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Relatório da comissão de auditoria da PT arrasou em Julho gestão de Bava e Granadeiro

kokas

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Set 27, 2006
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Um relatório da comissão de auditoria da Portugal Telecom (PT) de Julho arrasa a estratégia financeira da operadora com ênfase para os últimos anos e classifica-a de imprudente e enganadora. Em causa estão aplicações de tesouraria em depósitos a prazo e títulos de dívida de curto prazo, cuja concentração em sociedades do GES oscilou, face ao total disponível, entre 70,91% em 2011 e 98,6% em Abril de 2014, o que contraria o que foi garantido ao mercado nos relatórios e contas: “Para mitigar os riscos de crédito” a PT “diversificava” os seus investimentos “junto de diferentes instituições financeiras”, com “reputação no mercado ou tendo em consideração o respectivo rating de crédito”.

A leitura dos registos das aplicações da PT no universo empresarial do Grupo Espírito Santo (GES), que decorriam através do banco, revelam como a operadora e os dois presidentes executivos, Zeinal Bava e Henrique Granadeiro, foram sendo “capturados” ao longo do tempo pelos interesses do seu maior accionista: o BES (dono de 10% da empresa). A situação acentuou-se com a crise financeira e económica e é alvo de censura, ainda que à posteriori, num relatório de auditoria interna, produzido na fase aguda da crise do GES. E quando se tornou público que as sociedades do universo do seu accionista de referência, financiadas pela PT, estavam insolventes.
Num relatório de 10 de Julho de 2014, sobre as aplicações de excedentes de tesouraria no GES, a Comissão de Auditoria revela que a 3 de Julho, depois do Expresso ter publicado o investimento de 897 milhões em papel comercial da Rioforte, pediu “um resumo da evolução histórica dos saldos das aplicações” no período entre 2001 e 2014.
A conclusão é a seguinte: “a aplicação de excedentes de tesouraria em depósitos a prazo e títulos de dívida de curto em sociedades do GES, em particular na Espirito Santo International-ESI [a holding de topo do GES], sempre foi elevada, tanto em termos absolutos como relativos, tendo oscilado entre um mínimo de cerca de 36,8% (em Julho de 2008) e um máximo de 98,6% em Abril de 2014.”
Depois de entre 2001 e 2007 terem variado entre 600 milhões e um mínimo de 144,4 milhões, a exposição ao GES disparou. A partir de 2008, com 36,8%, começou a trajectória ascendente que chegou a Agosto de 2010 com 81,5% em depósitos a prazo no BES.
Após a venda da Vivo, que permitiu à PT encaixar 4,5 mil milhões de euros (verba que repartiu entre a CGD e o BES, ambos accionistas), Zeinal Bava começou crescentemente a apoiar o seu maior investidor: a 30 de Setembro de 2010, a operadora tinha aplicado na esfera do GES 3118 milhões de euros (incluindo os 2240 milhões da Vivo), o que se traduzia em 50,9% do total disponível. E, pela primeira vez, vai investir (250 milhões) em títulos de dívida de sociedades do GES, nesta caso na ESI, onde se manterá até Janeiro de 2014 (antes de transferir a verba para aquisição de papel comercial da Rioforte).
Depois de um decréscimo, resultante da compra da OI, em Outubro de 2011, a PT voltou a confiar o grosso das suas disponibilidades ao grupo então liderado por Ricardo Salgado: 3065 milhões, ou seja, 79,91% do total. A partir de 2012 “assiste-se a um aumento da concentração” GES agora de 85,9%, aproximando-se em Maio de 2014 dos 100% (98,35%). Dos 1643 milhões de euros em causa, 897 milhões destinaram-se à compra de papel comercial da Rioforte).
Nos mandatos de presidentes executivos da PT, (Zeinal Bava entre Abril de 2008 a Junho de 2013, data em que assumiu as funções na OI, e Henrique Granadeiro, a seguir, bem como do administrador financeiro, Pacheco de Melo), as decisões de investimento vão merecer da comissão de auditoria o comentário: “as aplicações [no GES], em especial as relativas a títulos de dívida, não cumpriram os requisitos cautelares de uma gestão de risco divulgada nos documentos de prestação de contas, quer sobre diversificação, quer a natureza das contrapartes, por terem sido feitos como uma holding não financeira, cuja boa reputação no mercado não se encontrava evidenciada.” Recorde-se que nem a Rioforte nem a ESI têm rating, e os seus problemas financeiros são do domínio público desde Setembro do ano passado (PÚBLICO de 18/9/2013).
Ou seja, Bava, Granadeiro e Pacheco de Melo (enquanto administrador financeiro) contrariaram uma das regras elementares de boa gestão, a diversificação dos activos, e “ocultaram” as suas decisões de aplicação de tesouraria ao mercado e à CMVM. Nos relatórios de gestão e contas e nos de governo da sociedade (ambos aprovados pelo conselho de administração da PT por unanimidade) escreveram: “Com o objectivo de mitigar os riscos de crédito, a política da PT é de investir em aplicações de curto prazo, junto de instituições financeiras diversificadas, com reputação no mercado ou tendo em consideração o respectivo rating de crédito.” E esclarecem que “os riscos relacionados com actividades de tesouraria resultam essencialmente dos investimentos efectuados pelo Grupo em disponibilidades monetárias”.



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