Protestos esperam por Sócrates à porta de festa do PS no Porto
Não é uma nova manifestação organizada e nem sequer foi convocada pelos sindicatos. É uma concentração espontânea de professores que levará os protestos da classe ao primeiro-ministro e líder socialista, José Sócrates, que hoje, no Porto, procura mobilizar o partido e o país para o próximo ciclo eleitoral. A luta dos docentes ficará, contudo, à porta do Pavilhão do Académico. Lá dentro, os cerca de sete mil militantes esperados deverão ouvir apenas um balanço positivo dos últimos três anos de governação. A Oposição, por sua vez, espera medidas concretas para um distrito a braços com a pobreza.
Nas últimas duas semanas, desde que foi anunciado no comício no Porto, os socialistas têm-se desdobrado em garantias de que a iniciativa não visa ultrapassar a "onda" de protestos dos professores, que tem atravessado todo país, fundamentalmente contra o novo sistema de avaliações. Mas vozes internas, como as de Medeiros Ferreira e Manuel Alegre, não deixaram de fazer e de criticar essa associação.
"O objectivo sempre foi assinalar os três anos de governação", garantem vários dirigentes socialistas. É isso que o PS tenciona fazer hoje. Ignorar os protestos dos professores, que estão a ser convocados por mensagens de telemóvel, e mobilizar os militantes para o ciclo eleitoral de 2009, em que o principal objectivo é a manutenção da maioria absoluta.
Protestos só nas ruas
Daí que, os discursos do líder distrital do Porto e do secretário-geral do partido sejam marcados pelo lado positivo da governação. "Não falarei dos protestos de rua nem nos actos eleitorais. Procurarei mobilizar o país, o partido e o distrito, para os desafios que aí vêm", adianta Renato Sampaio.
Sócrates seguirá a linha dos últimos dias e falará das marcas da governação, como o crescimento económico sustentado e a consolidação das contas públicas, apesar da crise internacional e da instabilidade nos mercados. E destacará como bandeira do Governo as reformas na Segurança Social, Educação, Saúde, bem como as medidas de apoio à natalidade e à terceira idade, como o complemento social para idosos.
O líder do PS/Porto, por sua vez, fará um discurso de "apoio ao Governo e de regozijo" pelo seu "ímpeto reformista", assim como de "imagem positiva" da situação do distrito. "Está a começar a dar sinais de recuperação", acredita Renato Sampaio.
Menezes com autarcas
"No plano nacional, este comício é um acto de desespero do PS e, no plano regional, é um embuste, dado os resultados catastróficos que a governação socialista tem tido na região", diz o líder do PSD/Porto, Marco António Costa.
"Espero que sirva para o Governo reflectir sobre o que não fez, nos últimos três anos, no distrito", refere o líder do CDS/Porto, Álvaro Castello-Branco. "Só faz sentido se for para apresentar propostas concretas para o distrito, caso contrário será um ritual de adoração do líder e uma manifestação de arrogância", anui o bloquista João Teixeira Lopes.
Embora o PCP se tenha demarcado, ontem, da concentração de professores, o deputado Honório Novo ataca "O PS pode realizar as manifestações que quiser, só espero é que todos o possam fazer sem intimidações".
À hora da festa de Sócrates, o líder do PSD, Luís Filipe Menezes, estará em Santa Maria da Feira, com perto de mil presidentes de Junta do partido, para falar da transferência de competências, na lei eleitoral e na estratégia das autárquicas. Já o presidente do CDS, Paulo Portas, visitará o comando distrital da PSP de Faro.
"JN"