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O investigador português Ricardo Gil da Costa quis saber mais sobre o cérebro dos macacos e percebeu que estes animais e os humanos usam áreas idênticas quando se trata de comunicar e, mais precisamente, interpretar a linguagem. No próximo dia 17, na reunião anual da Sociedade de Neurociências que se realiza em Washington, recebe o Donald B. Lindsley, prémio que serve para reconhecer os melhores trabalhos desenvolvidos em todo o mundo na área da Neurociência Comportamental.
Os resultados da pesquisa do cientista, publicados há já algum tempo na revista Proceedings of the National Academy of Sciences e na Nature Neuroscience, já lhe tinham valido, no início deste ano, o prémio ISPA de Investigação em Psicologia. Desta vez, é a comunidade científica internacional que premeia o mérito de Ricardo Gil da Costa. O investigador dedicou os últimos anos ao estudo das funções cerebrais associadas à linguagem recorrendo à imagiologia para concluir que os macacos interpretam os sons dos seus semelhantes activando áreas idênticas às que estão associadas à linguagem (Broca e Wernicke) no cérebro humano.
O prémio que lhe será atribuído este mês refere-se aos trabalhos desenvolvidos durante o doutoramento do investigador. Ricardo Gil da Costa foi doutorando do Programa Gulbenkian do campo da Biologia e Medicina. A pesquisa que serviu para a sua tese foi o resultado de uma colaboração entre o Instituto Gulbenkian de Ciência, a Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, a Universidade de Harvard e os Institutos Nacionais de Saúde.
Hoje, com 35 anos, é investigador no Salk Institute for Biological Studies em La Jolla, Califórnia. A investigação que faz mantém a mesma linha. Esta semana deverá arrancar para um novo método de estudo da actividade cerebral dos macacos apoiada também num electroencefalograma adaptado. Paralelamente, participa também num projecto de investigação do Laboratório de Estudos da Linguagem da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa que se debruça sobre pacientes que recuperaram de desordens linguísticas (afasia). Em colaboração com outras entidades, o investigador deverá começar este mês a estudar a actividade cerebral destes pacientes na tentativa de perceber quais as áreas activadas para a recuperação da linguagem e qual o papel dos tecidos lesionados na reaquisição dessas funções. Um projecto que poderá vir a revelar-se determinante em futuras aplicações terapêuticas.
Os bastidores da investigação
Na altura da publicação de um artigo na Nature Neuroscience, Ricardo Gil da Costa falou ao PÚBLICO sobre os bastidores da investigação levada a cabo nos anos anteriores. Foi preciso fazer diversas tomografias por emissão de positrões (PET, em inglês), a três macacos Rhesus adultos, duas fêmeas e um macho, explicou.
Os animais "foram expostos a 36 sons amistosos, outros tantos gritos de alerta ou perigo e um grupo idêntico de sons não biológicos, como o barulho do vento ou de instrumentos musicais". Depois de seis sessões de recolha de imagens do cérebro de cada animal, ficou claro que os macacos interpretam a sua linguagem de uma forma muito semelhante aos humanos.
A recolha de dados exigia que os animais se sentissem à vontade numa cadeira construída de propósito para este projecto e, para isso, segundo revelou o investigador foi necessário sossegar os animais com laranjas, amendoins e outros doces. Tudo para concluir que os macacos interpretavam os sons dos outros macacos com as áreas equivalentes às de Broca e de Wernicke, no cérebro humano, muito associadas a linguagem. "Os macacos reagiram assim a sons familiares, e que na sua "linguagem" constituem mensagens amistosas ou alertas de perigo. Mas não tiveram a mesma reacção perante sons de origem não biológica, que não exigiam compreensão".
Público
Os resultados da pesquisa do cientista, publicados há já algum tempo na revista Proceedings of the National Academy of Sciences e na Nature Neuroscience, já lhe tinham valido, no início deste ano, o prémio ISPA de Investigação em Psicologia. Desta vez, é a comunidade científica internacional que premeia o mérito de Ricardo Gil da Costa. O investigador dedicou os últimos anos ao estudo das funções cerebrais associadas à linguagem recorrendo à imagiologia para concluir que os macacos interpretam os sons dos seus semelhantes activando áreas idênticas às que estão associadas à linguagem (Broca e Wernicke) no cérebro humano.
O prémio que lhe será atribuído este mês refere-se aos trabalhos desenvolvidos durante o doutoramento do investigador. Ricardo Gil da Costa foi doutorando do Programa Gulbenkian do campo da Biologia e Medicina. A pesquisa que serviu para a sua tese foi o resultado de uma colaboração entre o Instituto Gulbenkian de Ciência, a Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, a Universidade de Harvard e os Institutos Nacionais de Saúde.
Hoje, com 35 anos, é investigador no Salk Institute for Biological Studies em La Jolla, Califórnia. A investigação que faz mantém a mesma linha. Esta semana deverá arrancar para um novo método de estudo da actividade cerebral dos macacos apoiada também num electroencefalograma adaptado. Paralelamente, participa também num projecto de investigação do Laboratório de Estudos da Linguagem da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa que se debruça sobre pacientes que recuperaram de desordens linguísticas (afasia). Em colaboração com outras entidades, o investigador deverá começar este mês a estudar a actividade cerebral destes pacientes na tentativa de perceber quais as áreas activadas para a recuperação da linguagem e qual o papel dos tecidos lesionados na reaquisição dessas funções. Um projecto que poderá vir a revelar-se determinante em futuras aplicações terapêuticas.
Os bastidores da investigação
Na altura da publicação de um artigo na Nature Neuroscience, Ricardo Gil da Costa falou ao PÚBLICO sobre os bastidores da investigação levada a cabo nos anos anteriores. Foi preciso fazer diversas tomografias por emissão de positrões (PET, em inglês), a três macacos Rhesus adultos, duas fêmeas e um macho, explicou.
Os animais "foram expostos a 36 sons amistosos, outros tantos gritos de alerta ou perigo e um grupo idêntico de sons não biológicos, como o barulho do vento ou de instrumentos musicais". Depois de seis sessões de recolha de imagens do cérebro de cada animal, ficou claro que os macacos interpretam a sua linguagem de uma forma muito semelhante aos humanos.
A recolha de dados exigia que os animais se sentissem à vontade numa cadeira construída de propósito para este projecto e, para isso, segundo revelou o investigador foi necessário sossegar os animais com laranjas, amendoins e outros doces. Tudo para concluir que os macacos interpretavam os sons dos outros macacos com as áreas equivalentes às de Broca e de Wernicke, no cérebro humano, muito associadas a linguagem. "Os macacos reagiram assim a sons familiares, e que na sua "linguagem" constituem mensagens amistosas ou alertas de perigo. Mas não tiveram a mesma reacção perante sons de origem não biológica, que não exigiam compreensão".
Público