geral de Fomento (EGF), a sub-holding da Águas de Portugal.

Passos Coelho negou, afirmando que Lula da Silva não tentou “meter nenhuma cunha” a favor da Odebrecht ou de outra empresa brasileira.

Já esta terça-feira, a PGR acrescentou que existem investigações em curso relacionadas com a PT, que se encontram em segredo de justiça.

O Ministério Público quer apurar o envolvimento de ex-governantes, acionistas da PT e gestores no negócio de venda da participação da PT na Vivo à Telefónica, por 7,5 mil milhões de euros, e posterior entrada da Portugal Telecom na brasileira Oi.

Os negócios foram realizados em 2010.

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Dilma cercada por escândalo de corrupção que assume dimensão internacional

As ondas de choque da operação Lava Jato já se sentem em vários países da América Latina e até na Suíça.

O elo comum é a construtora Odebrecht.


Para 69,2% dos brasileiros, Dilma é uma das culpadas pela corrupção EVARISTO SA/AF

No Brasil, mas também no Peru, na Suíça, no Panamá ou no Equador, os negócios da Odebrecht, a maior construtora da América Latina, estão sob suspeita de corrupção – a empresa é indicada em investigações judiciais enquanto membro do alegado cartel de construtoras que usufruía de contratos com a petrolífera estatal Petrobras, em troca de financiamentos partidários ilícitos, e enquanto beneficiária de tratamento especial de governantes estrangeiros, por acção directa de responsáveis políticos brasileiros.

Apesar de ter presidido ao conselho de administração da Petrobras no período dos factos denunciados (e já apurados) pela investigação Lava Jato, a Presidente do Brasil, Dilma Rousseff, tem sido poupada das suspeitas de corrupção.

Mas para 69,2% dos brasileiros, ela é uma das culpadas pela corrupção na estatal, que 65% acreditam já ter começado no mandato do seu antecessor Lula da Silva, revela uma sondagem CNT/MDA.

O cerco ao Governo de Dilma está a apertar-se: no actual ambiente de desconfiança generalizada e crise institucional, a sua margem de manobra política está seriamente diminuída, e a sua imagem muito comprometida.

Aliás, 63% dos brasileiros apoiam agora a abertura de um processo para a destituição da Presidente, que foi reeleita em Novembro passado com 51,6% dos votos.

O escândalo de corrupção, que rebentou também há pouco mais de um ano, ainda antes da reeleição, e inicialmente parecia circunscrito apenas à empresa petrolífera estatal Petrobras, continua a crescer, deixando no ar a ideia de que está “tudo” está ligado, e ao mais alto nível: as maiores empresas do Brasil, os políticos e respectivos partidos – do Governo e base aliada, e também da oposição –, e até a Procuradoria e os tribunais.

Porém, 67,1% dos entrevistados pela CNT/MDA não acreditam que os responsáveis pela corrupção venham alguma vez a ser castigados.

Peru e Suíça investigam

E a rede já extravasa as fronteiras brasileiras, com ramificações a tocarem vários países latino-americanos e africanos.

A prisão de Marcelo Odebrecht, o presidente da administração, no âmbito da operação Lava Jato, deixou "milhões de dólares em projectos de infra-estrutura sob escrutínio por toda a região”, escreve a Reuters.

A Polícia Federal brasileira acabou de imputar ao empresário os crimes de corrupção activa, lavagem de dinheiro, fraude em licitações e crime contra a ordem económica – e além de Odebrecht, foram também indiciados (e detidos) outros quatro executivos da construtora.

O escândalo assumiu uma dimensão internacional com a confirmação, pelo Procurador-geral do Peru, Pablo Sanchéz, das diligências das autoridades nacionais no âmbito da investigação a supostas práticas de suborno em torno de um projecto viário transcontinental, e que incluem uma missão de investigadores peruanos ao Brasil para recolha de depoimentos e provas.

“A mensagem que o Brasil deu, com uma investigação da escala [da Lava Jato] que vai ecoar aqui se encontrarmos provas, é de uma clara batalha contra a corrupção nesta região”, disse Sanchéz.

Esta quinta-feira foi conhecida a existência de um outro inquérito, aberto pelo Ministério Público de Berna, na Suíça, por indícios de pagamentos de subornos por parte da Odebrecht, através de contas abertas naquele país por ex-directores da Petrobras.

De acordo com a Reuters, outros países da América Latina estão a mexer-se para descobrir o que está por trás dos negócios da construtora, responsável por quase três quartos dos projectos de infra-estrutura de empresas brasileiras no estrangeiro.

“O Equador iniciou auditorias a contratos da companhia.

O vice-presidente da Colômbia alertou que a empresa poderia ser proibida de participar em concursos públicos durante décadas. Investigadores nos Estados Unidos e no Panamá também estão a colaborar com as autoridades brasileiras”, informa a agência.

Os Estados Unidos já suspeitavam de que havia irregularidades com a actividade da Odebrecht nesses países, lê-se em alguns dos telegramas diplomáticos dos Estados Unidos revelados pela Wikileaks, e que o jornal O Estado de São Paulo publicou nesta quarta-feira.
As desconfianças dos EUA

Equador, Panamá, Venezuela e Angola, são países onde a Odebrecht fez negócios que os norte-americanos consideravam suspeitos, ainda durante a presidência de Luiz Inácio Lula da Silva (que deixou o cargo em 2009).

O ex-Presidente e homem forte do Partido dos Trabalhadores está no centro de um outro inquérito judicial, aberto pela Procuradoria de Brasília para apurar a natureza da sua associação à construtora depois de deixar o palácio do Planalto.

O diário aponta casos concretos de mensagens enviadas para Washington da embaixada de Quito, no Equador, que referem a pressão do Presidente Rafael Correa sobre a Odebrecht, que terá sido ameaçada de expulsão do país, depois de o chefe da secretaria anticorrupção equatoriana questionar os preços e o financiamento dos seus contratos, informou o embaixador norte-americano, num telegrama de Outubro de 2008.

“Apesar de não termos a história completa da ira de Correa contra a Odebrecht, suspeitamos que a corrupção e a pobre construção da empresa amplamente devem explicar as suas acções”, lê-se no documento citado.

Datado de Outubro de 2009, um telegrama da embaixada dos EUA no Panamá alerta para um escândalo de corrupção prestes a rebentar envolvendo a Odebrecht, e menciona explicitamente “uma grande contribuição” para a campanha do então Presidente Ricardo Martinelli, paga pela construtora brasileira que tinha assinado um contrato de 60 milhões de dólares para a construção de uma estrada “sem licitação”.

Outros telegramas referem o papel do então Presidente Lula da Silva no fecho de negócios da Odebrecht na Venezuela e em Angola.

Se a conduta de Lula não é posta em causa, já os contratos atribuídos à construtora merecem as maiores dúvidas aos norte-americanos.

Portugal não fez qualquer pedido de cooperaçãointernacional para investigar Lula, assegurou o Ministério Público, depois de ter sido noticiado que os contactos do ex-Presidente brasileiro com Passos Coelho estavam também na mira das autoridades brasileiras.

Camargo Corrêa condenada

Se Marcelo Odebrecht beneficia, por enquanto, da presunção de inocência relativamente aos crimes que lhe foram imputados no âmbito da Lava Jato, os administradores de outra grande construtora brasileira, a Camargo Corrêa, foram já condenados a penas de prisão e ao pagamento de uma multa de sete milhões de reais (dois milhões de euros) pelos crimes de corrupção, formação de quadrilha e branqueamento de capitais.

O juiz aceitou que Dalton Avancini, Eduardo Leite e João Auler cumprissem a pena em regime domiciliário: os três assinaram acordos de delação premiada, fornecendo provas do pagamento de subornos no valor de 50 milhões de reais ao ex-director de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, por contratos nas obras das refinarias Getúlio Vargas, no Paraná, e Abreu e Lima, em Pernambuco.

Além da Odebrecht e da Camargo Corrêa, outras cinco construtoras foram nomeadas pelas autoridades como integrantes do cartel que operava em sistema de “rodízio”, pagando subornos para assegurar contratos da Petrobras.

Neste momento, há pelo menos 20 executivos (administradores, directores) no banco dos réus, a aguardar sentença.


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Brasil quer ter acesso a contas de portugueses na procura de subornos no caso Petrobras

A justiça brasileira emitiu mais de 50 pedidos de cooperação internacional, para ter acesso a contas bancárias.


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O procurador da República do Brasil Deltan Dallagnol, coordenador da investigação sobre corrupção na Petrobras, afirmou hoje que os pedidos de cooperação judiciária internacional, inclusive com Portugal, foram feitos para rastrear possíveis contas bancárias de acusados.

"Foram feitos mais de 50 pedidos de cooperação internacional, e estamos a alcançar diversas contas [bancárias].

Se já foram descobertos pagamentos no exterior, é possível que sejam descobertos outros", afirmou, em conferência de imprensa, em Curitiba, no sul do Brasil.

O procurador realçou a cooperação obtida com a Suíça, que possibilitou seguir pagamentos feitos por subsidiárias da construtora Odebrecht em contas secretas na Europa.

Segundo o jornal "Folha de São Paulo", o valor depositado supera os 59 milhões de reais (16 milhões de euros).

In:económico
 

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Lava jato vira-se do petróleo para a energia nuclear


Operação Radioactividade do inquérito em torno da petrolífera brasileira vai apurar a existência de um esquema de subornos e desvios de dinheiro da holding estatal de energia.

Lula desmente ser um dos corruptos da Petrobras.


Os contactos entre Lula e a Odebrecht estão na mira de investigadores de Brasília FABRICE COFFRINI/AFP


Marcelo Odebrecht, o presidente da maior empresa de construção do Brasil, acaba de ser formalmente acusado dos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro em contratos celebrados com a petrolífera estatal Petrobras, o âmago da investigação Lava Jato que está a deixar o país (económico e político) de pernas para o ar.

Segundo o juiz federal do Paraná, Sérgio Moro, que confirmou as acusações do Ministério Público contra Odebrecht, o poderoso administrador seria o “cabecilha” de um esquema de cartelização de construtoras, que pagariam subornos para fechar negócios com a Petrobras e desviariam fundos para o financiamento ilegal do Partido dos Trabalhadores da Presidente Dilma Rousseff e outros integrantes da base aliada do Governo.

O presidente da administração da Odebrecht, detido desde 19 de Junho, ter-se-á incriminado a si próprio em anotações pessoais e mensagens telefónicas e electrónicas que foram apreendidas pela polícia.

Sérgio Moro disse ainda ter recebido “documentação vinda da Suíça com a prova material do fluxo [de dinheiro] entre contas controladas pela Odebrecht e de dirigentes da Petrobras”. “É um elemento probatório muito significativo”, indicou.

Os contratos suspeitos, referentes a obras nas refinarias da Petrobras no Paraná e em Pernambuco, e ainda no complexo petroquímico do Rio de Janeiro, poderão envolver mais de 13 mil milhões de reais (quase 3000 milhões de euros).

Além de Marcelo Odebrecht, foram acusados mais cinco administradores da construtora, três antigos dirigentes da Petrobras e vários intermediários de negócios, entre os quais o ex-director do Departamento de Abastecimento, Paulo Roberto Costa, e o “doleiro” Alberto Youssef (o termo designa alguém que transfere dinheiro para o estrangeiro sem declarar ao fisco), que foram os primeiros suspeitos da investigação Lava Jato a assinar acordos de delação premiada com a Justiça brasileira.

Aproximar-se de Dilma

Entretanto, a investigação, que desde Março do ano passado já produziu mais de 25 acções criminais, acaba de iniciar um novo capítulo: esta 16ª fase, ou desdobramento, da operação inicial foi apropriadamente baptizada Radioactividade por lidar com energia nuclear.

No trilho do dinheiro, os investigadores chegaram à Eletronuclear – subsidiária da Eletrobras, a holdingestatal para o sector da energia –, cujo presidente, Othon Luiz Pinheiro, foi detido na terça-feira sob suspeita de ter embolsado 4,5 milhões de reais (1,2 milhões de euros) em subornos, para adjudicar obras do complexo nuclear de Angra dos Reis ao consórcio Angramon.

De acordo com a Polícia Federal, Othon Pinheiro, que saiu da Eletronuclear em Abril, foi “pago” através de transferências de empresas de fachada que negociavam com uma companhia de engenharia, Aratec, registada em seu nome.

Mas nas contas da empresa entrou também dinheiro de algumas das integrantes do consórcio Angramon, nomeadamente as construtoras Camargo Corrêa, UTC, Odebrecht e Andrade Gutierrez – todas citadas na Lava Jato.

Além de Othon Pinheiro, foi também detido um administrador da Andrade Gutierrez, Flávio David Barra.

As autoridades acreditam que na Eletrobras funcionaria um esquema semelhante ao do que vigorava na Petrobras. “A corrupção no Brasil é endémica e está em processo de metástase”, comentou um dos procuradores da Lava Jato, Athayde Ribeiro Costa, na sequência da nova operação Radioactividade.

A imprensa brasileira considera o Electrolão como “motivo para diversas dores de cabeça preventivas em Brasília”. Escreve Igor Gielow na Folha de São Paulo: “No meio político, o temor é evidente.

O sector eléctrico tem personagens conhecidos, todos eles muito próximos de figuras graúdas do PT e PMDB. Mais ainda, era a área de excelência de Dilma Rousseff, que conduziu o ministério das Minas e Energia com-mão-de ferro até assumir a Casa Civil e ser catapultada à presidência por obra de Luiz Inácio Lula da Silva”.

Se a proximidade da actual Presidente ao Petrolão já é “desconfortável”, a sua possível associação ao Electrolão poderá ter consequências políticas bem mais graves, e até precipitar a sua demissão.

Lula na berlinda

Tal como Dilma – cujo nome não foi ainda pronunciado por nenhum dos investigadores, dos delatores, dos arguidos ou dos suspeitos da Lava Jato – também o ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi mantido à margem do escândalo de corrupção na Petrobras.

Mas segundo a revista Veja, o antigo sindicalista e homem forte do PT poderá estar prestes a ser implicado: na última edição a sair para as bancas, a revista colocou Lula na capa e garantiu que o ex-Presidente seria denunciado em breve pelo ex-presidente da construtora OAS, Léo Pinheiro, um dos arguidos da Lava Jato.

De acordo com a reportagem da Veja, Pinheiro, que é amigo pessoal de Lula, estaria a negociar com as autoridades judiciais um acordo de delação premiada, para reduzir a pena em troca de informações e provas contra Lula e o seu filho Fábio Luís da Silva (conhecido como Lulinha).

O executivo teria prometido apresentar uma lista de bens e despesas pagas pela OAS a Lula, e ainda explicar como Lulinha teria começado a construir a sua fortuna pessoal actuando na órbita de influência da construtora, escreveu a Veja.

A notícia foi desmentida pelos representantes legais de Léo Pinheiro, que disseram à Agência Estado “não haver nenhuma chance” de o arguido estar a negociar a adesão ao mecanismo da delação.

“A reportagem da Veja é mentirosa e irresponsável”, declarou o advogado Edward Carvalho.

Pelo seu lado, em nota à imprensa, o Instituto Lula referiu-se à notícia da Veja como “mais um dos enredos fantasiosos, mistificadores e caluniosos que têm caracterizado a publicação”, que, lembra, “tem um histórico de capas e reportagens mentirosas sobre o ex-Presidente e o PT”.


O comunicado faz referência às contribuições – “registadas e declaradas ao fisco” – que o Instituto Lula recebe de empresas privadas como a OAS, a Camargo Corrêa ou a Odebrecht, para manter a sua actividade, e que afirma “não têm relação com contratos da Petrobras” ou de qualquer outra empresa.

Os contactos entre Lula e a Odebrecht estão na mira de investigadores da Procuradoria de Brasília, que estão a avaliar se viagens do ex-Presidente ao estrangeiro, financiadas pela construtora, poderão ter servido para a promoção dos seus interesses comerciais.

O que está em causa no inquérito é saber se Lula poderá ser acusado do crime de tráfico de influência internacional.


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Ex-chefe da Casa Civil de Lula foi detido no âmbito do “Pixuleco”. E o irmão também.

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José
Dirceu, foi detido esta segunda-feira pela Polícia Federal no âmbito da operação Lava Jato, o maior escândalo de corrupção que o Brasil já viu.

José Dirceu, que chefiou a Casa Civil do presidente Lula entre janeiro de 2003 e junho de 2005, foi detido no âmbito do escândalo “Pixuleco” , relacionado com a operação Lava Jato.

A Polícia Federal também deteve o irmão e sócio de Dirceu e um ex-assessor do PT.

Há dez anos que o nome de José Dirceu, ex-chefe da Casa Civil do Presidente Lula, envolve o PT em escândalos de corrupção graves: primeiro foi o caso Mensalão em 2005 e agora, em 2015, a operação Lava Jato.

De acordo com o jornal “Estado de São Paulo” este “condenado no mensalão” está “sob investigação por suposto recebimento de propinas [luvas] disfarçadas na forma de consultorias, por meio de sua empresa JD assessoria, já desativada”.

A Polícia Federal também deteve o irmão e sócio de Dirceu na JD Consultora, Luís Eduardo de Oliveira e Silva, e o ex-assessor do PT, Roberto Marques.

Os presos deverão ser levados para a superintendência da Polícia Federal em Curitiba, onde “permanecerão à disposição da 13ª Vara da Justiça Federal”, escreve a “Folha de São Paulo”.

A "Folha de São Paulo" adianta ainda que esta é a “17ª fase da Lava Jato, denominada “Pixuleco”, e ocorre em Brasília e nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro”.

“Pixuleco” era o termo utilizado pelo ex-tesoureiro do PT. João Vaccari Neto, para designar as luvas recebidas na sequência dos contratos com a Petrobrás.

A Lava Jato começou em março de 2014, e é considerada a maior investigação de corrupção e lavagem de dinheiro no Brasil.

Em apenas 14 meses, deu origem a 146 anos, 11 meses e 25 dias de condenações.

No seu portal, o Ministério Público Federal do Brasil, explica que a operação investiga um esquema em que as grandes empreiteiras organizadas em cartel pagavam subornos aos diretores e agentes da Petrobrás.

Os subornos chegavam a 5% do montante total dos contratos, e estão a atingir o PT, partido que suporta a Presidente Dilma.


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Carros de luxo de Collor de Mello comprados com milhões de suborno

Invetigadores acusam senador e antigo Presidente brasileiro de participar num "sofisticado esquema de lavagem de dinheiro" que lhe rendeu mais de seis milhões de euros usados para comprar automóveis de luxo.

Um dos carros de Collor de Mello que foram apreendidos pela polícia UESLEI MARCELINO /REUTERS

O senador do estado do Alagoas, e antigo Presidente da República do Brasil, Fernando Collor de Mello, terá recebido 26 milhões de reais (6,8 milhões de euros) em subornos pagos através de um “sofisticado esquema de lavagem de dinheiro” que vigorou entre 2010 e 2014 e envolveu a assinatura de contratos com a petrolífera estatal Petrobras, segundo apuraram os investigadores da operação Lava Jato.

Collor de Mello, que está acusado dos crimes de branqueamento de capitais e evasão fiscal num inquérito que corre no Supremo Tribunal Federal, poderá ter usado o dinheiro obtido de forma ilícita na compra de vários carros de luxo, registados como propriedade de empresas de fachada: um Ferrari, um Lamborghini e um Porsche, que foram apreendidos pela Polícia Federal na sua mansão de Brasília e que, por indicação do Procurador-geral da República, não deverão ser devolvidos por serem “produto de crime”.

De acordo com os investigadores, Collor terá montado, com os seus assessores e colaboradores e várias empresas (entre as quais a sua Água Branca Participações, que não tem funcionários ou sede), um “circuito” de movimentação de verbas referentes a contratos celebrados com a Petrobras Distribuidora e a DVBR Derivados do Brasil.

A defesa do antigo Presidente brasileiro – que em 1992 resignou ao cargo na véspera da votação da sua destituição pelo Congresso por suspeitas de corrupção—, ainda não se pronunciou sobre os últimos desenvolvimentos da investigação, mas já requereu a devolução dos automóveis e restantes bens apreendidos em buscas realizadas nas suas residências e escritórios.

No mês passado, Collor classificou as buscas como uma “perseguição” e uma “humilhação” e atacou duramente os investigadores da Lava-Jato, que na sua opinião “extrapolaram todos os limites do Estado de direito, extrapolaram todos os limites constitucionais e todos os limites da legalidade”.


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Espiões, medos e ameaças: o outro lado da operação Lava-Jato

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O presidente da Câmara dos Deputados do Brasil, Eduardo CunhaFotografia © REUTERS/Ueslei Marcelino

Deputados controlados por Eduardo Cunha investigam delatores, que se queixam de pressões e viram a advogada deixar profissão.

Desde que Eduardo Cunha, o presidente da Câmara dos Deputados e um dos mais mediáticos envolvidos no processo do Petrolão, foi mencionado no depoimento de um delator do caso no dia 14 de julho, nada foi como dantes na Operação Lava-Jato.

A advogada de vários delatores abandonou o caso e até a profissão por se sentir ameaçada. Os delatores passaram a queixar-se de pressões de pessoas ligadas a Cunha.

E soube-se que a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que trata o escândalo, controlada pelo líder do parlamento, contratou uma agência de espionagem para vasculhar a vida dos delatores.

É o contra-ataque de Cunha, a partir de Brasília, a Sérgio Moro, juiz que conduz a Lava-Jato em Curitiba.

Como se o primeiro investigasse as investigações do segundo.

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Mais um político acusado por corrupção no Brasil

Eduardo Cunha é suspeito de receber subornos de contratos da Petrobras.

O presidente da Câmara dos Deputados brasileira, Eduardo Cunha, foi formalmente acusado pelo Procurador da República, Rodrigo Janot, por suspeita de corrupção e branqueamento de capitais na Petrobras.

A acusação formal, chamada de denúncia no Brasil, chegou ao Supremo Tribunal Federal, segundo a imprensa brasileira.

Eduardo Cunha é suspeito de receber subornos de contratos da Petrobras com uma empresa coreana, para o fornecimento de navios.

Janot não pediu o afastamento de Cunha da Presidência da Câmara.

Segundo a imprensa brasileira, o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL, de esquerda) deve defender na Casa Legislativa a saída do político do cargo.

O presidente da Câmara, filiado no Partido do Movimento Democrático Brasileiro - que integra a coligação governamental -, considera-se da oposição ao Governo da Presidente Dilma Rousseff, ainda não comentou a acusação formal, mas desde a abertura da investigação que nega qualquer envolvimento com irregularidades.

As acusações, segundo Cunha, são uma estratégia para o enfraquecer, dado o seu protagonismo no Legislativo e o apoio a projectos contrários à vontade do Governo.

Por esse motivo, anunciou ter passado para a oposição a Rousseff.

Além de Cunha, o Ministério Público Federal acusou formalmente o ex-Presidente da República e actual senador Fernando Collor de Mello, um ex-ministro do seu Governo e uma ex-deputada, por corrupção.

Caso o Supremo Tribunal Federal aceite a denúncia, os suspeitos tornar-se-ão réus no processo
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Dinheiro pago pela PT aos accionistas da Oi na mira dos investigadores

Autoridades policiais que investigam o negócio Oi-PT suspeitam da existência de movimentos que terão facilitado as autorizações políticas.

Estes poderão ter partido das construtoras brasileiras, após receberem o dinheiro devido pela PT.

O negócio contou com o envolvimento político de Lula da Silva e de José Sócrates NUNO FERREIRA SANTOS

As autoridades policiais que investigam o negócio Oi-PT, celebrado em 2010, suspeitam que os movimentos financeiros que terão facilitado as autorizações políticas necessárias ao acordo de telecomunicações luso-brasileiro partiram das construtoras accionistas da operadora paulista, após terem recebido parte do dinheiro devido pela operadora portuguesa, no valor de 1200 milhões.

Os últimos meses têm sido de grande azáfama para a Polícia Federal, que procura desmontar a teia de corrupção e de lavagem de dinheiro urdida à volta da cúpula política brasileira. Um escândalo conhecido por "Lava-Jato" (que se centra à volta de Lula da Silva) e que derivou para outras averiguações que se desenrolam em paralelo, uma delas com um elo luso-português: o negócio entre a PT e a Oi.

As investigações que hoje decorrem no Brasil e em Portugal, de modo autónomo, mas com canais abertos, já deixam levantar a ponta do véu sobre possíveis pagamentos de várias dezenas de milhões de euros ao universo restrito do ex-Presidente da República Lula da Silva, bem como a ex-governantes e gestores brasileiros e portugueses.

Movimentos financeiros que as autoridades suspeitam poderem ter saído de veículos internacionais ligados aos accionistas da Oi, encabeçados pela construtora Andrade Gutierrez, através de territórios como Angola (onde opera também via Zagope) e Venezuela.

O presidente da Andrade Gutierrez é réu no processo Lava-Jato, sendo-lhe atribuídos os crimes de corrupção, de lavagem de dinheiro e de organização criminosa.

Otávio Azevedo é considerado a cabeça da engrenagem que possibilitou o acordo entre a PT e a Oi em Julho de 2010.

Um negócio que necessitou de múltiplas autorizações políticas dos dois lados do Atlântico e que começou a ser preparado no final de 2007 como resposta à intenção firme da Telefónica de adquirir os 50% da brasileira Vivo que estavam nas mãos da PT e que era o motor de crescimento da empresa portuguesa.

À procura de pistas

Este é um dossier que está a ser seguido pelas polícias brasileiras e portuguesas, que tentam apanhar o fio à meada. O PÚBLICO sabe que, a partir da documentação e de emails apreendidos, de escutas telefónicas e de depoimentos recebidos de viva voz, as autoridades têm procurado reunir provas para determinar estilos de actuação que se repetem, estratégias que não sejam meras coincidências.

No actual cenário de maior sofisticação da criminalidade financeira, a recolha de prova directa encontra-se muito dificultada, pois o objectivo é detectar uma simultaneidade entre movimentos de dinheiro e a deslocação dos interesses no terreno, que, conjugadas com outros elementos, permitam dar consistência às suspeitas e indícios.

Hoje, é do conhecimento geral que há inquéritos em curso confirmados pelos ministérios públicos de ambos os países relacionados com a abrangência dos contactos que se estabeleceram entre os círculos próximos do ex-Presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva e os do ex-primeiro-ministro José Sócrates.

A Procuradoria-Geral da República já informou que as autoridades brasileiras pediram “a cooperação judiciária”, mas não avançou detalhes.

Na lista de acções policiais consta o raide à sede da PT, em Janeiro de 2015 AFP/PATRICIA DE MELO MOREIRA

Na lista de acções policiais consta o raide à sede da PT, na Avenida Fontes Pereira de Melo, em Janeiro de 2015, para recolher dados sobre os negócios com a Oi.

E, no início de Setembro, o semanário Sol revelou que na casa de Luís Oliveira Silva, sócio e irmão de José Dirceu, o antigo homem forte de Lula da Silva, a Polícia Federal apreendeu um documento com uma anotação sobre a "Portugal Telecom”.

A malha aperta-se, portanto, à volta da actuação da empresa nacional nos últimos anos e dos seus principais gestores e accionistas, alvo de vários processos judiciais.

O mês passado ficou a saber-se que a operação Marquês (que tem no epicentro José Sócrates, Armando Vara, Carlos Santos Silva) se alargou à oferta pública de aquisição (OPA) lançada pela Sonae, em 2006, sobre a PT.

Recentemente, o Diário de Notícias informou que o Ministério Público ouviu, a 22 de Setembro, o presidente da Sonae, Paulo Azevedo, na qualidade de testemunha.

Em causa estão os trâmites que envolveram o chumbo da OPA na assembleia geral de 2 de Março de 2007 e que forjou uma aliança entre accionistas da PT, encabeçada pelo BES e pela Ongoing, e o Estado. Depois de na fase inicial ter dado sinal de que apoiava a OPA, Sócrates acabaria por recomendar à Caixa Geral de Depósitos, que tinha como vice-presidente Armando Vara, para se abster na decisão, o que ditou o fim da oferta.

Daí ser previsível que o MP procure encontrar uma ligação do voto do banco estatal a possíveis movimentos de dinheiro.

O início do negócio

No entanto, foi no seguimento desta operação que se deu a aproximação à Oi. A Telefónica, grande accionista da PT, tinha celebrado um pacto secreto com a Sonae: caso a OPA vencesse, venderia os 50% da Vivo nas mãos da PT.

Acossado pela “traição”, o núcleo duro da PT (BES-Ongoing) começou a procurar um novo acelerador de crescimento no Brasil.

Data desta época o discurso do então presidente da PT, Henrique Granadeiro, a defender a criação de um operador transatlântico de língua portuguesa, como alternativa à Vivo.

Sabe que a Vivo irá, mais tarde ou mais cedo, parar às mãos da Telefónica.

O plano levá-lo-á diversas vezes a São Paulo, onde mantém reuniões com velhos conhecidos. Um deles foi Otávio Azevedo. Em 1998, a Andrade Gutierrez (28%) apareceu associada à PT no consórcio para comprar a Telesp Celular (que dará origem à Vivo), ao lado da Telefónica (19%). Mas antes de a privatização estar concluída a construtora saltou fora.

Oito anos volvidos os caminhos da PT e da Gutierrez voltam a cruzar-se.

Otávio Azevedo assumirá um papel fulcral nas conversações que daí em diante se desenrolam. Começava a ser preparado o embrião da operação PT-Oi que será anunciado quatro anos depois.

Em simultâneo, Granadeiro movia-se junto das altas esferas do Governo brasileiro para encontrar aliados. A 8 de Junho de 2007, o ministro das Comunicações, Hélio Costa, declarou publicamente ser favorável ao projecto da PT e deu garantias de empenho junto de Lula da Silva para que este recebesse de "braços abertos" a ideia “defendida por Henrique Granadeiro”.

Foi neste contexto que o ex-Presidente da República Mário Soares foi sondado pela PT, para ajudar a criar pontes com o Presidente Lula. E é Soares que aconselha Granadeiro a procurar o escritório de advocacia Fernando Lima, João Abrantes Serra e José Pedro Fernandes, a LSF & Associados. O gabinete é sócio no Brasil de José Dirceu, o líder petista conhecido como facilitador de negócios, a quem a LSF chegara anos antes por via de José Pedro Fernandes. Mas será Abrantes Serra a apresentar Dirceu a Nuno Vasconcelos e a Rafael Mora, da Ongoing (e a Miguel Relvas). Dirceu, que surgiu nos epicentros dos grandes escândalos que rebentaram no Brasil ("mensalão", Lava-Jato e "petrolão"), é classificado pela Polícia Federal como o “chefe da quadrilha”.

Dirceu contesta e diz que é vítima de perseguição política.

Passado pouco tempo na folha de avenças mensais da PT começa a constar o nome do escritório de advocacia LSF & Associados com facturações mensais de 50 mil euros. Quando detecta os movimentos, Luís Pacheco de Melo, ex-administrador financeiro da PT, questiona Granadeiro, mas o CEO avisa-o que existe um acordo para cumprir – o que não impede o ex-CFO da PT de suspender as avenças, mas não evita a entrega à LSF de 200 mil euros.

A colaboração da LSF-Dirceu com a PT foi confirmada ao PÚBLICO pelos protagonistas.

O PÚBLICO pediu aos principais responsáveis envolvidos neste dossier para comentarem informações ou prestarem esclarecimentos, mas todos declinaram. Pacheco de Melo alegou não ter disponibilidade para o fazer por estar a viver fora de Portugal (é o novo administrador financeiro da Mota Engil na América Latina), enquanto Henrique Granadeiro optou por sublinhar que estão a decorrer vários processos judiciais envolvendo a ex-PT (agora Pharol) pelo que tem dever de sigilo.

Um dos visitantes mais assíduos de Ricardo Salgado (hoje em prisão domiciliária no âmbito do caso Monte Branco, que investiga o maior caso de crimes de branqueamento de capitais) será Otávio Azevedo, que tem casa em Lisboa. Entre o final de 2007 e o começo de 2011, há registo de várias idas à sede do BES, para manter reuniões com o banqueiro. Por vezes, aparecem Nuno Vasconcellos e Henrique Granadeiro. Era o início da preparação da parceria PT-Oi, que será monitorizada pelo Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, tutelado por Mário Lino (próximo de Sócrates). O seu chefe de gabinete, Luís Ribeiro Vaz, tem grande proximidade do núcleo duro da PT. António Cunha Vaz, que trabalhou com a Sonae na OPA, relatou em 2012 ao PÚBLICO: “Ouvi Ribeiro Vaz contar que uma parte do dia estava no gabinete de Mário Lino [com quem Azevedo discutia os detalhes da OPA] e a outra com a Ongoing a montar a estratégia contra a OPA.”

Após o escândalo "mensalão" (ligado à compra de votos de parlamentares brasileiros entre 2005 e 2006), começa a procura de novas fontes de rendimento. No final de 2008, chegava a Lisboa José Dirceu, coincidindo com a visita de Lula da Silva, que está em viagem oficial.

As grandes operações a necessitar de autorizações estatais estão, por vezes, reservadas a quem paga comissões. E à Avenida Fontes Pereira de Melo, sede da PT, vai chegar a informação de que o negócio com a Oi está condicionado à entrega ao grupo petista de 50 milhões de euros, verba que deve ser movimentada por uma conta em Macau. Sem pagamento, não haverá parceria.

Na PT torce-se o nariz e o ex-CFO Pacheco de Melo declara que as avaliações técnicas à Oi não o convenceram.

E não há acordo quanto aos termos da transacção. A primeira tentativa de junção da PT-Oi não será bem sucedida, o que não impediu que as portas continuassem abertas a um entendimento.
Telefonica conseguiu ficar com os 50% que a PT detinha na Vivo Nacho Doce

Enquanto tudo isto se passa, a Telefónica prosseguia o seu objectivo de adquirir os 50% que lhe faltam da Vivo.

E procura apoio junto de Abrantes Serra e da consultora Oliveira e Silva & Associados.

Esta empresa, ligada a Dirceu e ao irmão Luís Oliveira Silva, foi identificada pela Polícia Federal como suspeita de intermediar pagamentos ilícitos a terceiros, com cobrança de comissões em grandes transacções.

No primeiro semestre de 2010, a banca portuguesa, que apostara no financiamento em larga escala, contando com o fácil acesso aos mercados, com baixas taxas de juro, dá por terminado o ciclo favorável. E, sabe-se agora, que no BES havia contas para pagar.

Por volta de Abril são reabertos os contactos com a Oi.

E Salgado, Vasconcellos, Granadeiro e Otávio Azevedo voltam a juntar-se em Lisboa para ultrapassar o impasse. Em comum têm problemas para resolver: o BES enfrenta restrições financeiras, a Ongoing tem dívidas de quase 800 milhões, a PT quer encontrar um substituto para a Vivo, a Oi está alavancada no banco estatal BNDES.

Mas no Brasil falta dar um empurrão ao acordo PT-Oi. Para impor um deadline, a Telefónica antecipa-se e oferece à PT, a pronto pagamento, 7,15 mil milhões de euros por 50% da Vivo.
Quando, finalmente, a Telefónica dá o passo em frente, a administração da PT anuncia que levará a proposta à assembleia geral (AG) de 30 de Junho de 2010 com recomendação positiva.

O Estado tem uma golden share (acções com direitos especiais) e José Sócrates veta a operação com o argumento de que só a autorizará depois de a operadora lhe apresentar uma alternativa no Brasil.
Após a fusão com a Oi, a PT Portugal acabou por ser vendida aos franceses da Altice, alterando o modelo de negócio inicial Nacho Doce

O foco da AG sofre uma reviravolta que surpreendeu a maioria dos presentes.

Sobre este incidente há opiniões: os grandes accionistas e gestores da PT foram apanhados desprevenidos; o veto de Sócrates foi concertado com o núcleo duro da PT para criar dificuldades e obrigar a acelerar o fecho do negócio.

Conversas entre Lula e Sócrates

Nos dias seguintes multiplicam-se as conversas entre Lula e Sócrates e os entendimentos entre a PT e a Oi. Movimentações que se tornam claras quando, a 8 de Julho, José Dirceu surgiu em Lisboa a dar uma entrevista ao Diário de Notícias: “Sempre defendi a fusão da Oi com a Brasil Telecom ou com uma empresa como a PT.” Na altura, fonte não oficial da PT inquirida sobre o que veio fazer Dirceu a Portugal, foi taxativa: “Nunca trabalhámos com os escritórios de Dirceu no Brasil, mas não podemos garantir que os accionistas não o tenham feito.”

Dias depois o jornal Folha de São Paulo avançava que Brasília "articula uma operação para que a Oi e a PT virem sócias". E refere: Lula da Silva e José Sócrates já trataram do assunto.

Ora, Otávio Azevedo é um homem de muitas conexões políticas.

O BNDES, o banco estatal brasileiro presidido por Luciano Coutinho, detém 5% da Oi, e está agora a ser alvo de averiguações por contratos de financiamentos suspeitos, nomeadamente com Angola. Outro investidor da Oi é o Pactual, liderado por André Esteves, que é o banco de investimento da Andrade Gutierrez. Quer Luciano Coutinho, quer André Esteves são figuras do círculo de Lula da Silva.

A 27 de Julho de 2010 é anunciado fumo branco.

A Telefónica vai pagar pelo controlo da Vivo 7,5 mil milhões (sobe o preço para o Estado salvar a face, mas o valor será liquidado em três tranches) e a PT aceita adquirir 23% da Oi por 3,75 mil milhões, dos quais dois terços se destinarão a aumentar o capital da operadora paulista. A restante parcela, 1,2 mil milhões, será partilhada pelos accionistas.

Os acordos finais vão continuar a exigir reuniões no BES e na PT. E sempre à porta fechada. O pacto definitivo será celebrado a 26 de Janeiro de 2011, enquanto os pagamentos da PT à Oi só ficarão concluídos nos meses seguintes.

As autoridades suspeitam agora de eventuais verbas ilícitas entregues ao grupo de Lula da Silva e a políticos e gestores portugueses. E os indícios apontam para uma origem na parcela de 1,2 mil milhões, com o Ministério Público a querer saber quem deixou a sua assinatura.

O negócio PT-Oi parecia ser a combinação perfeita, mas produziu escândalo e transfigurou-se, seja pela diminuição do peso dos accionistas nacionais na Oi (por via do impacto do BES), seja pela venda da PT Portugal aos franceses da Altice.

A ligação promíscua ao seu accionista emblemático, o BES, revelou-se fatal para a PT. E, quando o GES ruiu, foi obrigada a contabilizar uma perda de quase mil milhões de euros que se traduziu no fim do grande projecto luso-brasileiro.

E levou às demissões de Granadeiro e Zeinal Bava.

A 19 de Junho, o juiz Sérgio Moro deu ordem de prisão a Otávio Azevedo, por crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa para fraudes em licitações milionárias da Petrobras entre 2004 e 2014, com depósitos no exterior.

A defesa do ex-administrador da PT (Azevedo foi nomeado administrador em 2011), em representação da Oi, contestou e alegou que o gestor era presidente da holding Andrade Gutierrez, com funções de representação institucional e que “nunca teve conhecimento da dinâmica comercial e operacional” da construtora.

O juiz respondeu que tem provas significativas dos crimes e manteve-o preso.

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