Sobe número de mortos em Gaza
Sobe número de mortos em Gaza
Responsável fala em situação "dramática"
ofensiva terrestre israelita contra a Faixa de Gaza já causou a morte a pelo menos 35 palestinianos e provocou ferimentos em mais de 140. Um pouco por todo o mundo sucedem-se os apelos a um cessar-fogo das duas partes.
O vice-ministro da Saúde do Hamas, Hassan Yalaf, adiantou que grande parte das vítimas são civis, uma vez que 'Israel está a disparar contra habitações e mercados'. O mesmo responsável alertou para a situação 'dramática' que se vive na Faixa de Gaza, onde falta a luz eléctrica há mais de 48 horas e os medicamentos e pessoal para fazer frente à 'emergência médica' são cada vez mais escassos. 'Estamos há dois dias a funcionar com geradores, que podem parar a qualquer momento, porque não temos reservas de combustível', sublinhou.
Hassan apelou à comunidade internacional para pressionar Israel a 'parar com a matança de civis', acusando Telavive de 'estar a violar todos os Direitos Humanos dos palestinianos'.
As ruas da capital Gaza estão desertas, com dezenas de edifícios destruídos pelos sucessivos bombardeamentos israelitas. A sede do parlamento do Hamas está por esta altura reduzida a escombros.
Dezenas de blindados e unidades da infantaria israelitas estão concentrados à entrada da cidade de Gaza, onde enfrentam ataques de militantes do Hamas, que disparam morteiros e obuses. Este tipo de ataque já causou a morte de um soldado israelita.
Entretanto, o Hamas já pediu um diálogo interpalestiniano "sem condições" para pôr fim à "agressão" israelita. De acordo com um dos dirigentes do Hamas, Mohammed Nazzal, o movimento está "disposto a um encontro deste género, não importa em que lugar e sem condições".
PORTUGAL PEDE CONTENÇÃO
Portugal volta a apelar à contenção das partes em conflito e defendeu um cessar-fogo que ponha fim ao conflito e ao agravamento da situação humanitária.
Segundo o comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros, "o Governo português continua a acompanhar com a maior preocupação a situação no Médio Oriente", particularmente "a campanha militar terrestre iniciada em Gaza".
Portugal reafirma o seu apoio "às iniciativas diplomáticas em curso que visam interromper o presente ciclo de violência, limitar os riscos de alastramento da crise e salvaguardar o bem-estar das populações civis".
ISRAEL NÃO ESTÁ A COMBATER POVO PALESTINIANO
Na abertura da reunião semanal do Governo israelita, o primeiro-ministro Ehud Olmert sublinhou que a ofensiva terrestre era “inevitável”. “É inconcebível um país responsável e determinado, a sua frente seja alvo de ataques sem que o seu Exército o proteja”.
Enviando uma mensagem para os familiares dos militares, Olmert sustentou: “Hoje posso olhar cada um de vós nos olhos e dizer que o Governo fez tudo o que era possível antes de se decidir por uma ofensiva terrestre. Era inevitável”.
O primeiro-ministro israelita alertou que a operação “será prolongada e intensificada se necessário”. No entanto, Olmert assegurou que “Israel não está a combater o povo palestiniano em Gaza”. Eles não são nossos inimigos. Também são vítimas da violência e da opressão mortífera da mesma organização terrorista”, disse.
O governante garantiu ainda que o seu país “não vai permitir uma crise humanitária na Faixa de Gaza” e que vai “ajudar a encaminhar alimentos e medicamentos”.
TRINTA MILITARES FERIDOS
Israel já admitiu que trinta dos seus soldados ficaram feridos desde o início da ofensiva terrestre, mas negou que algum deles tenha morrido.
“Trinta militares foram feridos, dos quais dois, um oficial e um soldado, foram gravemente atingidos”, disse um porta-voz israelita, frisando que nenhum morreu.
O Hamas tinha anunciado que nove militares israelitas tinham sido mortos, quatro confirmados no terreno e cinco deduzidos pela intercepção de comunicações por rádio entre tropas israelitas.
O porta-voz israelita disse ainda que “oito ‘rockets’ de pequena dimensão e sete obuses de morteiro foram lançados desde o início da operação terrestre em direcção a Israel, sem fazerem vítimas”.
O Exército israelita afirmou ter “matado ou ferido várias dezenas” de combatentes palestinianos”, mas o Hamas ainda não forneceu o número de vítimas.
EUA IMPEDEM DECLARAÇÃO DA ONU
Os EUA impediram na noite de sábado uma declaração do Conselho de Segurança da ONU sobre a incursão terrestre de tropas israelitas da Faixa de Gaza.
A declaração, proposta pela Líbia, visava apelar por igual a Israel e ao Hamas para cessarem as operações militares. No entanto, o embaixador norte-americano, Alejandro Wolff, lembrou que o Conselho de Segurança não conseguiu, na semana passada, que o Hamas correspondesse ao apelo do fim imediato da violência.
Wolff sustentou que a repetição do apelo não tinha garantias de êxito, o que não daria credibilidade ao Conselho.
CE APELA CUMPRIMENTO DO DIREITO HUMANITÁRIO
A Comissão Europeia (CE) apelou a Israel para que cumpra as suas obrigações internacionais e garanta um “espaço humanitário” para a distribuição de ajuda na Faixa de Gaza”.
“Impedir o acesso a pessoas que sofrem e morrem é uma violação do direito humanitário internacional”, disse o comissário europeu para o Desenvolvimento e Ajuda Humanitária, Louis Michel.
“Apelo às autoridades israelitas para que respeitam as suas obrigações internacionais e garantam um espaço humanitário para o fornecimento de socorro vital”, adiantou.
“Um milhão e meio de pessoas estão encurraladas num território que tem pouco mais de um por cento da superfície da Bélgica. Eles dependem de mantimentos externos para sobreviver e a sua situação é cada dia mais desesperada”, advertiu Michel.
BROWN CONSIDERA “MOMENTO MUITO PERIGOSO”
O primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, considerou a ofensiva terrestre de Israel sobre a Faixa de Gaza como um “momento muito perigoso”, tendo pedido um cessar-fogo imediato.
“Posso ver os problemas que se põem em gaza para os palestinianos, que precisamd e ajuda humanitária, mas os israelitas têm de receber garantias de que o país não volta a ser atacado por ‘rockets’”, disse Brown.
O primeiro-ministro britânico acrescentou que o cessar-fogo deve incluir não só o fim do lançamento de ‘rockets’ para Israel, mas também uma solução para o problema do tráfico de armas para Gaza e a abertura das fronteiras.
PAPA DENUNCIA “NOTÍCIAS DRAMÁTICAS”
O Papa Bento XVI denunciou “as notícias dramáticas que chegam de Gaza” e lamentou que a recusa de diálogo resulte em situações que afligem “de forma indizível as populações mais uma vez vítimas do ódio e da guerra”.
Na missa de domingo, na Praça de São Pedro, Bento XVI apelou aos responsáveis do dois lado do conflito para uma “acção imediata que ponha fim à actual trágica situação” e sublinhou que “a guerra e o ódio não são solução para os problemas”.
RÚSSIA ENVIA OBSERVADOR PARA O TERRENO
A Rússia decidiu enviar um embaixador especial para a região para analisar a situação no terreno. Alexandr Saltanov ficará encarregue de estabelecer contactos em Israel, nos territórios palestinianos e na Síria.
TURQUIA CONSIDERA OFENSIVA "INACEITÁVEL"
A Turquia já considerou a ofensiva israelita como "inaceitável" e instou o Conselho de Segurança da ONU a tomar uma iniciativa de imediato.
Apesar das relações amistosas com o Governo de Telavive, Istambul condenou a operação na Faixa de Gaza e mostrou-se bastante preocupado com o agravamento da situação.
IRÃO DEFENDE CORTE DE EXPORTAÇÕES DE PETRÓLEO
Um comandante militar iraniano apelou aos países islâmicos para cortarem as exportações de petróleo aos países apoiantes de Israel em todo o mundo. A medida é vista como forma de pressão para pôr fim a uma guerra que o Irão considera "desigual".
O Irão é o quarto maior exportador de petróleo do mundo e um membro da Organização dos Países Produtores de Petróleo (OPEP).
Fonte:
C M