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Irão executa em público preso condenado por violar duas mulheres
O Irão executou hoje em público um preso condenado por violar duas mulheres, no mais recente caso de enforcamento público na República Islâmica, anunciou o poder judicial iraniano.
O enforcamento aconteceu hoje na cidade de Bastam, localizada na província de Semnan, no norte do Irão.
A pena foi aplicada após o preso ter "cometido o horrendo crime de violação e coação contra duas mulheres", segundo afirmou o chefe do poder judicial da província de Semnan, Mohammad Akbari, de acordo com a agência Mizan.
A mesma fonte sublinhou que a execução foi realizada após cumpridas todas as etapas legais.
A Amnistia Internacional apontou em meados de outubr, que mais de 1.000 pessoas foram executadas no Irão nos primeiros nove meses de 2025, o número mais alto a ser documentado em quinze anos.
Cerca de metade das execuções está ligada a crimes relacionados com droga, 43% a homicídios, 3% a crimes de segurança, outros 3% a violações e 1% a espionagem para Israel.
Apenas 11% do total dos crimes foram anunciados por fontes oficiais.
A Amnistia Internacional denunciou que "as autoridades iranianas têm aumentado o uso da pena de morte para atemorizar a população, reprimir a dissidência e castigar comunidades marginalizadas".
Este ano as execuções atingiram "números nunca vistos no Irão desde 1989", afirmou o grupo internacional de direitos humanos.
O Irão tem sido um dos principais países a aplicar a pena de morte, com 972 execuções registadas em 2024, mais 119 do que em 2023, segundo a Amnistia Internacional.
A República Islâmica do Irão é um dos poucos países onde se realizam ocasionalmente execuções públicas, com 88 casos entre 2011 e 2024, segundo uma investigação do jornal iraniano Shargh.
A identidade do executado não foi tornada pública.
Exceções na censura à Internet para VIPs despertam polémica no Irão
Uma atualização da rede social X reacendeu hoje no Irão a polémica sobre as restrições no uso da Internet impostas à população, ao expôr o acesso livre de muitos políticos, funcionários do Estado e jornalistas.
As autoridades de Teerão instituíram o uso de VPN (Virtual Private Network, um protocolo eletrónico de segurança) para se poder utilizar as plataformas X, Instagram, Telegram, entre outras, mas uma nova função do X identifica de que país o utilizador está a aceder, pondo a nu que a censura não é aplicada a certas pessoas, que recorrem a cartões SIM (cartões com chip) 'brancos' ou desbloqueados, sem quaisquer restrições.
O ministro dos Negócios Estrangeiros, Abbas Araqchi, a porta-voz do governo, Fatemeh Mohajerani, e vários deputados conservadores que defenderam aquele tipo de censura foram agora expostos às próprias contradições por terem dito que também usavam as VPN.
"Uso VPN como todos e o meu filho a minha nora ajudam-me na configuração", declarou Mohajerani em 2024, quando questionado sobre a censura sobre as redes sociais em vigor na República Islâmica do Irão, cujo fim tinha sido prometido na campanha eleitoral pelo presidente, Masud Pezeshkian.
A Malásia poderá proibir o acesso às redes sociais a menores de 16 anos a partir do próximo ano, de acordo com uma proposta apresentada pelo Governo com base no exemplo da Austrália.
Entretanto, foram alteradas as configurações de várias contas de personalidades ligadas ao regime teocrático iraniano.
"Enquanto cidadão comum luta pelo seu direito ao livre acesso à informação e à liberdade de expressão, há este grupo privilegiado que beneficia de um acesso exclusivo à informação", contestou o ativista e antigo preso político Hossein na rede social Telegram.
O chefe do Departamento de Informação do governo iraniano, Ali Ahmadnia, anunciou depois no X que a administração vai rever atribuição dos 'cartões brancos' que foram distribuídos, sugerindo que foi algo da responsabilidade de outros executivos e afirmou que já pediu a publicação da lista das pessoas que tem aquela ferramenta.
A aplicação Snapchat vai impor a verificação de idade aos utilizadores australianos, informou hoje um porta-voz da empresa, antes da entrada em vigor da lei que proíbe menores de 16 anos de aceder às redes sociais na Austrália.
Segundo dados da Companhia de Telecomunicações do Irão, cerca de 80% dos utilizadores iranianos da Internet consultam páginas e redes sociais através da VPN, portanto, com as restrições associadas.
Apesar da promessa de Pedestriana levantar essa censura, em 16 meses de mandato as aplicações continuam bloqueadas no Irão, exceto a rede social WhatsApp e a plataforma de aplicações digitais Google Play.
Homem executado em público no Irão por assassinar a mulher em 2020
Um homem foi hoje executado em público na cidade iraniana de Senman (norte) por ter assassinado a própria mulher em 2020, após a sentença de pena capital ter sido ratificada pelo Supremo Tribunal.
O réu foi considerado culpado de asfixiar a vítima e de ter tentado encobrir a morte como se tivesse sido natural, segundo o portal de notícias iraniano Mizan, onde se lê que as perícias forenses provaram as suspeitas.
"Após a investigação, as provas documentais reunidas e a análise aprofundada do caso permitiram ao tribunal de Semnan declarar culpado o acusado e emitir a sentença correspondente", afirmou o responsável judicial local, Ualmuslimin Akbari, referindo-se à pena de morte.
No Irão, a pena capital é executada por enforcamento, normalmente nas prisões, mas em determinadas ocasiões o ato é público.
Aquele país do Médio Oriente é o segundo do Mundo onde mais se pratica a pena de morte, a seguir à China, segundo diversas organizações não-governamentais, designadamente a Amnistia Internacional.
Foi forçada a casar aos 12 e matou marido violento. Agora, será executada
Especialistas em direitos humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) apelaram hoje ao Irão para que suspenda a execução de uma jovem de 25 anos, forçada a casar aos 12, que foi acusada de ter matado o seu marido, violento.
Goli Kouhkan, pertencente à minoria balúchi e sem documentação, deverá ser executada este mês, indicaram oito especialistas da ONU em comunicado, entre os quais se incluem três relatores especiais e membros do Grupo de Trabalho sobre a Discriminação contra Mulheres e Raparigas.
O seu caso "ilustra o preconceito generalizado de género no sistema penal iraniano, que enfrentam as mulheres que foram vítimas de casamentos infantis e de violência doméstica", afirmam os especialistas, no comunicado divulgado na terça-feira.
Segundo os especialistas da ONU, executar esta jovem "constitui uma grave violação do direito internacional dos direitos humanos".
Casada à força aos 12 anos com o seu primo, Goli Kouhkan deu à luz o seu filho aos 13 anos, em casa e sem assistência médica, de acordo com a nota, o que indica que esta trabalhadora agrícola sofreu violência física e psicológica durante vários anos.
Em maio de 2018, quando tinha 18 anos, "o marido bateu-lhe, assim como ao filho de cinco anos. Depois de ligar a um familiar para pedir ajuda, eclodiu uma altercação, que resultou na morte do marido", refere o comunicado.
"Goli Kouhkan é uma sobrevivente de violência doméstica e uma vítima do sistema de justiça", frisam os especialistas, que são mandatados pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU mas não falam em nome da organização.
Por isso, "a sua execução seria uma injustiça profunda", acrescentam.
Segundo aqueles responsáveis, a jovem, que é analfabeta e não teve acesso a um advogado, foi forçada a assumir total responsabilidade pela morte do marido. A família da vítima concordou em renunciar à sua execução mas sob a condição de de lhe pagarem 90.000 dólares (77.081 euros), "dinheiro de sangue", uma prática autorizada pela lei Sharia iraniana, um montante demasiado elevado segundo os peritos da ONU, ou seja, a jovem corre o risco de ser executada "porque não tem meios para pagar pela sua vida", alertam.
Quase metade das 241 mulheres executadas no Irão entre 2010 e 2024 foram condenadas por homicídio, principalmente do seu marido ou parceiro, realçam. E "muitas destas mulheres foram vítimas de violência doméstica ou de casamento na infância, ou agiram em legítima defesa", sustentaram.
O Irão é o segundo país do mundo em termos de número de execuções, depois da China, segundo grupos de defesa dos direitos humanos, incluindo a Amnistia Internacional.
Irão classifica apreensão de petroleiro venezuelano pelos EUA como "pirataria"
As autoridades do Irão classificaram hoje a apreensão pelos Estados Unidos da América (EUA) de um navio-petroleiro venezuelano, carregado de combustível, como "pirataria de Estado" e pediram tomada de posição das instituições internacionais.
"A ação da Marinha dos EUA contra um navio comercial que transportava petróleo venezuelano perto da costa da Venezuela é pirataria de Estado", disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano, Ismail Baghaei, em comunicado.
O chefe da diplomacia persa frisou que "invocar leis internas dos EUA e sanções ilegais não pode justificar ou alterar a natureza ilegal deste roubo armado no Mar".
Baghai acrescentou que a apreensão de navios mercantes pertencentes a outros países constitui "um desrespeito ao direito internacional e uma violação dos princípios que garantem a segurança da navegação internacional", sublinhando eventuais consequências para a Paz, segurança e comércio internacionais.
Segundo o jornal norte-americano New York Times, o petroleiro Skipper, navegava sob pavilhão falso da Guiana, foi apreendido por ordem de um juiz americano devido a suspeitas anteriores de contrabando de petróleo iraniano, sancionado por Washington.
O Irão, um dos principais aliados da Venezuela, tem denunciado repetidamente a atitude "intimidante", "intervencionista" e "perigosa" da Casa Branca em relação a Caracas nos últimos meses.
Quinta-feira, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, acusou os EUA de quererem roubar o petróleo da Venezuela, depois das forças armadas norte-americanas terem intercetado e confiscado o referido navio, em águas caribenhas.
Maduro disse ainda que os tripulantes do petroleiro estão desaparecidos e anunciou que irá denunciar o incidente aos organismos internacionais para garantir a segurança de todas as embarcações venezuelanas e o livre-comércio.
Maduro afirmou que o navio transportava 1,9 milhões de barris de petróleo, já pagos, sem especificar qual o comprador, antes de partir da Venezuela.
Na quarta-feira, a Presidência dos Estados Unidos anunciou que o petroleiro será encaminhado para um porto norte-americano para que o crude possa ser apreendido.
Prémio Nobel da Paz Narges Mohammadi detida no Irão
Narges Mohammadi foi detida no Irão, onde se encontrava em liberdade provisória por motivos de saúde.
A laureada com o Prémio Nobel da Paz de 2023, Narges Mohammadi, foi detida no Irão, onde se encontrava em liberdade provisória por motivos de saúde, anunciou hoje a fundação iraniana criada em seu nome.
"A Fundação Narges Mohammadi anunciou ter recebido informações credíveis de que Narges Mohammadi foi violentamente detida pelas forças de segurança e pela polícia há cerca de uma hora, durante a cerimónia do sétimo dia em memória de Khosrow Alikordi", um advogado falecido na semana passada, indicou o comité por volta das 13h00 de Lisboa.
A advogada francesa de Narges Mohammadi, Chirine Ardakani, confirmou igualmente a informação à agência noticiosa France-Presse (AFP).
Libertada mulher condenada à morte por matar marido com quem casou aos 12
O Irão libertou uma mulher condenada à morte pelo assassínio do marido abusivo, com quem foi forçada a casar em criança, indicaram hoje ativistas de direitos humanos.
As autoridades iranianas confirmaram a libertação de Goli Kuhkan, de 25 anos, que estava detida na província do Gulistão, no norte do país.
A sua condenação foi anulada esta semana, na sequência de um acordo com a família do marido violento.
Goli Kuhkan, membro da minoria baluchi e sem documentos, seria executada pelo assassínio em 2018 do marido, violento em relação a ela e ao filho de ambos, segundo organizações de defesa dos direitos humanos.
De acordo com a organização não-governamental (ONG) Iran Human Rights (IHR), com sede na Noruega, Kuhkan escapou à execução e foi libertada após o pagamento do "preço do sangue", uma prática permitida pela 'sharia' (lei islâmica) iraniana, que serviu para indemnizar a família do marido.
O chefe da jurisdição do Gulistão, Heydar Asiabi, citado pela televisão estatal iraniana, indicou que Goli Kuhkan foi libertada na quinta-feira.
A estação televisiva exibiu uma foto sua, envergando um chador, de costas para a câmara, ao lado de autoridades.
Especialistas em direitos humanos da ONU tinham apelado na semana passada ao Irão para que suspendesse a execução da jovem.
Obrigada a casar aos 12 anos com o primo, deu à luz um filho aos 13 anos, segundo os especialistas da ONU, que afirmaram que esta trabalhadora rural foi alvo de violência física e psicológica durante vários anos.
Em maio de 2018, quando tinha 18 anos, "o marido espancou-a, assim como ao filho de cinco anos. Depois de ela ter ligado um familiar a pedir ajuda, iniciou-se uma altercação que resultou na morte do marido", indicaram os especialistas.
Mai Sato, relatora especial da ONU sobre a situação dos direitos humanos no Irão, saudou "uma vida salva", mas condenou o facto de, naquele país, a violência conjugal e o casamento forçado de crianças "não serem considerados crime".
Segundo a IHR, mais de 40 mulheres foram executadas no Irão desde o início deste ano, muitas delas vítimas de casamentos infantis forçados ou de violência conjugal.
As condenações à pena de morte aumentaram em 2025 no Irão, com pelo menos 1.426 pessoas enforcadas, segundo a contagem do IHR no final de novembro.
Autoridades iranianas confirmam detenção da Nobel da Paz Narges Mohammadi
O Irão confirmou hoje a detenção da laureada com o Nobel da Paz Narges Mohammadi, juntamente com outros ativistas, durante uma cerimónia em memória de um advogado de direitos humanos, alegadando dever-se ao uso de 'slogans' proibidos.
"Esta detenção temporária foi realizada por ordem do Ministério Público e teve como motivo a expressão de 'slogans' que violavam as normas", declarou Hassan Hosseini, governador de Mexede, na província de Coração Razavi, no nordeste do Irão, próximo das fronteiras com o Afeganistão e com o Turquemenistão.
Citado pelo diário local Jorassan, Hosseini explicou que o Conselho de Segurança da cidade tinha previamente coordenado a presença destas pessoas no funeral de Khosrow Alikordi, advogado de direitos humanos encontrado morto na semana passada, realizado numa mesquita em Mexede, "sob o compromisso de realizar o evento num ambiente tranquilo".
No entanto, argumentou, "um grupo não respeitou esse ambiente e começou a entoar palavras de ordem fora da mesquita", pelo que o Ministério Público acabou por intervir, detendo Mohammadi e outras pessoas "para evitar problemas maiores" e com o objetivo de "proteger os próprios detidos".
"Outras fações poderiam ter reagido e provocado confrontos", acrescentou o governador.
Horas antes, a Fundação Narges, gerida pela família da Nobel desde Paris, tinha informado da sua detenção "violenta", juntamente com os ativistas Asadollah Fakhimi, Akbar Amini, Hasan Bagherinia e Abolfazl Abri.
Mohammadi proferiu um discurso no evento e entoou palavras de ordem como "Viva o Irão", segundo vídeos divulgados na conta pessoal na rede social X.
Outras imagens mostram os presentes a gritar 'slogans' contra a República Islâmica, incluindo "Morte ao ditador".
As famílias de Sepideh Qolian, Pouran Nazemi, Hasti Amiri e Aliyeh Motalebzadeh também confirmaram as respetivas detenções.
A laureada com o Nobel da Paz 2023 encontrava-se em liberdade condicional e, no final de novembro, denunciou publicamente que as autoridades iranianas lhe tinham proibido de forma "permanente" sair do país e que não lhe emitiam passaporte para poder visitar os seus dois filhos, que não vê há 11 anos.
Mohammadi, de 53 anos, encontra-se fora da prisão há um ano, quando foi libertada por motivos médicos. A ativista foi detida por 13 vezes, condenada em nove ocasiões e esteve encarcerada pela última vez em 2021.
Apesar das condenações e da prisão, a ativista de direitos humanos e direitos das mulheres tem continuado a denunciar as violações de direitos humanos no Irão, incluindo a aplicação da pena de morte e a violência contra mulheres que não usam o véu islâmico, o 'hijab'.
Três membros das forças de segurança e um civil foram mortos num ataque a um posto de controlo no sul do Irão, anunciaram hoje as autoridades iranianas, que atribuíram o incidente a "elementos terroristas".
Os confrontos ocorreram num posto de controlo de Fahraj, no leste da província de Kerman, segundo um comunicado dos Guardas da Revolução divulgado pela agência de notícias oficial IRNA.
"O incidente ocorreu ontem [segunda-feira] à noite durante confrontos entre elementos terroristas e as forças estacionadas no posto de controlo", declarou a polícia de Kerman num comunicado separado, também citado pela agência de notícias France-Presse (AFP).
Fahraj localiza-se perto da província de Sistão-Baluchistão (sudeste), na fronteira do Irão com o Paquistão e o Afeganistão.
É uma região onde ocorrem com regularidade confrontos entre as forças de segurança, rebeldes da minoria balúchi, grupos sunitas radicais e também traficantes de droga.
Pugilista iraniano condenado à morte em risco de "execução iminente"
Um pugilista iraniano condenado à morte por pertencer a uma organização ilegal arrisca uma execução "iminente", após rejeitado o seu pedido de um novo julgamento, alertaram hoje organizações não-governamentais (ONG) e a oposição no exílio.
O Conselho Mundial de Boxe (WBC), uma das principais federações internacionais de boxe, e personalidades desportivas, entre as quais a ex-tenista 'número um' do mundo Martina Navratilova, apelaram ao Irão para poupar Mohammad Javad Vafaei-Sani, de 30 anos, vice-campeão nacional de boxe.
O pugilista foi detido em 2020, por ter participado em protestos antigovernamentais em 2019, acusado de ser membro do People's Mojahedin (MEK), organização proibida no Irão, e condenado à morte por "corrupção no terreno".
Esta semana, foi informado de que o seu pedido de um novo julgamento foi rejeitado pelo Supremo Tribunal iraniano e de que o seu caso foi transferido para o gabinete encarregado da execução das sentenças, indicou a ONG Human Rights Activists News Agency (HRANA), sediada nos Estados Unidos.
A comunicação social oficial iraniana não noticiou hoje o assunto.
Ao mesmo tempo, a mãe do pugilista foi "inesperadamente autorizada" a visitá-lo na prisão, observou a HRANA.
É comum no Irão que familiares possam fazer uma última visita aos condenados quando a data da sua execução se aproxima.
"A sua vida está agora em grande perigo", reagiu o Conselho Nacional de Resistência do Irão (NCRI), o braço político do MEK, num comunicado.
O porta-voz do NCRI, Shahin Ghobadi, indicou que o pugilista era "membro" da organização e que as autoridades tentaram obrigá-lo a desligar-se dela através do "uso intensivo de tortura".
Mahmood Amiry-Moghaddam, diretor da ONG Iran Human Rights, com sede na Noruega, disse que o lutador de boxe corria risco de "execução iminente" e que tinha sido "torturado para lhe arrancarem confissões à força".
Em novembro, mais de 20 atletas, entre os quais a ex-tenista norte-americana Martina Navratilova e a ex-nadadora britânica Sharon Davies, instaram, num comunicado, os respetivos Governos a agir para salvar Mohammad Javad Vafaei-Sani, argumentando que a sua execução funcionaria como "um aviso para qualquer atleta que ousasse tomar uma posição".
O presidente do Conselho Mundial de Boxe, Mauricio Sulaiman Saldivar, também considerou que tal execução seria um ataque aos "valores fundamentais do desporto e da dignidade humana".
Segundo as ONG, está desde junho em curso uma maior repressão no Irão, com um aumento do recurso à pena de morte.
De acordo com a IHR, pelo menos 1.426 pessoas foram enforcadas de janeiro ao final de novembro de 2025.
O Irão executou hoje um homem acusado de espiar para o serviço de informações israelita, a Mossad, anunciou o poder judicial da República Islâmica.
Aghil Keshavarz foi "condenado por espionagem para o regime sionista [Israel], por ligações e cooperação com o referido regime e pela recolha de imagens de instalações militares e de segurança", disse a justiça de Teerão.
A sentença de morte foi executada após ser confirmada pelo Supremo Tribunal, anunciou a agência Mizan, o órgão oficial do poder judicial do país.
Esta execução eleva para 16 o número de pessoas enforcadas no Irão acusadas de espionagem a favor de Israel desde a guerra de 12 dias travada pelos dois países em junho, segundo a agência de notícias espanhola EFE.
Keshavarz foi detido em maio em Urumia, no noroeste do país, quando agentes de segurança o surpreenderam a tirar fotografias do quartel-general de uma divisão de infantaria da cidade, precisou a Mizan.
Afirmou que tinha viajado para Urumia para participar num congresso científico, mas descobriu-se no telemóvel "uma mensagem proveniente de um número ligado ao regime sionista".
"Posteriormente, na busca efetuada à sua residência, foram obtidos mais documentos e provas", explicou a justiça iraniana, que descreveu Keshavarz como "um agente da Mossad".
A Mizan acrescentou que o condenado admitiu ter colaborado com a Mossad "com a intenção de prejudicar a República Islâmica e de lhe fornecer informações do país".
O Irão e Israel entraram em guerra em 13 de junho, após um ataque sem precedentes de Israel contra instalações militares e nucleares no território iraniano, bem como zonas habitadas.
O conflito durou 12 dias e os Estados Unidos participaram brevemente para atacar três importantes instalações nucleares iranianas.
Um cessar-fogo está em vigor desde 24 de junho.
O Irão acusa há muito tempo Israel, país que não reconhece, de realizar operações de sabotagem contra as instalações nucleares e de assassinar cientistas iranianos.
Teerão promulgou em outubro uma lei que endureceu as punições por espionagem a favor dos Estados Unidos e de Israel, estabelecendo a pena de morte para atos contra a segurança do país.
A lei passou a incluir penas de prisão pelo uso de serviços de satélite como a Starlink ou pela colaboração com meios de comunicação estrangeiros considerados hostis.
Personalidades femininas pedem ao Irão que suspenda execução de Tabari
Mais de 400 personalidades femininas de todo o mundo, incluindo quatro prémios Nobel e várias ex-presidentes e chefes de Governo, pediram hoje ao Irão que liberte imediatamente a ativista Zahra Tabari, temendo a sua iminente execução.
Zahra Tabari, uma mãe de 67 anos, foi condenada à morte em outubro passado, após um "julgamento simulado de dez minutos realizado por videoconferência sem a presença do seu advogado", segundo uma carta assinada por estas personalidades.
O texto especificou que Tabari enfrenta a pena de morte "por segurar uma faixa com a inscrição 'Mulher, Resistência, Liberdade', provavelmente derivada da frase 'Mulher, Vida, Liberdade'" que ganhou popularidade durante a onda de protestos de 2022 no Irão.
Elaborada pela associação de familiares das vítimas "Justiça para as Vítimas do Massacre do Irão de 1988", com sede em Londres, a carta foi assinada por ex-presidentes da Suíça e do Equador e ex-primeiras-ministras da Finlândia, Peru, Polónia e Ucrânia.
"Exigimos a libertação imediata de Zahra e apelamos aos governos de todo o mundo para que se solidarizem com as mulheres iranianas na sua luta pela democracia, igualdade e liberdade", referiu a carta.
O documento foi também assinado por juízas, diplomatas, membros do parlamento e outras figuras públicas, como a filósofa francesa Elisabeth Badinter.
Os meios de comunicação estatais iranianos não mencionaram o caso nem confirmaram a sentença de morte de Tabari, mas um grupo de oito peritos independentes da ONU confirmou hoje a sentença --- com base apenas numa faixa e numa mensagem áudio não divulgada --- e exigiu que o Irão "suspenda imediatamente" a sua execução.
Estes peritos, mandatados pelo Conselho dos Direitos Humanos da ONU, mas não agindo em seu nome, sublinharam que o Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos - ratificado pelo Irão - limita, em princípio, a aplicação da pena de morte aos "crimes mais graves".
Contudo, "este caso não envolve homicídio doloso e apresenta numerosas irregularidades processuais", sublinharam, concluindo que "a morte de Tabari nestas circunstâncias constituiria uma execução arbitrária".
A carta assinada por mais de 400 mulheres destacadas recorda e denuncia o terror que as mulheres têm sofrido durante décadas no Irão, o país que executa o maior número de mulheres 'per capita' no mundo.
De acordo com a organização Iran Human Rights (IHR), sediada na Noruega, as autoridades iranianas executaram este ano mais de 40 mulheres.
A carta afirma ainda que Tabari é acusada de colaborar com a organização de oposição Mujahedin do Povo (MEK), que está proibido do Irão.
O MEK disse à agência de notícias AFP que Tabari está entre os 18 ativistas atualmente condenados à morte no Irão pela sua filiação no grupo.