Notícias ONU preocupada com dimensão de naufrágio ao largo da Malásia

[Lordelo]

O barco fazia parte de um grupo de embarcações com cerca de 300 migrantes de Myanmar, incluindo vários da etnia perseguida rohingya, e naufragou perto da ilha de Tarutao, na Tailândia, a norte da cidade turística malaia de Langkawi.


"A Organização Internacional para as Migrações (OIM) e a agência da ONU para os Refugiados (ACNUR) estão extremamente preocupadas com a dimensão da potencial perda de vidas", afirmou a organização, em comunicado.


Segundo as Nações Unidas, "pelo menos outra embarcação ainda está no mar, com 230 pessoas", depois de cerca de 300 migrantes do estado de Rakhine, em Myanmar, se terem dividido em barcos mais pequenos para tentar chegar à Malásia sem serem detetados.


O naufrágio aconteceu a 06 de novembro, tendo a Agência Marítima da Malásia informado que a missão de resgate conjunta com a Tailândia recuperou até agora um total de 21 corpos, 12 em águas malaias e nove em águas tailandesas.


A maioria dos passageiros pertencia à minoria muçulmana rohingya, perseguida em Myanmar (antiga Birmânia), país que não os reconhece como cidadãos e de onde centenas de milhares têm fugido desde 2017, quando foi teve início uma campanha militar que a ONU está a investigar como possível genocídio.


Cinco corpos foram encontrados na segunda-feira em diferentes zonas do mar de Andaman --- incluindo os de uma criança e duas mulheres --- pelas autoridades marítimas e pelos serviços de resgate da Malásia, que os transferiram para vários portos da ilha vizinha de Langkawi.


A operação cobre agora uma área de mais de 933 quilómetros quadrados, depois de ter sido prolongada na segunda-feira devido à possibilidade de as correntes marítimas terem deslocado destroços e sobreviventes.


"Este ano, [já foram contabilizados] mais de 5.300 refugiados rohingya nestas perigosas viagens marítimas a partir do Bangladesh e de Myanmar, e mais de 600 são dados como desaparecidos ou mortos", refere um relatório da ONU.


Milhares de rohingya empreendem todos os anos viagens marítimas para o sudeste asiático, principalmente para a Malásia e a Indonésia, impulsionados pela violência no seu país de origem e pela falta de oportunidades de sair dos campos de refugiados, como o de Cox's Bazar, no Bangladesh, onde vivem mais de 1,3 milhões de pessoas desta etnia em condições precárias.


Myanmar está também mergulhado numa crise desde o golpe de Estado de fevereiro de 2021, após o qual o país "acumulou calamidades sobre calamidades", como afirmou recentemente o secretário-geral da ONU, António Guterres, durante a sua participação na cimeira da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) e países aliados no final de outubro, na Malásia.

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