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Metade dos CFO admite esquecer a ética para favorecer resultados

Feraida

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Combate à corrupção é considerado fundamental mas 50% dos CFO portugueses admite comportamentos menos próprios para favorecer resultados das empresas.

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Kacper Pempel/Reuters

Praticamente metade de todos os membros de equipas financeiras entrevistados afirma que estaria preparado para se envolver em, pelo menos, uma forma de comportamento não ético para cumprir objectivos financeiros ou salvaguardar a sobrevivência económica da empresa.

Esta é uma das principais conclusões do Survey Global sobre Fraude da EY em 2016.

Para este estudo, que decorreu entre Outubro de 2015 e Janeiro de 2016, foram entrevistadas 2.825 pessoas de 62 países.

De uma forma mais específica, o estudo conclui que 13% dos directores financeiros e 16% dos outros membros das equipas financeiras em Portugal “ofereceriam pagamentos em dinheiro para obter ou reter negócios”. Do mesmo modo, 3% dos directores financeiros e 7% de outros membros de equipas financeiras “estariam preparados para falsificar desempenhos financeiros”. Além disso, 9% dos directores financeiros e 8% de outros membros de equipas financeiras “estariam preparados para alterar a data de contratos”.


O estudo também conclui que 50% dos entrevistados considera que as práticas de suborno e corrupção acontecem de forma generalizada no país, o que representa um aumento de 18% ao último Survey Global de 2014. A generalidade dos entrevistados, 90%, concorda com a responsabilização individual dos autores de actos fraudulentos. Entre os comportamentos não éticos e de conduta indevida identificados em Portugal, lideram os presentes ou serviços pessoais (20%), seguidos das ofertas de entretenimento (14%) e dos pagamentos em dinheiro (6%).


A importância do cibercrime


O cibercrime é ainda pouco valorizado nas organizações. A nível global, só 41% dos CFO o vêem como um risco. A dimensão diminui quando se olha apenas para Portugal, onde apenas 38% dos administradores financeiros estão conscientes dos perigos que aquele tipo de crime representa para as suas organizações. Pedro Cunha, partner da EY, dá como exemplo de cibercrimes, para além do óbvio desvio de fundos, o acesso a listas de clientes ou a contratos, o que são vantagens óbvias para empresas concorrentes.


Pedro Cunha deu como exemplo casos de empresas cujos sistemas informáticos foram bloqueados e depois tiveram de pagar verbas avultadas – falou mesmo em resgates da ordem dos 10 mil dólares - aos piratas informáticos para desbloquearem os sistemas. O partner da EY, refere que “muitas empresas resolvem os casos de fraude internamente, sem darem conhecimento ao mercado”. A opinião do responsável da EY é que “as empresas deviam dar conhecimento ao mercado que não compactuam com aquele tipo de situações e, no fim do dia, ficariam a ganhar em termos de imagem externa da organização”.


O estudo refere que 98% dos entrevistados considera o combate à corrupção como uma prioridade. A fraude e a corrupção são recorrentes nas empresas e as denúncias de terceiros ou denúncias internas são importantes para detectar situações de fraude ou corrupção. No Survey Global da EY, porém, 55% das empresas que possuem canal de denúncias não estão a funcionar correctamente. Em Portugal, 34% dos inquiridos dizem não fazer denúncias por lealdade à empresa e 24% por lealdade aos colegas.


Auditoria interna é fundamental


O survey da EY constata que aumenta o número de empresas que estão a deixar de avaliar uma série de itens importantes para a detecção de situações de fraude ou corrupção, “provavelmente por necessidade de corte de custos”, como referiu Pedro Cunha, no que diz respeito à avaliação de políticas anti-corrupção, entrevistas a pessoas-chave nos processos, facturação antecipada de receitas e adiamento de pagamentos a terceiros, bem como a avaliação dos riscos dos países.


O responsável da EY entende que o regulador, neste caso a CMVM, deve ter boas razões para simplificar a informação que as empresas cotadas têm de disponibilizar ao mercado, com a decisão de deixar de ser obrigatória a publicação de contas trimestrais. “Para mim é um risco, uma vez que as empresas deixam de estar obrigadas a fechar contas trimestralmente”.


Isabel Faria, senior manager da EY, colocou o acento tónico na prevenção dos casos de fraude e corrupção e sublinhou o papel da auditoria interna como forma de detectar comportamentos de fraude.

Sublinhou a importância dos programas de testes direccionados ao ambiente de controlo, incidindo sobre quatro áreas: Pessoais/Comportamentais; Operacionais, sobretudo devido aos conflitos de interesses; Contabilísticos, designadamente pagamentos sucessivos em domingos e/ou feriados; Financeiros, relativos à análise dos rácios financeiros em relação à concorrência. Também referenciou a importância dos sistemas de ‘business inteligence’.

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