Itália/Eleições: Esquerda italiana sem representação parlamentar pela primeira vez
Os principais partidos da esquerda italiana (socialistas e comunistas) ficam, pela primeira vez na história parlamentar do país, sem representação na Câmara dos Deputados e no Senado.
A coligação Esquerda Arco-Íris, que agrupa a Refundação Comunista (PRC), Comunistas de Itália (PCI), a corrente socialista Esquerda Democrática (SD) e os Verdes, não conseguiu alcançar o número mínimo para obter representação em nenhuma das Câmaras.
Na Câmara dos Deputados, segundo os resultados ainda não definitivos, não chegou aos 4 por cento necessários para obter representação, ficando-se nos 3,1 por cento, enquanto no Senado conseguiu 3,2 por cento, longe do mínimo de 8 por cento.
A Esquerda Arco-Íris foi criada em Dezembro para as eleições legislativas de domingo e segunda-feira, depois da ruptura da coligação de centro-esquerda "A União", liderada por Romano Prodi, que governou na recém terminada legislatura.
Nas eleições de 2006, a Refundação Comunista, incluída na "União", conquistou 41 deputados e 27 senadores, muito longe dos fracos resultados obtidos segunda-feira pela Esquerda Arco-Íris.
Este desastre nas urnas levou à demissão do líder da Esquerda Arco-Íris, o comunista Fausto Bertinotti, de 68 anos, que depois de mais de 40 dedicado à política anunciou, antes do final da contagem dos votos, que se retirava.
Ao comparecer perante os meios de comunicação, Bertinotti, presidente cessante da Câmara dos Deputados, admitiu a sua derrota e disse que era "de proporções imprevistas", ao mesmo tempo que instou a "um processo de renovação na esquerda italiana".
As explicações para a derrota da esquerda são tão variadas como as personalidades políticas que existem no país.
Enquanto o líder do PCI, Oliviero Diliberto, explicou pelo desaparecimento no símbolo da coligação da foice e do martelo, tradicionais símbolos do comunismo, o até agora porta-voz dos Verdes no Congresso, Angelo Bonelli, adiantou que não se soube comunicar bem a proposta política.
O porta-voz no Senado de Refundação Comunista, Giovanni Russo Spena, disse que a polarização da campanha eleitoral nos dois grandes partidos (o Povo da Liberdade de de Silvio Berlusconi, e o Partido Democrata de Walter Veltroni) "penalizou" as restantes formações.
No campo vencedor, o líder da direita italiana, Silvio Berlusconi, proclamou hoje à noite a sua vitória nas legislativas e anunciou que "meses difíceis" esperavam os italianos, durante uma emissão na cadeia de televisão Rai Uno.
"Sim. Nós ganhámos, e isso foi o que eu nunca deixei de dizer durante toda a campanha eleitoral", declarou Berlusconi, ao intervir em directo por telefone durante a emissão.
"Vou governar durante cinco anos", disse, anunciando "meses difíceis" que "exigirão uma grande coragem" por parte dos italianos.
Segundo as projecções dos institutos de sondagem a direita venceu confortavelmente as legislativas, obtendo a maioria absoluta no Senado e na Câmara dos Deputados.
Lusa