Zimbabué: Pelo menos 10 mortos e 400 militantes da oposição detidos desde eleições ge
Zimbabué: Pelo menos 10 mortos e 400 militantes da oposição detidos desde eleições gerais
20 de Abril de 2008, 15:09
Joanesburgo, 20 Abr (Lusa) - Pelo menos 10 pessoas foram mortas no Zimbabué e 400 militantes da oposição foram detidos desde as eleições gerais de 29 de Março, denunciou hoje a oposição que acusa o regime de estar em "guerra" contra a população.
"Está em curso uma guerra no Zimbabué, levada a cabo pelo regime (do Presidente Robert) Mugabe", afirmou, em conferência de imprensa, em Joanesburgo, África do Sul, o secretário-geral do Movimento para a Mudança Democrática (MDC), Tendai Biti.
"Dez pessoas foram mortas desde 29 de Março, 3.000 pessoas viram-se obrigadas a abandonar as suas casas, cerca de 400 militantes da oposição foram detidos, e mais de 500 pessoas foram hospitalizadas", denunciou Biti.
"É uma situação desesperada", adiantou, referindo ainda "centenas de casas incendiadas, um número indeterminado de pessoas em fuga e uma vontade deliberada de privar a população de alimentos".
Três semanas após as eleições gerais, o Zimbabué continua à espera, num clima de tensão, do resultado do escrutínio presidencial disputado por Robert Mugabe, 84 anos, que luta por um sexto mandato, e o líder do MDC, Morgan Tsvangirai, 56 anos.
O MDC convocou uma greve geral, iniciada na terça-feira passada para exigir a divulgação do resultado das eleições presidenciais, mas o partido no poder exigiu a recontagem parcial de votos, que está a realizar-se desde sábado em 23 das 210 circunscrições eleitorais.
A União Nacional Africana do Zimbabué - Frente Patriótica (ZANU-FP), no poder desde a independência do Zimbabué, em 1980, perdeu oficialmente as legislativas, mas a nova contagem pode permitir-lhe recuperar a maioria no Parlamento, onde apenas alcançou, segundo os dados eleitorais oficiais, 97 assentos contra 109 para o MDC.
A recontagem dos votos pode inverter o resultado das eleições legislativas. O partido ZANU-PF perdeu em 16 das circunscrições onde os votos estão a ser recontados, segundo a Comissão Eleitoral do Zimbabué.
De acordo com a estação de televisão britânica Sky News, a ZANU-PF só necessita de nove assentos para obter uma maioria no Parlamento.
A Sky News adianta haver uma forte preocupação no Ocidente e entre a oposição de que Mugabe esteja a viciar os resultados eleitorais, e que a situação possa resultar em violência nas ruas.
Segundo a mesma estação televisiva, o líder do MDC, Morgan Tsvangirai, acusado de traição pelo regime de Mugabe, afirmou em Joanesburgo, recear ser atacado ou preso se regressar ao Zimbabué.
Neste clima de tensão, o embaixador dos Estados Unidos no Zimbabué, James McGee afirmou ter recebido "informações confirmadas sobre ameaças, agressões, raptos, casas incendiadas e mesmo homicídios".
No sábado, a associação internacional de defesa dos Direitos Humanos Human Rights Watch denunciou a existência de "campos de tortura" criados pelo regime de Mugabe.
O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-Moon, está hoje a discutir no Gana, com dirigentes africanos, a crise no Zimbabué.
MV.
Fonte:Lusa/Fim