Cartografar todo o céu que se vê a partir da órbita da Terra, a 525 quilómetros de altitude, e no espectro dos infravermelhos, que permite detectar objectos muito frios e, por isso, distantes, é a missão do telescópio WISE, lançado ontem pela NASA a partir da base aérea de Vandenberg, na Califórnia (EUA).
“A última vez que cartografámos todo o céu neste comprimento de onda foi há 26 anos”, comentou Edward Wright da Universidade da Califórnia em Los Angeles, principal investigador da missão, citado pelo site da CNN, referindo-se ao Satélite Astronómico de Infravermelhos, que foi lançado em 1983 e descobriu seis cometas.
“A tecnologia de infravermelhos evoluiu muito desde essa altura. As velhas imagens de infravermelhos eram como pinturas impressionistas — agora, vamos ter imagens que parecerão mesmo fotografias”, comentou o cientista.
Durante os seis meses previstos para a sua missão, o WISE vai juntar-se aos dois outros observatórios de infravermelhos em órbita da Terra — o Spitzer, da agência espacial norte-americana, e o Herschel, da Agência Espacial Europeia (ESA).
Observar objectos próximos — como os asteróides e cometas do sistema solar, cujas órbitas os podem trazer desconfortavelmente próximo da Terra, um dia talvez em rota de colisão, é uma das suas missões. Medindo as suas emissões de luz infravermelha, o WISE vai permitir fazer uma boa estimativa dos tamanhos dos asteróides e da sua distribuição, o que será útil para calcular com que frequência a Terra pode esperar um encontro potencialmente perigoso com uma destas rochas espaciais.
Mas o WISE vai olhar para longe também. Vai tentar espreitar objectos como as anãs castanhas, que são bolas gasosas como Júpiter, várias vezes maiores que o gigante do nosso sistema solar, que poderiam ser estrelas mas não conseguiram ter massa suficiente para desencadear uma reacção nuclear em cadeia. Estas estrelas falhadas emitem pouca radiação e são quase impossíveis de detectar no espectro da luz visível, mas o WISE deve conseguir detectar umas mil — pode duplicar ou triplicar o número destes objectos que os astrofísicos conhecem.
O WISE vai tentar observar também os objectos mais distantes conhecidos, diz a NASA: galáxias ultraminosas de infravermelhos, que brilham com a luz de um bilião de sóis.
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