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Menina de 13 anos assassinada pelos patrões no Paquistão por roubar chocolates
Vítima trabalhava como empregada doméstica na casa dos agressores e recebia cerca de 26 euros por mês.
A morte de uma menina de 13 anos no Paquistão, alegadamente torturada pelos patrões por suspeita de roubo, está a gerar uma onda de indignação e reabre o debate sobre o trabalho infantil e os maus-tratos às empregadas domésticas no país.
Iqra, identificada apenas pelo primeiro nome pela BBC, trabalhava como empregada doméstica em Rawalpindi, no nordeste do Paquistão. Segundo as autoridades, foi acusada pelos patrões de roubar chocolates e, pouco depois, levada ao hospital com múltiplos ferimentos. Morreu no dia 12 de fevereiro, devido à gravidade das agressões.
A criança começou a trabalhar aos oito anos, uma realidade comum no Paquistão, onde milhões de crianças são forçadas a abandonar a escola para ajudar a sustentar a família. O pai, Sana Ullah, um agricultor endividado de 45 anos, disse que não teve alternativa senão colocá-la a trabalhar.
Iqra estava ao serviço do casal Rashid Shafiq e Sana há dois anos, recebendo um salário equivalente a 28 dólares (cerca de 26 euros) por mês. O casal, que tem oito filhos, foi detido pela polícia. Um professor que também trabalhava para a família e levou a menina ao hospital foi igualmente preso.
As primeiras investigações indicam que Iqra foi torturada repetidamente antes da morte. Fotografias e vídeos analisados pela BBC mostram múltiplas fraturas nos braços e pernas, além de uma grave lesão na cabeça. A polícia aguarda agora o relatório final da autópsia para determinar a extensão total dos ferimentos.
Descontentamento nas redes sociais
O caso gerou revolta nacional e internacional. A hashtag #JusticeforIqra espalhou-se pelas redes sociais, reunindo milhares de mensagens a exigir justiça.
"O meu coração chora lágrimas de sangue. Quantos são submetidos à violência nas suas casas todos os dias?", escreveu o ativista Shehr Bano na rede social X.
"Ela morreu por causa de chocolate?", questionou um utilizador paquistanês.
Outra pessoa escreveu: "Isto não é apenas um crime, é um reflexo de um sistema que permite que os ricos tratem os pobres como descartáveis".
Lei pode chegar a não punir os agressores
Apesar do movimento de contestação, a punição dos responsáveis pode não acontecer. No Paquistão, é comum que crimes graves sejam resolvidos fora do tribunal, uma vez que a lei permite às famílias das vítimas perdoar os suspeitos “em nome de Deus”. Na prática, especialistas jurídicos afirmam que, muitas vezes, esse perdão ocorre após um acordo financeiro, o que impede a condenação dos agressores.
O caso de Iqra reflete uma realidade preocupante: segundo a UNICEF, cerca de 3,3 milhões de crianças paquistanesas sofrem de exploração infantil. Já a Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima que 8,5 milhões de pessoas, na sua maioria mulheres e meninas, trabalham como empregadas domésticas no país, frequentemente em condições desumanas.
O pai de Iqra, destroçado, quer justiça: "Quero ver os responsáveis pela morte da minha filha punidos."
Se o sistema judicial permitirá que isso aconteça é uma questão que permanece em aberto, uma vez que não há informação sobre o julgamento dos agressores.
Correio da Manhã

Vítima trabalhava como empregada doméstica na casa dos agressores e recebia cerca de 26 euros por mês.
A morte de uma menina de 13 anos no Paquistão, alegadamente torturada pelos patrões por suspeita de roubo, está a gerar uma onda de indignação e reabre o debate sobre o trabalho infantil e os maus-tratos às empregadas domésticas no país.
Iqra, identificada apenas pelo primeiro nome pela BBC, trabalhava como empregada doméstica em Rawalpindi, no nordeste do Paquistão. Segundo as autoridades, foi acusada pelos patrões de roubar chocolates e, pouco depois, levada ao hospital com múltiplos ferimentos. Morreu no dia 12 de fevereiro, devido à gravidade das agressões.
A criança começou a trabalhar aos oito anos, uma realidade comum no Paquistão, onde milhões de crianças são forçadas a abandonar a escola para ajudar a sustentar a família. O pai, Sana Ullah, um agricultor endividado de 45 anos, disse que não teve alternativa senão colocá-la a trabalhar.
Iqra estava ao serviço do casal Rashid Shafiq e Sana há dois anos, recebendo um salário equivalente a 28 dólares (cerca de 26 euros) por mês. O casal, que tem oito filhos, foi detido pela polícia. Um professor que também trabalhava para a família e levou a menina ao hospital foi igualmente preso.
As primeiras investigações indicam que Iqra foi torturada repetidamente antes da morte. Fotografias e vídeos analisados pela BBC mostram múltiplas fraturas nos braços e pernas, além de uma grave lesão na cabeça. A polícia aguarda agora o relatório final da autópsia para determinar a extensão total dos ferimentos.
Descontentamento nas redes sociais
O caso gerou revolta nacional e internacional. A hashtag #JusticeforIqra espalhou-se pelas redes sociais, reunindo milhares de mensagens a exigir justiça.
"O meu coração chora lágrimas de sangue. Quantos são submetidos à violência nas suas casas todos os dias?", escreveu o ativista Shehr Bano na rede social X.
"Ela morreu por causa de chocolate?", questionou um utilizador paquistanês.
Outra pessoa escreveu: "Isto não é apenas um crime, é um reflexo de um sistema que permite que os ricos tratem os pobres como descartáveis".
Lei pode chegar a não punir os agressores
Apesar do movimento de contestação, a punição dos responsáveis pode não acontecer. No Paquistão, é comum que crimes graves sejam resolvidos fora do tribunal, uma vez que a lei permite às famílias das vítimas perdoar os suspeitos “em nome de Deus”. Na prática, especialistas jurídicos afirmam que, muitas vezes, esse perdão ocorre após um acordo financeiro, o que impede a condenação dos agressores.
O caso de Iqra reflete uma realidade preocupante: segundo a UNICEF, cerca de 3,3 milhões de crianças paquistanesas sofrem de exploração infantil. Já a Organização Internacional do Trabalho (OIT) estima que 8,5 milhões de pessoas, na sua maioria mulheres e meninas, trabalham como empregadas domésticas no país, frequentemente em condições desumanas.
O pai de Iqra, destroçado, quer justiça: "Quero ver os responsáveis pela morte da minha filha punidos."
Se o sistema judicial permitirá que isso aconteça é uma questão que permanece em aberto, uma vez que não há informação sobre o julgamento dos agressores.
Correio da Manhã