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O leite já não é uma vaca sagrada

Feraida

GF Ouro
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O resultado de artigos sobre se devemos ou não beber leite é muitas vezes este: uma no cravo, outra na ferradura, dependendo de quem se ausculta. Por cada investigação científica que aponte para um papel benéfico ou nocivo, outra haverá para a desdizer.

Muito do que comemos tem vários “mas” na sua composição e para vários especialistas o leite não é excepção. Quando se pergunta à nutricionista Carmo Cabral se recomenda o consumo de leite, a resposta é mais que pronta: “Sim, recomendo: o leite materno.” E termina aí. O de vaca nem pensar, “não somos bezerros”. Quando se pergunta ao nutricionista Pedro Graça se recomenda o consumo de leite, a resposta é mais que pronta também: “Sim, tem muitas vantagens.”

Em 2003, Anne Karpf começava assim um artigo devastador no jornal The Guardian: “Terá sido o próprio relações públicas de Deus o director da campanha a favor do leite? De que outra forma se explica ter conseguido manter a sua imagem imaculada, apesar de toneladas de provas em contrário?” As dúvidas, argumenta, vêm de longe: Karpf cita a resposta do Comité de Nutrição da Academia Americana de Pediatria quando, em 1974, foi questionada sobre se se deveria desaconselhar o consumo de leite pelas crianças: “Talvez” (e mesmo assim, entre 1993 e 2014, os americanos foram inundados com a campanha “Got Milk?”, onde personalidades conhecidas eram fotografadas com bigodes lácteos a recomendar que se bebesse leite).

Actualmente, muitos nutricionistas não usam sequer o condicional. “O leite de vaca não faz sentido”, afirma peremptoriamente Carmo Cabral. “É espécie-específico.” Ou seja, os humanos devem beber leite humano, enquanto são bebés, e é tudo. “A proteína do leite de vaca é muito diferente da do leite humano, praticamente o oposto.”

Quais são, então, os argumentos contra o leite? A começar pela intolerância à lactose (o açúcar dos lacticínios fica por digerir no intestino delgado, podendo provocar diarreia, cólicas e gases), a lista de acusações — demonstradas ou não — é longa: elevado teor de gordura saturada aumenta o risco de doenças cardíacas; o consumo de grandes quantidades de lactose aumenta as probabilidades de cancro no ovário; grandes quantidades de cálcio são um factor de risco para o cancro da próstata e também para a osteoporose (uma diminuição da massa óssea, que leva ao aumento do risco de fractura). Frequentemente, as investigações que apontam para resultados deste género fazem-no com base no consumo de três ou mais copos de leite por dia.

Os ataques não se ficam por aqui. “O leite é muito mais do que [a soma de] proteínas, hidratos de carbono, gordura saturada, cálcio e outros minerais, e vitaminas”, afirma Carmo Cabral. “Tem uma série de compostos bioquímicos, hormonais e outros, que vão ter uma acção no corpo.” A nutricionista adianta que o consumo de leite “está associado a diabetes de tipo 1 e à obesidade: o leite estimula o crescimento, ao aumentar os níveis de insulina” — a “insulina e outros processos bioquímicos”, dirá a seguir, é também uma das razões por que poderá estar associado a doenças oncológicas. “Habitualmente consumimos leite numa altura de crescimento exponencial, e essa modulação hormonal era importante para esse tipo de crescimento”, até aos dois, três anos. Depois disso, não só é dispensável como não é recomendável. “Só se for para substituir alimentos piores, como refrigerantes, snacks, bolos.”

80 litros
de leite foi quanto bebeu cada português em 2013, menos 4,5% de consumo em relação ao ano anterior

Institucionalmente, este é ainda um alimento valorizado. O Estado garante a distribuição de leite gratuitamente a todas as escolas públicas que a solicitem. Em todo o caso, o consumo tem vindo a diminuir, à imagem do que acontece em muitos países ocidentais. Em 2013, cada português bebeu 80 litros, o que representa um decréscimo de 4,5% em relação ao ano anterior (podem entrar aqui factores como o aumento do preço, causado pelas condições climatéricas desfavoráveis para a produção, como a onda de calor no Verão, e a subida dos preços dos alimentos para os animais).

Pedro Graça, coordenador do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável, reconhece que “há uma discussão grande e muita polémica” à volta do leite. Mas “quem tem dificuldades de acesso a alimentos de qualidade não deveria prescindir do leite, que é um complexo vitamínico em forma de alimento”.

As “muitas vantagens” começam pelo cálcio — “fundamental no crescimento ósseo e para os dentes”. Os ossos ganham densidade até aos 30 anos e a partir daí perdem-na. “Ficam mais ‘ocos’. Jovens que não consomem lacticínios acabam por ter ossos mais frágeis.” A osteoporose afecta em Portugal mais de meio milhão de pessoas, sobretudo mulheres, segundo a Direcção-Geral de Saúde.

Para os críticos do leite, este é um dos grandes embustes. A osteoporose pode ser combatida com exercício físico regular, vitamina D (através da exposição ao sol, por exemplo) vitamina K (vegetais verdes) e cálcio em quantidade suficiente.

E é aqui que reside a questão. A quantidade certa e saudável de cálcio que devemos ingerir não foi ainda cabalmente determinada, segundo refere um artigo da Harvard School of Public Health, publicado no ano passado. Vários estudos salientam a importância do cálcio para fortalecer os ossos, mas há discrepâncias sobre a quantidade que deve ser ingerida por adultos (no mesmo artigo afirmava-se porém que um consumo moderado — um ou dois copos de leite por dia — parecia diminuir as probabilidades de tensão alta e sobretudo de cancro no cólon).

Já um estudo de investigadores suecos liderados por Karl Michaelsson e publicado pelo British Medical Journal, em Setembro passado, concluía que maiores quantidades de leite levavam a mais fracturas em mulheres. Pior, havia até maior índice de mortalidade, num dos grupos estudados. Isto porque o leite é a principal fonte de galactose, que provoca stress oxidativo (ligado ao envelhecimento), inflamação crónica, neurodegeneração e menor resposta imunitária.

Os autores do estudo — que comparava mulheres que bebiam três ou mais copos de leite por dia com as que bebiam um ou menos — concluem dizendo que “os resultados podem levar a questionar a validade das recomendações para o consumo de grandes quantidades de leite para a prevenção de fracturas ósseas”. Mas devem, contudo, “ser interpretados com cautela” e precisam de ser replicados, alertavam. O artigo inundou os media e animou os opositores aos lácteos, que muitas vezes se esqueciam de referir as reservas dos investigadores.

Quando se trata de prevenir a osteoporose, Carmo Cabral aponta para outras “fontes fiáveis”: couve, brócolos, agrião, rúcula, nabiças, por exemplo, “têm bastante cálcio disponível, tanto como o leite”. Além disso, o cálcio não pode ser considerado isoladamente: “É a vitamina K [que não está presente no leite mas nos vegetais verdes, aponta] que o leva ao osso e não só para os tecidos moles.”

Nem tudo se resume ao cálcio. “Há ainda uma questão importante: a proteína do leite é de grande qualidade. Tem todos os aminoácidos essenciais para o restabelecimento dos tecidos”, refere Pedro Graça. “Todos os dias, o nosso corpo se renova e as proteínas são fundamentais, mas têm de ter qualidade.”

Em percentagens da dose diária recomendada, adianta o nutricionista, um copo de 250 ml garante 38% do cálcio; 16% de proteínas; 11% de potássio (que ajuda a manter a pressão arterial); 10% da vitamina A (importante para a pele); 13% da vitamina B12, que ajuda as células a transportar o oxigénio; 24% da vitamina B2, que tem riboflavina, que ajuda a converter os alimentos em energia; 20% de fósforo, importante também para os ossos.

“Para cada estudo contra o leite, aparece um a favor”, afirma Pedro Graça. “Para a relação entre o consumo do leite e a doença cardiovascular, por exemplo, a evidência científica é quase nula. Mas há alguma discussão sobre a relação com doenças oncológicas: o consumo moderado parece ser protector, mas quando em excesso haverá um efeito negativo. Isso pode acontecer com muitos alimentos.”

250 ml
de leite, um copo, contém: 38% do cálcio; 16% de proteínas; 11% de potássio;10% da vitamina A; 13% da vitamina B12; 24% da vitamina B2; 20% de fósforo

José Camolas, nutricionista do serviço de endocrinologia do Hospital de Santa Maria, refere que “o leite faz parte dos cânones da alimentação equilibrada”. Mas tem de estar presente? A resposta não é “tem”, é “pode”. “Em nutrição, não temos a política de dizer que tem de ser assim ou assado.”

Em todo o caso, “faz sentido que um dos grupos alimentares seja dedicado aos lácteos”, defende. “São uma fonte barata e disponível de proteína de boa qualidade e uma das fontes mais biodisponíveis de cálcio. Alguma investigação demonstra que tem um efeito protector da saúde (nomeadamente no controlo de peso e glicémico).”

Em relação aos “senãos”, refere também que “a investigação tem sempre nuances, tem sempre uma verdade e o seu contrário. Há ecos de uma investigação norte-americana que apontava para maior incidência neoplásica. Mas é diferente dizer ‘isto aconteceu ao mesmo tempo que isto’ ou dizer ‘isto provoca cancro’”. Essa relação directa de causa-efeito é mais difícil de estabelecer, até pelas imensas variáveis que entram em jogo quando se fala de alimentação.

Lacticínios a mais fazem mal, tal como qualquer outro alimento em excesso, adianta.

O que parece uma evidência é que, à medida que o tempo vai passando, tendemos a tornar-nos mais intolerantes à lactose, um hidrato de carbono composto por dois açúcares, glicose e galactose — que para serem separados e digeridos precisam de uma enzima chamada “lactase”. “É uma enzima indutível, ou seja, é produzida em função da necessidade”, afirma Camolas. “Os adultos que bebem leite continuam a produzir lactase... Mas, com o envelhecimento, os processos metabólicos transformam-se e há mais intolerância à lactose, [tal como] às gorduras, as digestões são mais prolongadas. Todo o aparelho gastro-intestinal fica menos funcional.”

Segundo a Sociedade Portuguesa de Gastroenterologia, cerca de um terço da população portuguesa sofre de intolerância à lactose (o que não é igual a alergia ao leite, que é uma reacção que envolve o sistema imunitário).

A percentagem é bastante maior noutros grupos demográficos. Em 1965, um estudo da Johns Hopkins University concluía que quase três quartos da população negra americana não digeria a lactose, contra 15% da população branca. A intolerância à lactose é um traço da maioria da população mundial, sobretudo africana e asiática.

Em Julho de 2013, o artigo da Nature “Arqueologia: a revolução do leite” explicava como, há 11 mil anos, quando a agricultura começou a substituir a caça, as populações do Médio Oriente aprenderam a reduzir a lactose — que não conseguiam digerir por falta de lactase — fermentando o leite para fazer queijo e iogurte. Dois mil e quinhentos anos depois, uma mutação genética ocorreu na Europa, mais precisamente na zona da Hungria, dando à população a capacidade de produzir lactase durante toda a vida. “Essa adaptação abria uma nova fonte nutricional que conseguia sustentar as comunidades quando não havia colheitas.” Uma grande parte da população europeia descenderá desses primeiros agricultores que insistiam em continuar a produzir lactase na idade adulta.

E é isso que explica que muitos caucasianos sejam a excepção a este número: 65% da população mundial não produz lactase depois dos sete, oito anos. A capacidade de o fazer perde-se à medida que se cresce.

Pedro Graça afirma que em Portugal há “entre 1/3 e 77% da população com algum tipo de intolerância, que pode quase não se notar, e por vezes até podemos viver com ela”. Graça Cabral contesta e afirma que, mesmo não se manifestando, os efeitos serão nocivos a longo prazo. A razão por se achar que há agora mais pessoas intolerantes à lactose é o facto de “termos uma população cada vez mais envelhecida”, adianta Pedro Graça. “Aqueles que não são intolerantes aproveitem ao máximo as vantagens que o leite traz.”

In:público
 

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GF Ouro
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Eu já "abri os olhos" à muito tempo. Mais precisamente à 31 anos. Leite nunca mais.

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yz.™

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mjtc

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Pelo que tenho conhecimento, o leite faz bem à saúde. Não acredito nesse estudo de denegrir o leite. O leite ajuda a manter o cálcio no organismo, isso é um facto.
 

DX2

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yz.™;1913464 disse:
...háháhá...!
Tu mereces um prémio! Há muito tempo que não tinha uma descaída destas! :Espi06:

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DX2

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Pelo que tenho conhecimento, o leite faz bem à saúde. O leite ajuda a manter o cálcio no organismo, isso é um facto.
Então alarga o teu conhecimento. O leite não ajuda a manter o cálcio no organismo, é apenas um alimento que tem cálcio (como muitos outros) mas como não possui nada que o fixe nos ossos, se uma pessoa ingerir leite continuadamente esse cálcio vai fixar-se noutros sítios e acaba por desperdiçar-se. Se não houver no organismo aquilo que fixa o cálcio nos ossos, a vitamina K que se encontra em abundância nos vegetais verdes, o cálcio do leite não serve de nada. É preferível ingerir alimentos que tenham cálcio e também a vitamina K e assim temos a certeza que os nossos ossos estão a beneficiar desse cálcio.
Mas independemente de tudo o que ambos os lados possam dizer sobre o leite, há uma verdade que é inegável e que nenhum dos dois desmente: o único leite que o ser humano deve ingerir é o leite materno e acho que não é preciso dizer mais nada.

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Feraida

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Polémicas que vêem de longe.

O que é um facto é que somos o único animal que bebe leite durante toda a vida.

Dizer que precisamos do cálcio do leite é uma falsa questão. Penso que precisamos, apenas, dos nutrientes essenciais à nossa alimentação, de preferência, saudável.

1º O leite de vaca e derivados também tem grande responsabilidade nas alergias que quase todos transportamos connosco(alergias à proteína do leite,etc)

2º Quanto à absorção; é preferível desenvolver actividades físicas que beneficiem todo o organismo e não só a absorção do cálcio(melhoram a condição cardiovascular, muscular, previnem artroses, acumulação de gorduras nos locais errados, etc);

3º Os estudos valem o que valem, a maioria das vezes são "encomendas". A verdade é que bebemos leite de outros animais com proteínas não humanas, por isso é que se diz que o melhor leite para os bebés( e crianças) é o materno e, como não temos mama toda a vida..:right:

4º Polémica antiga, até aqui no Gfórum:http://www.geralforum.com/board/1955/570073/evite-o-leite-pela-sua-saude.html#.VOsIp3ysVX8

Abraço

Feraida
 

Feraida

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Os malefícios do leite

O cálcio do leite de vaca é basicamente inútil. O leite tem conteúdo insuficiente de magnésio (11% do que seria necessário para a mesma quantidade de cálcio).
Ao contrário do senso comum e daquilo que é normalmente informado, o consumo de leite, ao invés de prevenir, ocasiona descalcificação e osteoporose, pois pode levar à deficiência de magnésio, além de acidificar o sangue, fazendo com que o corpo retire cálcio aos ossos, aumentando a sua perda.
As nações com mais alto nível de consumo de leite e de lacticínios também têm o maior nível de osteoporose.
O cálcio que o nosso organismo necessita encontra-se bio-disponivel nos alimentos de origem vegetal, pelo que praticando uma alimentação correcta e equilibrada estes aportam o referido mineral da forma correcta e sem consequências. Não querendo alongar, a sintetização de vitamina D e o exercício físico são outros dois factores complementares.
O leite de vaca é um fluido insalubre, que contém uma gama ampla de substâncias inconvenientes. O seu consumo prolongado tem um efeito cumulativo prejudicial. Para além do mito do aporte de cálcio, o consumo de leite poderá estar, segundo vários estudos, na origem de algumas doenças, nomeadamente:
- O consumo de leite nos primeiros anos de vida, após o período de lactância, aumenta as hipóteses de desenvolvimento de Diabetes do tipo 1;
- Os lacticínios aumentam a libertação de insulina pelo pâncreas, o que pode causar resistência à insulina, que pode levar à Diabetes, Hipertensão, Obesidade Abdominal, Síndrome do Ovário Poliscístico, Cancro da Mama, Acne, entre outros problemas;
- Estudos associam o consumo de leite ao surgimento de Cancro dos Ovários, Testículos e Próstata, Doença de Parkinson e doenças das Artérias Coronárias;
- O consumo de leite piora os sintomas da Artitre Reumatóide;
- Existe uma correlação muito forte entre o consumo de leite e a prevalência de Esclerose Múltipla;
- O leite neutraliza o meio ácido intestinal, necessário para a absorção de vitamina E e minerais; além de favorecer a fermentação de microorganismos patogénicos;
- O consumo de lacticínios leva a um aumento de substâncias inflamatórias e de pequenas calcificações;
- O leite é um alimento congestionante e leva ao aumento da produção de muco no organismo;
- As vacas leiteiras são mantidas constantemente grávidas, por isso o leite tem quantidades muito grandes de estrógeno e progesterona, podendo levar, por exemplo, à puberdade precoce;
Sem prejuízo do atrás exposto, a produção de leite tem ainda um elevado impacto ambiental, sendo esta indústria extraordinariamente cruel para os animais que o produzem.
Por último, sugiro uma breve lista com algumas publicações que comprovam os malefícios do consumo do leite e lacticínios:
- Devil in the Milk: IIIness, Health and the Politics of A1 and A2 Milk (Keith Woodford)
- Diet, Nutrition and the Prevention of Chronic Diseases, Relatório Técnico nº 916 (OMS e FAO)
- Don't Drink your Milk! New Frightening Medical Facts About the World's Most Overrated Nutrient (Frank A. Oski MD)
- Dr. Spock's Baby and Child Care (B. Spock e R. Needlman)
- Dr. Neal Barnard's Program for Reversing Diabetes: The Scientifically Proven System for Reversing Diabetes Without Drugs (Neal Barnard)
- Food Allergy: Adverse Reactions to Food and Food Additives (D. D. Metcalfe e Hugh Sampson)
- Galactolatria: Mau Deleite (Sônia T. Felipe)
- Hold the Cheese Please! A Story for Children About Lactose Intolerance (Frank J. Sileo)
- Leite: Alimento ou Veneno (Robert Cohen)
- Mad Cows: And Milk Gate (Virgil M, Hulse)

In:defenderportugal 11-1-2013

Obs: Para pensar um pouco.
 

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(...) além de acidificar o sangue, fazendo com que o corpo retire cálcio aos ossos, aumentando a sua perda.
Um pouco em off-topic mas que tem a ver com esta questão: uma das muitas opções que temos disponíveis para alterar o pH do sangue, com todos os benefícios que daí advém, é alcalinizar a água que bebemos. Como? Basta, por exemplo, colocar um íman bem potente o mais perto possível da saída da(s) torneira(s) de onde tiramos água para beber ou para cozinhar. Isto também é válido para as pessoas que só bebem água engarrafada: basta arranjarem um depósito com torneira onde despejarão a água engarrafada e colocarem o íman nessa torneira.
Uma pequena alteração no pH da água, por exemplo, de 6 para 7, já faz muita diferença e então se for para mais, melhor.

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Feraida

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Leite de vaca: Remédio ou veneno?


A intolerância à lactose chega a atingir 70% da população nos países do Sul da Europa e vários estudos apontam hoje o excesso de leite como causa do aumento da incidência de cancro do cólon, ovário, próstata e mama - e, até, de mais fraturas ósseas. Análise aos prós e contras de um alimento até há pouco incontestado

O leite faz crescer.

O leite é um veneno.

Há hoje mais alergias ao leite

Deixei de beber leite e sinto-me melhor.

O leite faz bem aos ossos.

O leite pode aumentar o risco de fraturas ósseas.

O leite está relacionado com uma maior incidência de cancros da mama, ovário, cólon e próstata.

E, agora, bebemos mais um copo ou deitamo-lo pelo ralo abaixo?

Por mais que se queira, a resposta não sai redonda. Não há sins nem nãos absolutos, mas também já ninguém consegue defender, como noutros tempos, o seu consumo massificado. Então vamos lá tentar perceber o que mudou para termos passado a desconfiar da bebida mais bem promovida do século passado.

'O leite faz crescer'

As qualidades nutritivas desta bebida saída da vaca são indiscutíveis (contém 18 dos 22 nutrientes essenciais, incluindo cálcio, fósforo e vitamina D), mas a verdade é que quem não a bebe vive perfeitamente sem ela. Se não, ponham-se os olhos no pequeno António que, aos dois anos e meio, corre pela sua casa, cheio de energia e boa disposição - depois do leite materno ainda experimentou as versões em pó mas, como essa ingestão se refletia em alergias na cara, a pediatra aconselhou a mudança para as alternativas de soja.

De qualquer forma, não poderia destoar muito numa família que, há cerca de quatro anos, não toca em lactose. Salvo quando pecam numa refeição de pizas ou debicam um queijo num jantar com amigos.

Constança Macedo, 42 anos, deu o mote. Depois de algumas queixas gastrointestinais, o médico aconselhou-a a averiguar se teria intolerância e acusou na totalidade. Passou a consumir leite sem lactose.
Seguiu-se o marido e os dois filhos mais velhos, Francisca e Vicente. Nos pequenos almoços abandonaram os queijos e as manteigas e agora é vê-los comer pão com tomate ou sandes de fiambre com agrião ou espinafres. Ao fim de semana até pode haver panquecas, mas a massa é feita com a versão da bebida sem lactose.

"O que o leite de vaca oferece em termos de necessidades pode ser substituído por outros produtos nas sociedades ocidentais e mais evoluídas, dada a variedade existente.

Todavia, nos períodos de maior crescimento (até aos 3 anos e na adolescência) há que garantir que se dá suficiente cálcio.

E o leite e seus derivados são um meio fácil de veicular esse e outros minerais", explica o pediatra Mário Cordeiro que, nas suas consultas, por norma, recomenda que as crianças consumam laticínios com moderação e "sempre tendo em conta a existência de sintomas, a tolerância e o papel do leite entre os diversos alimentos".

'O leite é um veneno'

Uma pesquisa no Google com esta frase faz aparecer 563 mil resultados. Mas outra busca com as palavras "a água é um veneno" encontra 1 milhão e 730 mil de referências. Servem estes números como alerta para o perigo da sabedoria da internet.

"Um veneno é algo que destrói ou altera as nossas funções vitais. Não será essencial como, aliás, nenhum alimento o é. Podemos passar perfeitamente uma vida sem o beber, mas daí a afirmar que se trata de um veneno é um passo muito grande", esclarece o nutricionista Pedro Graça.

Na vacaria do Valado, perto de Alcobaça, Jorge Silva, 46 anos, bem como a sua família e quase todos os empregados, bebem leite acabadinho de sair da vaca, sem pensar nele como um veneno. Pelas 10 da manhã já se fez a primeira ordenha do dia aos cerca de 220 animais. Assim que entram no corredor da zona de extração limpam-lhes as tetas e, aos primeiros três jatos manuais, percebe-se se há mastites ou outras inflamações.

Se for caso disso, são logo desviadas para tratamento. Se não, colocam-se-lhes os vácuos que retiram o leite mecanicamente. Uma vaca pode dar entre 11 e 13 litros em cada ordenha (ali fazem três por dia). José Maurício, 63 anos e um dos primeiros funcionários daquela vacaria, guia-as com um pau enquanto as repreende de forma carinhosa: "Porta-te bem, ó menina!"

Jorge Silva lembra que, há 25 anos, quando começou esta aventura, os métodos de análise eram muito rudimentares. "O leite que se consome hoje nada tem a ver com o dessa altura. Agora o controlo é muito mais exigente. Até tenho um nutricionista para analisar a alimentação dos animais. E as únicas hormonas que utilizo são as legais e naturais: a oxitocina, no caso de a vaca estar em stresse e não der leite, e a prostaglandina para fazer o cio."

Nos laboratórios ALIP, que analisam 95% do leite nacional, não se realizam testes às hormonas porque tal não é exigido pela regulamentação da União Europeia que estipula os parâmetros a escrutinar.

Mas é tudo esmiuçado no que toca a pesquisa de antibióticos, contagem de células somáticas e microrganismos.

E os valores a que chegam estão, normalmente, abaixo dos exigidos por lei. "Se for detetada uma ponta de antibiótico no camião que transporta o leite para as indústrias, o produtor responsável por essa contaminação não só não recebe como ainda tem de pagar aos outros concorrentes, porque aquele produto vai todo para o lixo", explica Carlos Neves, presidente da associação de produtores ?APROLEP. E agora, "a pagarem-nos 33 cêntimos o litro, já ninguém arrisca", resume o empresário Jorge Silva.

'Há hoje mais alergias ao leite'

Não é só ao leite, assegura o alergologista Mário Almeida. "Trata-se de um problema imunológico mais frequente nas crianças que respondem em exagero a corpos estranhos. Uma das razões para isso acontecer é darem biberões, ainda antes de se introduzir leite materno, nas maternidades." Mais tarde, quando voltam a beber leite de vaca, surge a reação alérgica à proteína presente naquela bebida. E depois começa o "martírio", porque quase todos os alimentos contêm leite, nem que seja em forma de soro, e torna-se difícil fugir dele para evitar vómitos, desmaios, erupções cutâneas ou, nos casos mais graves, ?choques anafiláticos.

Como forma de melhorar a vida destes doentes, Mário Almeida procura, desde 1995, aperfeiçoar os tratamentos de imunoterapia. Começou no Hospital da Estefânia, depois na CUF Descobertas, em Lisboa. "Faço a dessensibilização de uma forma muito controlada", garante. Mafalda tem apenas 5 anos, mas conhece de ginjeira o médico e as paredes da sala onde, durante seis meses, se tentou livrar desta alergia. E conseguiu. Hoje pode deliciar-se com todos os laticínios, sem que a mãe passe horas a ler rótulos. Pode não, deve - se não quer voltar a ser alérgica a esta proteína, tem de ingeri-la diariamente em doses de 200 mililitros, como um remédio. "Ela nunca comia fora de casa", conta a mãe, Inês Abecassis, 42 anos, visivelmente aliviada com esta diferença na qualidade de vida da família.

A história de Francisco, 13 anos, e de Carolina, de 6, não diverge muito da vivida pela Mafalda. Também eles sofriam de alergias graves, detetadas assim que fizeram a transição do leite materno para o da vaca, que obrigaram a uma alimentação muito limitada. Este tratamento, que vai adaptando, pouco a pouco, o organismo à presença da proteína láctea, apareceu-lhes como uma forma de aliviar as fortes restrições com que já se tinham habituado a viver.

'Deixei de beber leite e sinto-me melhor'

Só um terço da população mundial está capacitada com a enzima lactase, que quebra o principal açúcar do leite, a lactose, em partículas menores de forma a ser absorvida pelo intestino. E mesmo este terço da Humanidade pode perder a capacidade de digerir o leite a partir da primeira infância. É por isso natural que haja muita gente intolerante (total ou parcialmente) à lactose e que isso cause, por exemplo, mau estar abdominal ou enfartamento. "Os doentes queixam-se de flatulência e são logo medicados para isso sem que se faça um teste para apurar a intolerância", nota o gastroenterologista Fernando Ramalho, chefe de serviço do Hospital Santa Maria, em Lisboa. Esses testes fazem-se através de uma análise sanguínea ou respiratória, à medida que se vai ingerindo lactose e registando os valores da glicemia - se a enzima não existir, a concentração de glicose no sangue sobe.

A nutricionista Daniela Seabra retira o leite, e às vezes os laticínios, a quase todos os seus pacientes, especialmente se apresentam rinites, eczemas ou obstipação. E eles melhoram. "Mas, admito, a minha amostra é enviesada, porque praticamente só vejo população com queixas." No caso do iogurte, como está fermentado, não causa tanto desconforto, pois é como se já estivesse digerido. Aliás, os primeiros sinais de introdução de laticínios na alimentação humana datam do ano 5000 a.C., pouco tempo após terem ocorrido as últimas mutações genéticas da nossa espécie - precisamente no gene que dá a instrução para a produção da enzima lactase.

Nos anos 1970 foram descobertos recipientes pré-históricos com furos e suspeitava-se que poderiam ter servido para produzir queijo e iogurtes. A confirmação surgiu apenas em 2011, quando pormenorizadas análises químicas detetaram gorduras de leite nesses recipientes. É por isso que Mariana Diniz, professora do departamento de História da Universidade de Letras, afirma hoje sem receios: "Pelo menos desde o Neolítico que se consome leite e seus derivados, com vantagens para os povos que o faziam."

'O leite faz bem aos ossos ou aumenta o risco de fraturas?'

É difícil dizer onde ficamos. Apesar de, na nossa cabeça, a ideia de o leite ser essencial a uma boa formação óssea ecoe como um sound bite, e de, em 1993, ter sido criada a célebre campanha Got Milk? (em que dezenas de celebridades foram fotografadas com bigodes de leite, promovendo os seus benefícios para os ossos), um estudo sueco veio trocar-nos as voltas. A 28 de outubro do ano passado, os resultados de uma investigação que acompanhou mais de 60 mil mulheres durante 20 anos foram publicados no British Medical Journal, revelando que grandes consumos de leite conduziam a mais mortalidade e a um número maior de fraturas ósseas.

Os investigadores defendem que esses problemas estarão relacionados com a D-galactose, um dos açúcares desfeitos pela lactase, porque quando injetada em ratos ela provoca stresse oxidativo, inflamações crónicas, degeneração neurológica e resposta imunológica diminuída, com repercussões a nível do esqueleto.

Jorge Mineiro, presidente da Sociedade Portuguesa de Ortopedia, prefere atribuir à falta de sol na Suécia a culpa para o aumento da osteoporose nas mulheres estudadas. "Sem vitamina D, o cálcio não é metabolizado pelo organismo", explica. "Além disso, há outros fatores que influenciam o desenvolvimento dessa doença, como uma vida sedentária ou uma alimentação deficiente."

Na sua prática clínica, o ortopedista não alterou as recomendações, porque o leite ainda é uma boa aposta para suprir as necessidades diárias de cálcio (1 grama por dia até aos 50 anos e 1,2 para os mais velhos) - apenas avisa que beber um litro de leite é demais. "Em exagero tudo faz mal. Mas quem tolera, deve continuar a usufruir dessa possibilidade", defende.

'O leite está relacionado com uma maior incidência de cancro'

Todo este sururu à volta de se beber ou não beber leite se agudizou quando Harvard criou o Healthy Eating Plate, em 2011, à primeira vista abolindo os laticínios das recomendações para uma alimentação saudável. Mas, afinal, embora fora do prato, sugeria-se uma a duas doses diárias desse tipo de alimentos. É pouco menos do que recomenda a Direção-Geral de Saúde, no seu Plano Nacional Para Alimentação Saudável: duas a três porções diárias, de preferência com teores de gordura reduzidos. Pedro Graça, o nutricionista responsável por este plano, justifica-se: "São uma fonte de nutrientes barata, facilmente acessível, que faz parte da nossa tradição alimentar e permite a utilização de produtos de proximidade provenientes de produtores locais."

Mas as evidências são cada vez maiores e vários estudos já apresentaram conclusões em que grandes doses de leite, especialmente na sua versão gorda, podem contribuir para o aparecimento de cancro da próstata, colón, mama e ovário. Uma das explicações possíveis, defende o gastroenterologista Fernando Ramalho, é o facto de "as proteínas do leite, ao terem fatores de crescimento que alteram a proliferação celular, poderem levar ao aparecimento de mais células cancerígenas".

Por via das dúvidas, a publicitária Ana Vieira, 40 anos, cortou com os leites lá em casa. E só lhe custou, e ainda custa, resistir ao queijo. Sempre teve muitas alergias que se refletiam numa congestão nasal quase crónica. "Ao fim de um mês já sentia melhorias. Nunca mais fui à cama, nem sequer me constipo e as minhas enxaquecas diminuíram imenso", nota. Mas ainda ouve alguns amigos gozarem com a sua opção - "o teu problema é falta de um copinho de leite!"

A questão do cálcio deixa de ser uma questão para quem, como ela, mantém uma alimentação variada, com lugar para muitos vegetais de folha escura, leguminosas, algas, frutos secos e cereais. Quando pensa em prevaricar, por exemplo, porque lhe apetece um gelado, faz uma pergunta que a leva de novo ao seu mundo sem leite: "Prefiro estar cheia de alergias e dores de cabeça ou sentir-me bem?"

Mas para a pergunta de um milhão de dólares - devemos deixar todos de beber leite? - não há respostas tão lineares. Apesar de a intolerância à lactose chegar a atingir 70% da população nos países do Sul da Europa, quem for tolerante poderá continuar a bebê-lo, de preferência nas versões menos gordas, e nunca excedendo as duas ou três porções diárias. Assim ditam, até prova em contrário, a maioria dos especialistas.



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