Superleague Fórmula começa este fim-de-semana
Pontapé de saída
A "Fórmula Futebol" tem início no próximo fim-de-semana, em Donington Park, com a primeira ronda da Superleague Formula, com o objectivo de trazer os aficionados do futebol às pistas de automóveis, para apoiar a sua equipa favorita. A representação nacional é assegurada pelo Futebol Clube do Porto
Vai nascer mais um campeonato de monolugares, desta vez tendo outro desporto como tema. A Superleague Formula propõe a fusão da adrenalina do desporto automóvel ao apoio incondicional dos fãs do futebol às suas equipas, juntando na mesma pista alguns dos melhores clubes do mundo, a exemplo da Liga dos Campeões.
A ideia de criar uma "Fórmula Futebol" não é nova, pois já tinha sido proposta pela abortada Premier 1 Grand Prix, mas os mentores da Superleague, os empresários Robin Webb e Alex Andreu, acreditam que têm os ingredientes necessários para suceder onde os seus antecessores falharam. De acordo com Webb, "a pesquisa feita para a Superleague foi multiplicada por dez", um sentimento elaborado por Andreu: "Investigámos dez clubes de futebol e os seus apoiantes em cinco países, detectámos um elevado interesse e emoção que nos convenceu que os fãs das equipas iriam seguir o produto que nós oferecíamos. Os clubes também estarão envolvidos em vão auxiliar-nos na promoção do campeonato".
Esta competição pretende juntar 20 clubes em pista, se bem que, a uma semana da primeira prova, apenas estão confirmados 17, ainda assim oriundos de vários continentes, incluindo duas equipas asiáticas e duas sul-americanas, lado a lado com várias formações históricas europeias, desde o Liverpool ao AC Milan, passando pelo Anderlecht e PSV Eindhoven, mas com o interesse nacional a fixar-se no único clube português inscrito, o Futebol Clube do Porto.
Cada jornada é composta com duas corridas de 50 minutos por cada fim-de-semana, e grelhas completamente invertidas, com o último classificado na primeira corrida a partir da pole-position para a segunda. Todos os carros presentes à partida terão direito a pontuar, mas a organização ainda não divulgou o esquema exacto de pontos. A qualificação será decidida por eliminatórias, com os carros divididos em dois grupos e os quatro melhores de cada grupo a disputarem uma eliminatória, seguindo-se uma meia-final de onde sairão os dois melhores que decidirão a pole-position.
Para a primeira temporada, a Superleague Formula terá apenas seis jornadas, mas a Superleague Formula tem um plano de crescimento a cinco anos, que até 2012 deverá ver o campeonato crescer para 17 provas, quatro das quais serão disputadas fora da Europa. Webb e Andreu querem adicionar três provas por ano ao calendário até atingir o número final, enquanto o número de carros deverá chegar até aos 26.
Incentivos monetários
Devido aos altos custos de participação normalmente associados ao desporto automóvel, seria de esperar que as equipas de futebol não estivessem interessadas em aplicar os seus recursos financeiros num desporto sobre o qual têm pouca experiência. Andreu e Webb resolveram esse problema ao não exigir nem um cêntimo às equipas de futebol: "Todos os custos são pagos pela Superleague. Temos um grupo forte de investidores que acreditam no sucesso do conceito. Quanto aos lucros, serão divididos pela Superleague, pelos clubes de futebol e pelas equipas de desporto automóvel envolvidas". De acordo com os organizadores, a bolsa de prémios para cada jornada do calendário será de um milhão de euros.
A fim de cuidar de cada carro, a Superleague Formula garantiu a presença de várias equipas com experiência em campeonatos de gabarito internacional. Entre os nomes mais conhecidos, destacam-se a Fisichella Motor Sport (AS Roma), Zakspeed (Borussia Dortmund e Beijing Guoan) e Scuderia Playteam (AC Milan e Galatasaray), que têm sido os mais rápidos nos teste. O carro do FC Porto será preparado pelo Team West-Tec, equipa britânica que participa no Campeonato Espanhol de Fórmula 3.
Os pilotos seleccionados pelas equipas e organização têm quase todos experiência nas categorias mais rápidas de monolugares, como Robert Doornbos, ex-piloto da Minardi e da Red Bull na F1, pilotos actualmente na GP2, como Ho-Pin Tung e Andreas Zuber, e pilotos com experiência de A1GP, como Enrico Toccacello e Tuka Rocha.
Técnica especializada
Tal como a GP2, a extinta Champ Car World Series e o A1 Grand Prix, a Superleague Formula será uma competição monomarca, com todas as equipas a usarem os mesmos chassis, motores e pneus. O carro é fornecido pela Elan Motorsport Technologies, divisão do Grupo Panoz, que conta no seu currículo com a vitória nas 500 Milhas de Indianapolis em 2003, 2004 e nas 24 Horas de Le Mans e 12 Horas de Sebring (classe GT2) em 2006. O chassis da Superleague, um descendente do projecto que deu origem ao último carro usado na Champ Car, foi desenhado por Nick Alcock, possui uma carroçaria em fibra de carbono e calça pneus "slick" da Michelin. O peso total do carro é 675 kg sem piloto.
Quanto ao motor, é construído pela Menard Competition Technologies, firma de engenharia sedeada no Reino Unido, com três décadas de experiência na concepção de propulsores de competição (com títulos nas 24 Horas de Le Mans, com a Jaguar, e no BTCC, com a Volvo). A MCT criou um propulsor V12, com cilindrada de 4,2 litros e potência de 750 cv, mais potente que qualquer outro campeonato de monolugares, com excepção da Fórmula 1. O motor V12 está acoplado a uma caixa de seis velocidades da Xtrac, com comando sequencial no volante.
Paulo Manuel Costa