Marcha Marijuana: Apesar da proibição é fácil comprar drogas leves na capital
Marcha Marijuana: Apesar da proibição é fácil comprar drogas leves na capital
02 de Maio de 2008, 18:18
Lisboa, 02 Mai (Lusa) - Apesar da proibição não é difícil comprar drogas leves em Lisboa. Mas é dentro da rede de amigos que adolescentes e adultos encontram o seu "dealer", como a Lusa constatou através de alguns testemunhos.
"Compro [cannabis]através de um conhecido que um amigo meu me apresentou. Se fosse comprar na rua o mais provável era venderem-me outra porcaria qualquer ou ainda ser assaltado", afirmou à Lusa Luís Costa, 19 anos, estudante universitário.
Este jovem estudante explicou ainda que não tem "dificuldade em comprar ganza [cannabis]" porque os seus amigos também têm os seus próprios "dealers".
"Se eu não conseguir arranjar por mim, peço a amigos meus e eles compram por mim", disse Luís Costa, salientando que o consumo não o "afecta" no seu dia-a-dia, sendo apenas um modo de "curtir a vida".
"Eu estudo e não sinto nenhuma dificuldade a mais só por fumar uns 'charros' de vez em quando", adianta.
Para os mais velhos, o método de compra é similar, sendo sempre através de uma pessoa de confiança.
"É um amigo meu que me vende e às vezes alguém traz [droga] de alguma viagem e dividimos. Depende das alturas", disse António (nome fictício), consultor numa multinacional com 35 anos.
O consultor alerta para os locais "manhosos" onde os incautos tentam adquirir este tipo de drogas.
"Na Baixa [lisboeta] e no Bairro [Alto] há dezenas de 'vendedores' que abordam as pessoas para comprar 'haxixe' ou 'coca', mas isso não é haxixe. É uma porcaria qualquer. Eucalipto ou caldo knorr, não sei, mas basta queimar para ver a diferença", explicou.
As zonas de diversão nocturna que atraem mais gente e os locais turísticos são alvos preferenciais para estes supostos "dealers", que aproveitando a "ingenuidade" de alguns turistas e menos conhecedores, vendem algo semelhante ao 'haxixe'.
Mas nas zonas mais remotas do Bairro Alto, ainda existe quem venda droga "a sério".
José, nome fictício, acedeu falar com a Lusa e explicar como funciona o seu negócio.
"Estou umas horinhas pelo Bairro [Alto] porque tenho alguns conhecidos que sabem onde me encontrar e o resto telefona-me e combinamos em sítios mais calmos", explica à Lusa, José.
"A erva vendo a 18 euros por um saquinho com 3 gramas [seis euros cada], dependendo da qualidade, a bolota [haxixe] são 25 [euros], mas depende sempre do tamanho e da qualidade", disse.
Segundo José, o polén é o mais procurado pela maioria por "ser mais barato", vendendo normalmente para pessoas que já conhece, que muitas vezes "compram para os amigos".
José afirma viver "do negócio" mas que não ganha nenhum "balúrdio".
"Dá para viver à vontade, mas não ando para aí a comprar carros, casas e sei lá mais o quê. Isso é para aqueles que arranjam muita droga e é tipo cocainas, heroinas e por aí fora", conta.
Quanto aos seus "clientes", José conta que é frequente vender para os "amigos dos amigos".
"Muitas vezes vêm ter comigo para comprar para os amigos, que têm medo ser enganados por esses gajos que andam aí pelas esquinas. Pá, se as pessoas pensassem percebiam que se esses 'gajos' vendessem mesmo, já tinham sido 'agarrados' [presos]", explica.
Estes supostos "dealers" podem ser encontrados nas zonas ao ar livre de maior movimento, como a baixa lisboeta ou Belém, durante o dia, assim como nas zonas de diversão nocturna como Bairro Alto, Santos, Cais do Sodré ou o Parque das Nações.
"Hax? Coca? Podes experimentar" é a frase mais ouvida por estes supostos "dealers", que, como não é droga que vendem, podem continuar o negócio sem problemas.
A partir da planta Cannabis Sativa fabrica-se, entre outras substâncias ilegais, o haxixe (que resulta da meceração do polén e das flores da planta) e a marijuana, também conhecida no Brasil como maconha.
Este sábado realiza-se a 3ª edição da "Marcha Global da Marijuana", uma iniciativa "apartidária, pacífica, sem fins lucrativos", em, pelo menos, 222 cidades do mundo em simultâneo, entre as quais Lisboa, Porto e Coimbra.
NYM.
Fonte:Lusa/Fim.