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Bernardo Pires de Lima
Pires de Lima considera que a Síria é um caso irresolúvel a breve prazo e diz que o Ocidente paga caro a sua falta de pensamento estratégico
Que razões o levaram a privilegiar a Síria para título do seu livro?
A Síria é o maior entroncamento de interesses divergentes no Médio Oriente. Está refém de um sectarismo tribal interno irreconciliável, mantra que percorre toda a região. E está refém de um choque tectónico entre potênciasregionais e extrarregionais. O livro percorre precisamente os últimos quatro anos destes círculos com epicentro na Síria: o das convulsões no Norte de África e Médio Oriente, o das divergências entre as potências interessadas, e o da guerra civil propriamente di-ta. Tudo isto explica porque é a Síria um caso irresolúvel a breve prazo.
Como analisa as recentes afirmações do secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry, sobre o "mal menor" que os norte-americanos terão que escolher no caso da Síria, dando a entender que já não exigirão a saída do poder de Bashar al-Assad e poderão até negociar com o presidente sírio?
Agradeço a John Kerry ter validado uma das teses do meu livro na semana do seu lançamento. Provocatoriamente, chamo ao último capítulo "o nosso amigo Assad", precisamente porque o presidente sírio foi oficiosamente relegitimado no cargo a partir da decisão americana em não intervir para o derrubar na sequência do uso das armas químicas, em Agosto de 2013. A emergência incontrolável do Estado Islâmico (ISIS, na sigla inglesa) contribui para que Bashar al-Assad passasse a ser encarado como um "aliado" nessa frente anti-terror. Vejo, por isso, como um mal necessário e como um efeito da influência decisiva que o Irão está a ter na frente anti-Estado Islâmico no Iraque.
dn