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Manobras militares russas visam mudar ordem de segurança europeia

kokas

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Set 27, 2006
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O professor de Relações Internacionais Miguel Monjardino defendeu, esta quinta-feira, que as manobras militares realizadas na quarta-feira por aviões da Rússia demonstram que Moscovo quer mudar a ordem de segurança europeia e está a testar os limites dos europeus.

"A maior parte dos europeus, incluindo os governos, têm olhado para a questão da Ucrânia como um problema bilateral entre Kiev e Moscovo. Mas [o Presidente russo] Vladimir Putin tem sido muito claro ao explicar que o que está em jogo é a ordem de segurança europeia", disse o especialista à agência Lusa.
Para o professor do Instituto de Estudos Políticos da universidade Católica, Putin considera que a ordem de segurança europeia negociada após 1991 é prejudicial aos interesses russos.

"O que a Rússia está a fazer, além de uma enorme pressão sobre a Ucrânia e da invasão e anexação da Crimeia, é pressionar todo o espaço militar da NATO, desde o Báltico ao Atlântico", para mostrar que quer "renegociar os entendimentos desta ordem de segurança europeia", explicou.
Alertando para a probabilidade de a situação ser "mais perigosa do que a Europa atlântica gosta de pensar", Miguel Monjardino adiantou que as manobras militares de quarta-feira mostram que "Vladimir Putin duvida da credibilidade do empenhamento" dos governos europeus.
Na quarta-feira, a NATO informou ter detetado "manobras incomuns" e "de grande escala" da Rússia no espaço aéreo sobre o Oceano Atlântico e os mares Báltico, do Norte e Negro e enviou aviões de vários países da aliança para escoltar os aparelhos russos. Putin "está a testar. Quer ver até onde pode ir", considerou Monjardino.
As manobras serviram para os países mais a Sul da Europa "abrirem os olhos", advertiu o especialista, adiantando que a situação é frequente nos países bálticos e no Norte da Europa.
"Ontem (quarta-feira), como [os aviões militares russos] desceram muito mais para Sul, chamou-nos a atenção e as pessoas ficaram surpreendidas", disse, admitindo que essa surpresa o admirou.
"É a dimensão da surpresa nacional que para mim é surpreendente, porque mostra que ainda não percebemos bem o que realmente está a acontecer", alegou, reconhecendo que a Rússia e a Ucrânia "ficam muito longe", mas lembrando que "isto não tem só a ver com a Ucrânia, mas sim com o futuro da ordem de segurança europeia".
Na quarta-feira, a organização da Aliança Atlântica (NATO) acionou o sistema de alerta, mas, para Miguel Monjardino o que é preciso é mais investimento na área militar.
"Uma ordem de segurança europeia ou internacional não se mantém com base na retórica política, mantém-se com base na credibilidade", defendeu, sublinhando que a Europa está habituada a pensar que não precisa de muitos meios para que a dissuasão seja credível.
"Os europeus não acreditam na 'mão invisível' na economia - na ideia de que o mercado se autorregula -, mas, curiosamente, parecem acreditar na 'mão invisível' estratégica", considerou.
Na análise do académico, a estratégia que o Presidente russo tem seguido não irá mudar, até porque Putin "parece estar sob enorme pressão doméstica".



jn
 
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