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Maputo procura normalidade entre carros queimados e vias ainda bloqueadas após manifestações
População pede soluções pacíficas depois de greves violentas de contestação marcadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane.
Entre carros queimados, estabelecimentos comerciais invadidos e vias ainda bloqueadas, Maputo tenta esta sexta-feira voltar à normalidade, com a população a pedir soluções pacíficas, após as manifestações violentas de contestação aos resultados das eleições gerais de 09 de outubro.
"Tem de parar, não pode continuar. Mesmo os carros estão a ter problemas para passar aqui (...) devem parar porque as pessoas vão tirar proveito disto aqui", disse Isaías Zefanias, 47 anos, morador do bairro de Maxaquene, um dos centros dos protestos que se registam em Maputo desde a última semana.
Várias estradas e ruas da capital moçambicana têm ainda pedras, troncos e contentores de lixo a bloquear as vias, marcadas também por pneus queimados e lixo, mas também pessoas que tentam, de forma tímida, retomar as atividades.
Os estabelecimentos comerciais funcionam a meio gás, com apenas uma porta aberta, e os vendedores informais vão preenchendo as ruas à medida em que o movimento aumenta ao longo da cidade.
Isaías Zefanias pede diálogo entre o candidato presidencial Venâncio Mondlane, que convocou as paralisações, e o Governo, para o fim dos protestos, considerando que estão a prejudicar os moçambicanos.
"Eu gostaria que o Venâncio onde está pensasse e visse o que está a acontecer com o país, se é que ele vai anunciar a quarta vaga, não sei, devia pensar", disse Isaías, lamentando o saque ao supermercado Shoprite, um dos mais antigos e principais da capital moçambicana.
"Falando do outro lado do supermercado, onde às vezes vou, o dia de sexta-feira eu fui para lá, porque queria entrar no banco, mas não pude ser atendido em nenhum dos bancos. Os bancos todos estão fechados, é muito negativo", acrescentou Isaías.
O supermercado Shoprite, localizado na Avenida Acordos de Lusaka, no centro de Maputo, foi invadido durante os protestos na quinta-feira, tendo sido detidas várias pessoas, na sequência de pilhagens a lojas.
"Foi triste quando recebi a informação de que invadiram a [loja] Ok [de mobiliário] e a Vodacom, porque são os clientes dali que vem para aqui almoçar (...) então é triste porque dependemos dali nós também para ter clientes", disse à Lusa Márcia Isabel, funcionária de um estabelecimento de venda de refeições, localizado em frente ao supermercado.
Não muito longe, já na avenida Milagre Mabote, as instalações do município de Maputo, no distrito de Kamaxaquene, foram também queimadas, incluindo quatro tratores e três carros, um dos quais de um membro do Serviço Nacional de Investigação Criminal (Sernic).
Os agentes da polícia municipal saíram do local em debandada após a invasão por populares, conta à Lusa o comandante local, lamentando que se tenha de "começar do zero".
"Só deu tempo para nós desaprumarmos e retirarmo-nos deste local (...) Fomos nos albergando em casas vizinhas aqui porque queriam tomar conta de nós", disse Jerónimo Chumaio, comandante distrital da polícia municipal em Kamaxaquene, pedindo também diálogo para que se resolvam as diferenças.
"As manifestações são um direito constitucional sim, mas nós como moçambicanos temos a cultura de diálogo (...) esta maneira não nos leva a nenhum sítio, estamos a atrasar. Devemos sentar e conversar para ultrapassarmos tudo o quanto é diferença", concluiu.
Apesar de reconhecer os prejuízos causados pelas manifestações, Feliciano defende que os protestos devem continuar para que seja reposta a "verdade eleitoral", considerando que é um "risco necessário".
"Praticamente sentimos os prejuízos, mas é um prejuízo necessário, é um risco necessário porque de qualquer forma o povo vem sofrendo. São 49 anos, quase 50 anos de independência, mas não vemos desenvolvimento e não vemos nada", disse à Lusa Feliciano, enquanto aguarda a sua vez de comprar pão, numa enchente atípica no estabelecimento.
O anúncio pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) de Moçambique, em 24 de outubro, dos resultados das eleições de 09 de outubro, em que atribuiu a vitória a Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder desde 1975) na eleição a Presidente da República, com 70,67% dos votos, espoletou protestos populares, convocados pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane.
Após protestos nas ruas que paralisaram o país em 21, 24 e 25 de outubro, Mondlane convocou novamente a população para uma paralisação geral de sete dias, desde 31 de outubro, com protestos nacionais e uma manifestação concentrada em Maputo anteriormente convocada para quinta-feira, 07 de novembro, que degenerou em violentos confrontos no centro da capital, com barricadas e pneus a arder em vários pontos.
Venâncio Mondlane, que não reconhece os resultados anunciados das eleições gerais, anunciou na quinta-feira que as manifestações de protesto são para manter até que seja reposta a verdade eleitoral.
Correio da Manhã

População pede soluções pacíficas depois de greves violentas de contestação marcadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane.
Entre carros queimados, estabelecimentos comerciais invadidos e vias ainda bloqueadas, Maputo tenta esta sexta-feira voltar à normalidade, com a população a pedir soluções pacíficas, após as manifestações violentas de contestação aos resultados das eleições gerais de 09 de outubro.
"Tem de parar, não pode continuar. Mesmo os carros estão a ter problemas para passar aqui (...) devem parar porque as pessoas vão tirar proveito disto aqui", disse Isaías Zefanias, 47 anos, morador do bairro de Maxaquene, um dos centros dos protestos que se registam em Maputo desde a última semana.
Várias estradas e ruas da capital moçambicana têm ainda pedras, troncos e contentores de lixo a bloquear as vias, marcadas também por pneus queimados e lixo, mas também pessoas que tentam, de forma tímida, retomar as atividades.
Os estabelecimentos comerciais funcionam a meio gás, com apenas uma porta aberta, e os vendedores informais vão preenchendo as ruas à medida em que o movimento aumenta ao longo da cidade.
Isaías Zefanias pede diálogo entre o candidato presidencial Venâncio Mondlane, que convocou as paralisações, e o Governo, para o fim dos protestos, considerando que estão a prejudicar os moçambicanos.
"Eu gostaria que o Venâncio onde está pensasse e visse o que está a acontecer com o país, se é que ele vai anunciar a quarta vaga, não sei, devia pensar", disse Isaías, lamentando o saque ao supermercado Shoprite, um dos mais antigos e principais da capital moçambicana.
"Falando do outro lado do supermercado, onde às vezes vou, o dia de sexta-feira eu fui para lá, porque queria entrar no banco, mas não pude ser atendido em nenhum dos bancos. Os bancos todos estão fechados, é muito negativo", acrescentou Isaías.
O supermercado Shoprite, localizado na Avenida Acordos de Lusaka, no centro de Maputo, foi invadido durante os protestos na quinta-feira, tendo sido detidas várias pessoas, na sequência de pilhagens a lojas.
"Foi triste quando recebi a informação de que invadiram a [loja] Ok [de mobiliário] e a Vodacom, porque são os clientes dali que vem para aqui almoçar (...) então é triste porque dependemos dali nós também para ter clientes", disse à Lusa Márcia Isabel, funcionária de um estabelecimento de venda de refeições, localizado em frente ao supermercado.
Não muito longe, já na avenida Milagre Mabote, as instalações do município de Maputo, no distrito de Kamaxaquene, foram também queimadas, incluindo quatro tratores e três carros, um dos quais de um membro do Serviço Nacional de Investigação Criminal (Sernic).
Os agentes da polícia municipal saíram do local em debandada após a invasão por populares, conta à Lusa o comandante local, lamentando que se tenha de "começar do zero".
"Só deu tempo para nós desaprumarmos e retirarmo-nos deste local (...) Fomos nos albergando em casas vizinhas aqui porque queriam tomar conta de nós", disse Jerónimo Chumaio, comandante distrital da polícia municipal em Kamaxaquene, pedindo também diálogo para que se resolvam as diferenças.
"As manifestações são um direito constitucional sim, mas nós como moçambicanos temos a cultura de diálogo (...) esta maneira não nos leva a nenhum sítio, estamos a atrasar. Devemos sentar e conversar para ultrapassarmos tudo o quanto é diferença", concluiu.
Apesar de reconhecer os prejuízos causados pelas manifestações, Feliciano defende que os protestos devem continuar para que seja reposta a "verdade eleitoral", considerando que é um "risco necessário".
"Praticamente sentimos os prejuízos, mas é um prejuízo necessário, é um risco necessário porque de qualquer forma o povo vem sofrendo. São 49 anos, quase 50 anos de independência, mas não vemos desenvolvimento e não vemos nada", disse à Lusa Feliciano, enquanto aguarda a sua vez de comprar pão, numa enchente atípica no estabelecimento.
O anúncio pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) de Moçambique, em 24 de outubro, dos resultados das eleições de 09 de outubro, em que atribuiu a vitória a Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder desde 1975) na eleição a Presidente da República, com 70,67% dos votos, espoletou protestos populares, convocados pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane.
Após protestos nas ruas que paralisaram o país em 21, 24 e 25 de outubro, Mondlane convocou novamente a população para uma paralisação geral de sete dias, desde 31 de outubro, com protestos nacionais e uma manifestação concentrada em Maputo anteriormente convocada para quinta-feira, 07 de novembro, que degenerou em violentos confrontos no centro da capital, com barricadas e pneus a arder em vários pontos.
Venâncio Mondlane, que não reconhece os resultados anunciados das eleições gerais, anunciou na quinta-feira que as manifestações de protesto são para manter até que seja reposta a verdade eleitoral.
Correio da Manhã