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Roger Waters em Lisboa: Há sempre um muro para derrubar

florindo

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Esta noite, quando um avião se despenhar dentro do Pavilhão Atlântico, no final da primeira música, já o público estará mais que rendido. Afinal, as duas datas de The Wall Live esgotaram há meses sem necessidade de recorrer a publicidade. A popularidade do álbum conceptual e dos Pink Floyd explicarão o fenómeno.

E Roger Waters? É a terceira vez que o baixista actua em Lisboa e, a avaliar pelas visitas anteriores (2002, Pavilhão Atlântico, em duas noites, e 2006, Rock In Rio), tem uma bolsa de fiéis um pouco como a publicidade que se fazia ao Tintin, dos 7 aos 77. E poderá ser a última visita: o britânico anunciou que «provavelmente» este será o seu canto do cisne no que respeita às grandes tournées.

O rocker de 67 anos, que desde jovem se assume como um pacifista de esquerda, faz por se manter interventivo. «Não sou um grande vocalista nem um virtuoso, mas continuo a sentir fogo na barriga e continuo a ter algo para dizer», justificou-se à agência AP antes do início da digressão, que começou na América do Norte em Setembro. Ainda sobre os motivos que o levaram a reconstruir o muro 30 antes depois: «Esta nova produção de The Wall é uma tentativa de estabelecer algumas comparações para trazer luz à nossa situação actual, e é dedicada a todos os inocentes que se perderam nos anos que se seguiram». Para fazer essa homenagem, Waters recolheu na sua página fotografias de pessoas mortas na guerra ou por regimes repressivos.

Em sintonia com as músicas, outras imagens relacionadas com a guerra estão espalhadas pelo espectáculo. É o caso do vídeo divulgado pelo Wikileaks em que um repórter de imagem iraquiano e o seu assistente são abatidos por tropas norte-americanas.

Além das imagens projectadas, o porco insuflável, ícone dos Pink Floyd que Waters retomou nos concertos, tem mensagens escritas que variam consoante o país e a actualidade.

Boicote a Israel
A veia activista continua a pulsar em Waters - que não parece recear a perda de fãs. A mais recente guerra é com Israel. Já em 2006, o músico tinha um concerto agendado para Telavive, mas após ter visitado (e pichado) o muro que o Estado hebraico ergueu para se separar dos palestinianos mudou o local do espectáculo para Neve Shalom (Oásis da Paz), uma aldeia israelo-árabe. Mais recentemente, no início da digressão de The Wall Live, o líder da Liga Antidifamação, Abraham Foxman, acusou Waters de anti-semitismo pelo facto de ser projectado, durante Goodbye Blue Sky, uma animação em que um avião B52 usa o dólar e a estrela de David como bombas. A resposta do fundador dos Pink Floyd foi imediata, ao lembrar que além desses símbolos, estão presentes a foice e o martelo, o crescente e a lua, a cruz, a Shell e a Mercedes.

Porventura irritado com esta acusação, Waters escreveu há duas semanas um artigo no Guardian em que comparava Israel à África do Sul dos tempos do apartheid e defendia um boicote àquele país enquanto o muro não for abaixo. (Os defensores do muro lembram que os israelitas não mais sofreram atentados desde a sua conclusão).

Popularidade em alta
Não deixa de ser irónico que, tendo The Wall nascido da alienação de Roger Waters durante a primeira digressão dos Pink Floyd em estádios, seja ele próprio um espectáculo repleto de efeitos sonoros e visuais para as massas. E estas estão a aderir. As 56 datas da primeira parte do tour foram um sucesso: pavilhões cheios no Canadá, EUA e México valeram quase 90 milhões de dólares de receitas (para um custo total dos 117 concertos estimado em 60 milhões).

O contraste é notório com a digressão dos Pink Floyd de 1980 a 1981, na qual perderam dinheiro e se ficaram por 31 concertos em apenas quatro cidades. The Wall só voltou a ser tocado na íntegra pelo seu autor em 1990, em Berlim, meses após a queda do infame muro. Waters já tinha abandonado o grupo há anos e tocou com convidados tão diversos como Sinéad O Connor ou Bryan Adams num momento visto por milhões na televisão.

Em Lisboa, na segunda e terça-feira, os espectadores vão assistir a um show com as mais avançadas tecnologias. O muro, construído com tijolos de cartão à medida que o concerto avança, tem 77 metros de comprimento e 11 de altura e faz de separador entre dois palcos.

Mas se Roger Waters se apresenta em nome individual, nada faria sem uma vasta equipa: 11 músicos (um deles, o filho Harry, nos teclados) e mais de 50 técnicos e roadies, além de oito dezenas de pessoas contratadas em cada cidade. E conta ainda com um coro de crianças também recrutado localmente.

SOL
 
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