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GF Platina
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A Psicologia por trás da corrida por papel higiénico por causa do Coronavírus
O clima no supermercado de Londres está diferente.
É noite de segunda-feira, dia 9 de Março, e o local está cheio, com filas gigantes incomuns e pessoas agitadas enchendo suas cestas de produtos. O corredor onde ficam produtos de limpeza, incluindo papel higiénico, está praticamente vazio. Massas, óleo, comidas enlatadas e água sanitária também estão sumindo das prateleiras. Não há notícias, contudo, de que o Reino Unido esteja sofrendo de falta de abastecimento. Mas muitas pessoas aderiram à corrida por papel higiénico e por outros produtos que podem compor um "bunker de sobrevivência" antecipando possíveis medidas extremas de isolamento pelo novo coronavírus, algo ainda não anunciado por autoridades. É o chamado "panic buying", ou as compras motivadas pelo pânico.
Em 11 de Março, foi registado no Reino Unido, 460 casos de coronavírus confirmados, com 8 mortes registadas. O governo já anunciou que o número de casos vai subir rapidamente nas próximas duas semanas e que deve começar a orientar pessoas com sintomas de gripe a se auto-isolar por 10 a 14 dias. No entanto, uma quarentena como a que foi imposta a todos os cidadãos na Itália ainda não foi anunciada por autoridades do Reino Unido, e o governo disse que não há necessidade de armazenar produtos. "É muito importante que as pessoas tenham um comportamento responsável e pensem nas outras", disse o Primeiro-Ministro Boris Johnson.
Mesmo assim, imagens de pessoas comprando papel higiénico e outros produtos, têm sido popularizado nas redes sociais. E não só no Reino Unido. Em Singapura, houve aumento na demanda por arroz e massa; em Auckland, na Nova Zelândia, gastos no supermercado subiram 40% no dia seguinte à confirmação do primeiro caso do novo coronavírus no país.
Na Austrália, duas mulheres lutaram por causa de rolos de papel higiénico.
[video=youtube;0W0GqHg52zY]https://www.youtube.com/watch?v=0W0GqHg52zY[/video]
Por causa do medo de uma epidemia, o Primeiro-Ministro da Austrália, Scott Morrison, pediu calma a população. Na Austrália, as pessoas gravam vídeos mostrando prateleiras vazias, dos enlatados à água engarrafada. Alguns supermercados estão racionalizando produtos, limitando a quantidade de compra dos consumidores. A lista continua com casos semelhantes em outros países. No Reino Unido, alguns supermercados restringiram as vendas de alimentos essenciais para regularizar o fluxo de suprimentos. Uma rede limitou em até cinco as compras de itens como massa, leite e legumes enlatados.
Tony Richards, director de operações da empresa "Essity", que produz papel higiénico e domina quase um terço desse mercado no Reino Unido, disse à BBC News que 63 milhões de rolos foram vendidos nas últimas duas semanas. Em comparação, 24 milhões foram vendidos no mesmo período em 2019. "Não entrem em pânico, pensem em toda a comunidade. Nós conseguimos levar papel higiénico para as prateleiras, só precisamos de tempo", afirmou Richards.
BBC News
[h=2]Simbologia do papel higiénico[/h]Autor do livro "A Psicologia de Pandemias", lançado três semanas antes do início do surto do coronavírus na China, Steven Taylor diz que compras motivadas pelo pânico aconteceram em outras pandemias também, mas foram pouco documentadas. Segundo ele, durante a Gripe Espanhola, em 1918, as pessoas esvaziaram prateleiras de Vick Vaporub, nome comercial da pomada criada para desobstruir as vias aéreas durante gripes e resfriados. A empresa produtora da pomada até fez uma série de propaganda especiais relacionadas à pandemia.
Dessa vez, além do álcool em gel, as fotos que se tornaram populares são de pessoas armazenando papel higiénico. Taylor tem uma teoria: "O papel higiénico virou um símbolo de segurança, embora não vá impedir que as pessoas sejam infectadas pelo vírus. Mas quando as pessoas ficam sensíveis a infecções, aumenta a sensibilidade delas para o que é nojento. É um mecanismo para nos proteger de patógenos". Para ele, o papel higiénico é visto então, como um instrumento para evitar coisas nojentas e vira um símbolo de segurança. Observa que as pessoas fazendo compras motivadas pelo pânico são geralmente ansiosas. E que essa pandemia é uma pandemia das redes sociais.
"A diferença fundamental dessa pandemia para outras são as redes sociais e nossa interconexão. As pessoas são expostas a vários materiais, inclusive fotos e textos dramáticos. É uma 'infodemia'", afirma. "E o que viraliza são as imagens de corredores e prateleiras vazios, não de pessoas fazendo compras normalmente, como é a maioria dos casos. E por causa da conexão entre as pessoas pelo mundo inteiro, se houver qualquer orientação oficial para que a população armazena produtos em determinado país, essa informação pode viajar para outros locais e estimular as compras mesmo onde não houver necessidade semelhante, inflamando artificialmente a sensação de ameaça”.
O clima no supermercado de Londres está diferente.
É noite de segunda-feira, dia 9 de Março, e o local está cheio, com filas gigantes incomuns e pessoas agitadas enchendo suas cestas de produtos. O corredor onde ficam produtos de limpeza, incluindo papel higiénico, está praticamente vazio. Massas, óleo, comidas enlatadas e água sanitária também estão sumindo das prateleiras. Não há notícias, contudo, de que o Reino Unido esteja sofrendo de falta de abastecimento. Mas muitas pessoas aderiram à corrida por papel higiénico e por outros produtos que podem compor um "bunker de sobrevivência" antecipando possíveis medidas extremas de isolamento pelo novo coronavírus, algo ainda não anunciado por autoridades. É o chamado "panic buying", ou as compras motivadas pelo pânico.
Em 11 de Março, foi registado no Reino Unido, 460 casos de coronavírus confirmados, com 8 mortes registadas. O governo já anunciou que o número de casos vai subir rapidamente nas próximas duas semanas e que deve começar a orientar pessoas com sintomas de gripe a se auto-isolar por 10 a 14 dias. No entanto, uma quarentena como a que foi imposta a todos os cidadãos na Itália ainda não foi anunciada por autoridades do Reino Unido, e o governo disse que não há necessidade de armazenar produtos. "É muito importante que as pessoas tenham um comportamento responsável e pensem nas outras", disse o Primeiro-Ministro Boris Johnson.
Mesmo assim, imagens de pessoas comprando papel higiénico e outros produtos, têm sido popularizado nas redes sociais. E não só no Reino Unido. Em Singapura, houve aumento na demanda por arroz e massa; em Auckland, na Nova Zelândia, gastos no supermercado subiram 40% no dia seguinte à confirmação do primeiro caso do novo coronavírus no país.
Na Austrália, duas mulheres lutaram por causa de rolos de papel higiénico.
[video=youtube;0W0GqHg52zY]https://www.youtube.com/watch?v=0W0GqHg52zY[/video]
Por causa do medo de uma epidemia, o Primeiro-Ministro da Austrália, Scott Morrison, pediu calma a população. Na Austrália, as pessoas gravam vídeos mostrando prateleiras vazias, dos enlatados à água engarrafada. Alguns supermercados estão racionalizando produtos, limitando a quantidade de compra dos consumidores. A lista continua com casos semelhantes em outros países. No Reino Unido, alguns supermercados restringiram as vendas de alimentos essenciais para regularizar o fluxo de suprimentos. Uma rede limitou em até cinco as compras de itens como massa, leite e legumes enlatados.
Tony Richards, director de operações da empresa "Essity", que produz papel higiénico e domina quase um terço desse mercado no Reino Unido, disse à BBC News que 63 milhões de rolos foram vendidos nas últimas duas semanas. Em comparação, 24 milhões foram vendidos no mesmo período em 2019. "Não entrem em pânico, pensem em toda a comunidade. Nós conseguimos levar papel higiénico para as prateleiras, só precisamos de tempo", afirmou Richards.
BBC News
[h=2]Simbologia do papel higiénico[/h]Autor do livro "A Psicologia de Pandemias", lançado três semanas antes do início do surto do coronavírus na China, Steven Taylor diz que compras motivadas pelo pânico aconteceram em outras pandemias também, mas foram pouco documentadas. Segundo ele, durante a Gripe Espanhola, em 1918, as pessoas esvaziaram prateleiras de Vick Vaporub, nome comercial da pomada criada para desobstruir as vias aéreas durante gripes e resfriados. A empresa produtora da pomada até fez uma série de propaganda especiais relacionadas à pandemia.
Dessa vez, além do álcool em gel, as fotos que se tornaram populares são de pessoas armazenando papel higiénico. Taylor tem uma teoria: "O papel higiénico virou um símbolo de segurança, embora não vá impedir que as pessoas sejam infectadas pelo vírus. Mas quando as pessoas ficam sensíveis a infecções, aumenta a sensibilidade delas para o que é nojento. É um mecanismo para nos proteger de patógenos". Para ele, o papel higiénico é visto então, como um instrumento para evitar coisas nojentas e vira um símbolo de segurança. Observa que as pessoas fazendo compras motivadas pelo pânico são geralmente ansiosas. E que essa pandemia é uma pandemia das redes sociais.
"A diferença fundamental dessa pandemia para outras são as redes sociais e nossa interconexão. As pessoas são expostas a vários materiais, inclusive fotos e textos dramáticos. É uma 'infodemia'", afirma. "E o que viraliza são as imagens de corredores e prateleiras vazios, não de pessoas fazendo compras normalmente, como é a maioria dos casos. E por causa da conexão entre as pessoas pelo mundo inteiro, se houver qualquer orientação oficial para que a população armazena produtos em determinado país, essa informação pode viajar para outros locais e estimular as compras mesmo onde não houver necessidade semelhante, inflamando artificialmente a sensação de ameaça”.