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Não há técnicos de registo oncológico nos hospitais

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Set 24, 2006
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Não há técnicos de registo oncológico nos hospitais

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Região está a dar os primeiros passos no conhecimento estatístico do cancro. Região está a dar os primeiros passos no conhecimento estatístico do cancro. Este ano será divulgado
o panorama de 2003-2005. O raio - x de 2000-2002 foi traçado. Os resultantes são preocupantes

O Registo Oncológico dos Açores foi criado oficialmente em 1993, todavia, somente em 2007 foi operacionalizado. Gonçalo Forjaz - responsável pelo Registo Oncológico - a que se deveu esse interregno?
Posso apontar um factor determinante: a inexistência de alguém em dedicação exclusiva no Centro de Oncologia para este fim. Logo após a sua criação, durante alguns anos o Centro de Oncologia recebeu muitos dados de algumas instituições de saúde, mas depois não existiam recursoshumanos para processar essa informação, que requer uma abordagem muito específica.
Hoje, como está a funcionar a recolha e o tratamento de dados?
A publicação dos primeiros resultados é fruto da existência de alguém em exclusividade no Registo Oncológico, mas também da participação de médicos no fornecimento dos dados provenientes dos hospitais e centros de saúde. Esta publicação é, por isso, muito importante para todos os envolvidos, uma vez que serve de estímulo a continuar o trabalho e, sobretudo, a melhorar a forma como cada instituição, através destes médicos, pode colaborar com o Registo.
A recolha que serviu de base ao primeiro registo, relativa aos anos 2000-2002, indica que homens e mulheres nos Açores parecem encontrar-se em maior risco de desenvolver cancro face ao resto do país. Que explicação?
Este risco mais elevado é só em relação a determinados cancros, como o do pulmão nos homens. Dado que o conhecimento dos valores de incidência do cancro é meramente descritivo, não nos compete falar em factores de risco, que são estudados e determinados a partir de estudos epidemiológicos analíticos. No entanto, há factores de risco que são, diria, universais. E aqui acabamos por falar sempre do mesmo, apesar de haver algum “gozo” em especular sobre causas mais mediáticas para a incidência do cancro na Região. O tabaco é definitivamente um dos principais factores de risco entre nós. Adicionaria a este o álcool, o excesso de peso, a obesidade e o sedentarismo.
Nos Açores, entre 2000 e 2002, nos homens os tumores malignos mais frequentes foram os da próstata, pulmão, cólon e recto, estômago e bexiga, ao passo que nas mulheres os mais frequentes foram os da mama, cólon e recto, corpo do útero, tiróide e linfoma não Hodgkin. Qual a tendência?
Ainda não sabemos. Precisamos de alguns anos de registo de dados para avaliar a evolução do cancro na Região. A reduzida população obriga-nos a juntar três anos de incidência de cancro para estabilizar as taxas e reduzir a variação anual, sobretudo nos cancros menos frequentes. Note-se que uma coisa é o número de novos casos de cancro diagnosticados em cada ano na Região – a que chamamos incidência – e outra é o quociente entre esse número e a população em risco num determinado período de tempo, normalmente um ano – a que chamamos taxa de incidência. Esta última é que nos dá a noção do risco de desenvolver a doença.
Nos homens destacam-se os cancros da próstata e do pulmão e nas mulheres o cancro da mama. Que factores podem explicar essa realidade?
O relatório realça a epidemiologia descritiva do cancro na Região, mas à luz do conhecimento actual das causas do cancro podemos inferir algumas razões para os resultados alcançados.
Os cancros da mama e da próstata estão sobretudo relacionados com a exposição a factores de risco endógenos, que dificilmente podemos alterar. No entanto existem, felizmente, outras formas de actuar que passam, por exemplo, pelo rastreio por mamografia, no caso do cancro da mama, ou pela análise ao PSA (sigla do inglês Prostate Specific Antigen), no caso do cancro da próstata. O recurso sistemático ao PSA tem gerado alguma controvérsia, mas também tem contribuído para a detecção precoce de muitos casos de cancro na glândula prostática.
O cancro do pulmão surge associado principalmente ao consumo de tabaco, factor de risco exógeno. As diferenças verificadas entre homens e mulheres são por isso expressão da diferença de consumo de tabaco entre sexos. Por estas razões se diz que o risco de desenvolver cancro do pulmão, principalmente nos homens, é potencialmente modificável.
Os factores de risco do cancro dividem-se em factores endógenos (inerentes ao próprio organismo) e factores exógenos (exteriores ao organismo).
Os primeiros, como se disse, dificilmente são alteráveis. São exemplo a idade (quanto mais avançada maior o risco), o sexo, a altura, a idade à data da primeiramenstruação (menarca), o número de filhos, a idade à data da menopausa e a hereditariedade.
Quanto aos segundos são exemplo os compostos ricos em agentes cancerígenos como os hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (tabaco e alimentos fumados) e o etanol (bebidas alcoólicas), a radiação ionizante (solar e nuclear) e alguns agentes biológicos, como determinados tipos de HPV (sigla do inglês Human Pappilomavirus), bactérias (Helicobacter pylori) ou mesmo parasitas (Schistosoma haematodium). Note-se que, para a maioria dos factores exógenos, o que está em causa não é uma exposição esporádica, mas sim frequente e ao longo de muitos anos. Podemos e devemos intervir no sentido de diminuirmos a nossa exposição aos factores de risco exógenos. Chamamos a isto prevenção primária. A entrada em vigor da Lei n.º 37/2007, de 14 de Agosto (lei anti-tabaco), é um exemplo de prevenção primária para diminuir a exposição ao tabaco, factor de risco exógeno.
Os recursos humanos com formação específica em registo oncológico são suficiente nos três hospitais da Região?
Este é um ponto importante. Não existe ninguém nos hospitais com formação nesta área.
Existem médicos que colaboram e que, obviamente, são conhecedores das especificidades relacionadas com o registo oncológico. Mas seria muito mais proveitoso a existência de técnicos com formação específica e em dedicação exclusiva. Penso que um hospital com a dimensão do de Ponta Delgada já justifica alguém a tempo inteiro, enquanto que no de Angra do Heroísmo e da Horta seria suficiente um técnico em tempo parcial.||

Bruxelas quer maior número
de rastreios do cancro

A comissão europeia divulgou esta semana um relatório sobre o cumprimento da recomendação acordada pelos Estados-membros em 2003 sobre o rastreio do cancro, que revela que são realizados anualmente na União Europeia menos de metade do número mínimo recomendado.
O relatório salienta que o cancro da mama, do colo do útero e colorrectal representam 32% dos casos de morte por cancro entre as mulheres e 11% entre os homens.
O mesmo refere que apenas 22 Estados-membros têm ou estão a preparar programas populacionais, a nível nacional, de rastreio do cancro da mama, somente 15 no caso do cancro cervical e 12 no caso do cancro colorrectal.
De acordo com o relatório, referente a 2007, em Portugal está “em curso” um programa populacional, a nível nacional, do cancro da mama e estão ainda “em planeamento” programas populacionais, a nível nacional, de rastreio do cancro colorrectal e do colo do útero .
Recentemente os Açores deram um passo significativo no despiste com a Unidade Móvel de Mamografia para o Rastreio Organizado do Cancro da Mama, que arrancou no final do ano passado no concelho do Nordeste, em São Miguel.
A aquisição da unidade móvel vai contribuir para o despiste e detecção atempada da patologia com a unidade móvel a percorrer sete das nove ilhas açorianas, à excepção da Terceira e Faial, que dispõem de uma unidade fixa.
A região dispõe de listagens das mulheres elegíveis para este rastreio, entre os 45 e 74 anos, e serão enviadas para os centros de saúde e residências cartas a convocá-las, num programa de dois em dois anos.
De acordo com o Centro de Oncologia dos Açores, prevêem-se rastrear, por ano, cerca de 14 mil mulheres, resultando desse processo 1200 consultas, cerca de 60 das quais poderão apresentar patologia neoplásica.
Já este ano foi anunciado que até Junho vai ter início o programa de rastreio do cancro do colo do útero nos Açores.
O programa, também a cargo do Centro de Oncologia dos Açores e centros de saúde, contempla 45 mil mulheres , com idades compreendidas entre os 24 e 65 anos,
Refira-se que, depois da doença cardiovascular, o cancro foi, em 2006, a segunda causa de morte mais comum na União Europeia, sendo responsável pela morte de duas em cada 10 mulheres (um total de 554 mil mulheres) e de três em cada 10 homens (698 mil ).
Devido ao envelhecimento da população, estes números deverão aumentar caso não sejam tomadas medidas preventivas.||

Fonte:Açoriano Oriental


 
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